Pronunciamento de Mozarildo Cavalcanti em 07/05/2002
Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações sobre a falta de perspectiva dos jovens em obter emprego.
- Autor
- Mozarildo Cavalcanti (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
- Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA DE EMPREGO.:
- Considerações sobre a falta de perspectiva dos jovens em obter emprego.
- Publicação
- Publicação no DSF de 08/05/2002 - Página 7494
- Assunto
- Outros > POLITICA DE EMPREGO.
- Indexação
-
- GRAVIDADE, SITUAÇÃO, DESEMPREGO, AMERICA LATINA, PAIS EM DESENVOLVIMENTO, APREENSÃO, POPULAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, JUVENTUDE, AUSENCIA, RECURSOS, PREPARAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PRIORIDADE, SETOR PUBLICO.
- REGISTRO, DADOS, PESQUISA, DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATISTICA E ESTUDOS SOCIO ECONOMICOS (DIEESE), INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), AUMENTO, DESEMPREGO, REGIÃO METROPOLITANA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESPECIFICAÇÃO, JUVENTUDE, EFEITO, GLOBALIZAÇÃO, REPRESSÃO, ECONOMIA, DISPENSA, MÃO DE OBRA, INEXISTENCIA, ESTABILIDADE, EMPREGO.
- COMENTARIO, IMPRENSA, APRESENTAÇÃO, PROPOSTA, PARCERIA, IGREJA CATOLICA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO FEDERAL, CRIAÇÃO, PROGRAMA, TREINAMENTO, DESEMPREGADO, REINCLUSÃO, MERCADO DE TRABALHO, APOIO, ADOÇÃO, ESTADOS, MUNICIPIOS, SOCIEDADE CIVIL.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PFL - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, segundo estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), o desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu em março 19,9% da População Economicamente Ativa (PEA). Isso significa aproximadamente 1.838.000 pessoas desempregadas só naquela região e um crescimento de 4,2% em relação ao resultado de fevereiro de 2002, bem como um aumento de 15% em relação ao mês de março de 2001.
Em apenas um ano mais 277 mil pessoas ficaram desempregadas na Região Metropolitana de São Paulo, o que representa uma verdadeira tragédia econômica, social e política. Nada mais destrutivo, nada mais catastrófico na vida de uma pessoa do que perder a condição de sustentar a si e aos seus familiares.
É impossível mensurar todos os efeitos negativos, pessoais e familiares na vida de quase dois milhões de pessoas que perderam muito da condição de cidadão em decorrência do desemprego.
Certamente, a inflação é um desgraça, porque reduz drasticamente o poder de compra de todos os assalariados; no entanto, o desemprego muito se aproxima de uma sentença de morte, pois reduz a renda a zero, avilta e degrada o ser humano.
Basta olharmos o exemplo dos nossos vizinhos argentinos - a situação triste e humilhante de pessoas idosas, tentando retirar seus recursos que estão aprisionados nos bancos - para termos uma idéia da dificuldade dos desempregados, daqueles que perderam sua fonte de renda ou que não podem ter acesso legítimo a seus recursos financeiros.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a grave crise do desemprego, que assola praticamente toda a América Latina e países em desenvolvimento, gera medo e incerteza em toda a população, principalmente nos jovens, naqueles que ainda não conseguiram o primeiro emprego e que estão tentando ingressar no difícil mercado de trabalho que hoje todos enfrentam.
Os países ricos dispõem de recursos financeiros abundantes e podem oferecê-los para compensar o desemprego de sua população.
Nossa maior preocupação é com os jovens, com aqueles que amanhã estarão à frente das decisões do Brasil e hoje não encontram os meios necessários para sua preparação, para a sua manutenção econômica nem para ganhar a experiência necessária ao desenvolvimento profissional.
Pesquisa realizada pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) demonstra que 42% dos jovens têm medo de ficar sem trabalho ao sair da faculdade: vêem incerteza no futuro e estão preocupados com a carreira, com uma profissão.
Foram ouvidos 500 estudantes entre 16 e 25 anos de idade que procuraram aquela entidade em busca de um estágio profissional.
As chances para os jovens são muito limitadas: os dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram um crescimento muito acentuado do desemprego na faixa dos 18 aos 24 anos, que passou de 9,6% para 14,6%, no período de 1992 a 1999.
Os efeitos da globalização e o baixo índice de crescimento da economia nos últimos anos só agravam o problema: as grandes empresas cada vez mais se automatizam, eliminam postos de trabalho, numa política deliberada de aumento de lucros e redução exagerada de custos, fazendo recair sobre a mão-de-obra grande parte do ônus.
É muito comum, hoje, empresas reduzirem o quadro de pessoal em níveis elevados e obrigarem os demais funcionários (aqueles que ficam na empresa, com medo de perder o emprego) a suportarem a carga de trabalho daqueles que foram despedidos.
Nos bancos, vemos o automatismo destruindo empregos de forma vertiginosa: os tais caixas automáticos não apenas dispensam funcionários mas também obrigam o cliente a realizar tarefas antes realizadas pelos empregados dos bancos. Então, os bancos aumentam seus lucros, dispensam funcionários, e os clientes passam a trabalhar de graça para os banqueiros.
Fala-se muito hoje que o emprego tradicional, aquele que existia no Japão, em que o funcionário ingressava numa empresa por toda a vida, não mais existe. O máximo que existe é o conceito de empregabilidade: pessoas que possuem os pré-requisitos mínimos necessários para serem admitidas no quadro de pessoal de determinada empresa, como estagiário ou numa função mais estável, porém sempre com o suposto de temporariedade e até mesmo de precariedade.
O desemprego, principalmente entre os jovens, entre aqueles que estão concluindo seus cursos de graduação e cursos profissionais, é um problema que deve ser prioridade para todos nós que temos responsabilidade pública. Não podemos admitir que nossos jovens percam a esperança, que encarem o futuro como uma desgraça. O Brasil é um país de jovens. Apesar de tudo, o Brasil continua a ser o “País do Futuro”.
A imprensa noticia que o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, apresentou ao Presidente Fernando Henrique Cardoso uma proposta de parceria da Igreja com o Governo Federal para criar um programa de treinamento de desempregados em São Paulo, a fim de que essas pessoas, esses novos irmãos, possam ser treinados, capacitados e reinseridos no mercado de trabalho.
Idéias como essa devem ter nosso apoio, devem ser estimuladas e devem ser adotadas por Estados, Municípios e entidades da sociedade civil, tal como se fez na campanha contra a fome liderada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.
Nossa juventude merece todo o nosso esforço, para que todos os jovens possam conquistar um primeiro emprego, ter uma vida profissional saudável e produtiva e contribuir para a construção de um Brasil melhor, mais justo, mais humano e mais próspero.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
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