Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Caracterização da sucessão presidencial pela guerra de intrigas e denúncias. Apelo ao presidente Fernando Henrique Cardoso para que retire a candidatura de José Serra ao Palácio do Planalto. (como Líder)

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Caracterização da sucessão presidencial pela guerra de intrigas e denúncias. Apelo ao presidente Fernando Henrique Cardoso para que retire a candidatura de José Serra ao Palácio do Planalto. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2002 - Página 7474
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, CARACTERIZAÇÃO, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CONFLITO, DIFAMAÇÃO, CANDIDATO.
  • SOLICITAÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RETIRADA, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • APOIO, DISCURSO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, SUGESTÃO, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, PRIVATIZAÇÃO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD).

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O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, as sucessivas denúncias estampadas nos veículos de comunicação não apenas estarrecem, mas surpreendem grande parte da população. É a volta do cipó de aroeira, que bateu em quem mandou bater.

Recentemente, uma candidata teve que renunciar a peso de uma estratégia muito bem elaborada por um comando de inteligência - e todo o País tomou conhecimento -, em que estava envolvido R$1,2 milhão.

Hoje, lamentavelmente, surge um novo escândalo, alicerçado pelo grande comando da inteligência de informações e contra-informações que não conseguiu deter os graves acontecimentos que estão vindo à tona.

Não demora muito, Sr. Presidente, teremos também o paladino da moralidade - que hoje ergue a bandeira da probidade, da honestidade -, o candidato à Presidência do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. É o próximo que estará dentro da grande guerra estabelecida pela sucessão eleitoral.

É lamentável esse espetáculo de corrupção, de difamações, de intrigas da grande guerra que se aproxima. Estamos próximos a ela. Imagine o que vai ocorrer nas eleições estaduais, se a eleição presidencial já está desse jeito!

Acredito na lei de talião: quem com ferro fere, com ferro será ferido. A lei tarda, principalmente a divina, mas é justa. Aqueles que se utilizam do instrumento da difamação e da maldade para tentar derrotar os seus adversários de forma desonesta têm que pagar, e pagarão.

Durante todos esses longos anos, demos apoio irrestrito à política de saneamento do país, que foi estabelecida e efetivada com sucesso. Faço um apelo ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, que sempre contou com o nosso apoio e respeito, e o faço por mim e por grande parte dos meus colegas do PMDB: a candidatura de José Serra deve ser retirada imediatamente, porque essa é a ponta do iceberg. Nesse caminho, José Serra fez uma enormidade de adversários neste País - as pesquisas estão aí para mostrar.

Presidente Fernando Henrique, é hora de reavaliar o quadro e de buscar uma alternativa para reaglutinar forças. José Serra deve retirar sua candidatura não só por ser o príncipe da antipatia nacional, mas principalmente por ser o mentor desse tipo de política que está sendo desencadeada. E isso vai em cima de todos os candidatos à Presidência da República.

Lembro-me, Sr. Presidente, de um episódio ocorrido aqui no Senado por ocasião da escolha de um embaixador. Estava aqui o ex-Ministro Serra, Senador desta Casa, quando se lembrou de fato ocorrido há 25 anos, quando estava exilado. Lembrou-se S. Exª que um servidor da embaixada o tinha tratado, segundo ele, de forma deselegante. E veio aqui com a faca em punho. Desde aquele dia o Senador Serra perdeu o meu respeito. O servidor naquela época estava a trabalhar, a prestar o seu serviço, e o perdão, o respeito, cabe só aos grandes.

Deus nos proteja, Deus nos guarde dessa nova onda inaugurada por José Serra ao utilizar a máquina do Governo para massacrar os seus governos. Os acontecimentos fazem-me lembrar do caso PC Farias, o “alto comando escandaloso”, que trouxe o impeachment de Collor. Não é este o caso, mas todos sabem neste País que lá, no Ministério da Saúde, estava o alto comando com ramificação em São Paulo.

Sabe o que é que se diz à boca pequena, Sr. Presidente? Que já são 500 bilhões de dólares em caixa. É preciso esclarecer ao País quanto a esse dinheiro. Quero me congratular com o Senador Eduardo Suplicy, que disse ser preciso começar a ouvir.

Antes que isso ocorra, porém, faço um apelo ao Presidente da República, por quem tenho o maior respeito: Senhor Presidente, é hora de tomar as providências! Se o Ministro José Serra tiver dignidade, deve ser o primeiro a renunciar, porque já não se justifica a sua candidatura perante o País.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2002 - Página 7474