Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa do candidato a Presidente da República, Senador José Serra, em decorrência da tentativa de envolvimento de S.Exa. no episódio descrito em reportagem da revista Veja. (como Líder)

Autor
Geraldo Melo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RN)
Nome completo: Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Defesa do candidato a Presidente da República, Senador José Serra, em decorrência da tentativa de envolvimento de S.Exa. no episódio descrito em reportagem da revista Veja. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2002 - Página 7471
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, APURAÇÃO, DENUNCIA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PUNIÇÃO, RESPONSAVEL, RECEBIMENTO, PROPINA, PRIVATIZAÇÃO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), REPUDIO, TENTATIVA, INCLUSÃO, CORRUPÇÃO, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO.

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O SR. GERALDO MELO (Bloco/PSDB - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ouvi, com respeito e atenção, como de costume, a intervenção da Senadora Heloísa Helena e o aparte do Senador Eduardo Suplicy.

Consciente de que este é um assunto que pode ensejar um festival de intervenções, conversas e holofotes, desejo apresentar, no primeiro momento em que o assunto chega à Casa, uma posição bastante clara.

Srªs e Srs. Senadores, pertenço a um Partido de apoio a um Governo que, em momento algum, opôs-se à averiguação de qualquer tipo de denúncia ou ao esclarecimento de qualquer tipo de assunto.

Este País tem um Ministério Público, que, apesar dos exageros que comete aqui e ali, tem prestado um grande serviço para a moralização dos nossos costumes, tanto na administração pública como na atividade política. Este País tem Justiça funcionando, com todas as garantias constitucionais. Este País tem Polícia. Se alguém cometeu algum tipo de deslize mais ou menos grave, se alguém saiu por aí pedindo bola, pedindo comissão, pedindo propina, por esse ou por aquele motivo, se isso foi pago ou não, se alguém entende que isso envolve interesse público, que seja apurado. E se alguém for encontrado em culpa, que seja punido.

Dito isso, eu também preciso dizer que não é possível que vivamos ainda num País em que, em um episódio em que o nome do Senador José Serra não foi sequer mencionado, em que ninguém até agora falou que ele tenha tido conhecimento, tenha participado de um lado, tenha participado do outro, para dizer a alguém que peça, que não peça, que pague, que não pague, que ele esteve presente em algum desses episódios... O que isso tem a ver com o Senador José Serra? A não ser o interesse de transformar nossos deveres constitucionais em pretexto para criar palanque eleitoral, eu não vejo nenhum motivo para que um homem com 40 anos de vida pública, que se apresenta como candidato a Presidente da República - e a única coisa que se disse contra ele é que é antipático -, eu não posso admitir que alguém com a história de José Serra, com a integridade de José Serra seja caluniado e insultado gratuitamente. Que vivamos num País onde não vale a pena então ser honrado? Então não vale a pena ter integridade? Então não vale a pena viver uma vida inteira de seriedade, de austeridade, por que qualquer irresponsável pode jogar na cara de um homem de bem suspeitas infundadas?

Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, em nome do meu Partido, eu quis fazer esta intervenção para dizer, em síntese, isto: se houver o que apurar, neste caso ou em qualquer outro, que se apure; se houver alguém para punir, neste caso ou em qualquer outro, que se puna. Mas que se respeite a integridade dos outros e que não se venha agora envolver ou procurar envolver um homem da envergadura moral, da envergadura política, da seriedade de José Serra com um episódio menor dessa qualidade, do qual ele não é parte. Ele é parte tanto quanto todos os que aqui estão, pois ninguém aqui foi citado naquele episódio. Nem ele. E a não ser por interesse político-eleitoral, não existe nenhuma outra razão para que o Senador José Serra seja ao menos incomodado neste episódio. O fato de quererem ligá-lo a esse cidadão que um dia tenha tido a posição de colaborador em campanhas eleitorais não o torna responsável pelo comportamento dele. Esse cidadão pode ter sido tesoureiro, pode ter sido arrecadador, pode ser irmão, pode ser gêmeo, pode ser pai, pode ser filho, pode ser o que for do Senador José Serra, mas José Serra é responsável pelo que José Serra faz e não pelo que possam ter feito, ou que se possa insinuar que fizeram quaisquer pessoas que tenham tido, em algum momento, algum tipo de relação com o Partido a que ele pertence.

Lembrem-se de que o episódio referido agora pela imprensa não ocorreu em ano eleitoral. Não havia campanha em marcha, portanto, não havia tesoureiro de José Serra nessa ocasião neste País.

Tudo que peço a esta Casa e ao Brasil é que, se tiverem que apurar que apurem, mas que respeitem a honra de quem soube ser honrado a vida inteira.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2002 - Página 7471