Discurso durante a 58ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Elogios à iniciativa do Ministério da Justiça e do Denatran em regulamentar o uso de radares em vias públicas.

Autor
Lindberg Cury (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Lindberg Aziz Cury
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Elogios à iniciativa do Ministério da Justiça e do Denatran em regulamentar o uso de radares em vias públicas.
Publicação
Publicação no DSF de 11/05/2002 - Página 7878
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • ELOGIO, INICIATIVA, PRESIDENTE, DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRANSITO (DENATRAN), MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), REGULAMENTAÇÃO, IMPLANTAÇÃO, UTILIZAÇÃO, APARELHO ELETRONICO, CONTROLE, VELOCIDADE, TRANSITO, COMBATE, EXCESSO, MULTA, LUCRO, ARRECADAÇÃO, PREJUIZO, MOTORISTA, BENEFICIO, EMPRESA, INSTALAÇÃO, RADAR.
  • APOIO, PROGRAMA, ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL, TRANSITO.
  • DEFESA, AUSENCIA, VARIAÇÃO, VELOCIDADE, VIA PUBLICA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).
  • CONGRATULAÇÕES, MIGUEL REALE, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), JORGE GUILHERME FRANCISCO, DIRETOR, DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRANSITO (DENATRAN), INICIATIVA, BENEFICIO, POPULAÇÃO, PAIS.

O SR. LINDBERG CURY (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Marluce Pinto, Srªs e Srs. Senadores, no dia 13 de abril passado, subi a esta tribuna para cobrar do Detran providências com vistas a melhorar o trânsito da nossa cidade, Brasília.

Lembrei, na ocasião, que muitas vias estavam com limites de velocidades diferentes em vários trechos, o que confundia os motoristas, levando-os a serem apenados injustamente com multas. Citei, aqui, o caso da Avenida das Nações, em que o limite de velocidade varia de 60 a 80 quilômetros por hora, dependendo do trecho, mesmo não sendo área de trânsito de pedestres, em que o limite da velocidade varia de 60 a 80 quilômetros por hora. Critiquei, também, a indústria das multas, em que os radares eram instalados em locais não visíveis pelos motoristas, sem qualquer sinalização, num flagrante desrespeito à legislação.

Pois bem, hoje, venho aqui não para criticar ou cobrar alguma coisa. Venho para elogiar uma resolução do Denatran, o nosso Departamento Nacional de Trânsito, anunciada na quarta-feira, que regulamenta o uso de radares, os populares pardais, em vias públicas. A justificativa apresentada pelo Denatran é que “havia sérios indícios de existência de um círculo vicioso onde a multa era a única razão de existência de um pardal na via”.

A decisão veio em boa hora. É preciso acabar com o círculo vicioso das multas, que só beneficia as empresas que cuidam dos pardais. Para essas empresas, que ganham porcentagem em cima de cada infração emitida, não interessa o sentido educativo do trânsito, mas sim a multa pura e simples. Quanto mais multas houver, mais aumenta o seu faturamento. Para se ter uma idéia, para cada multa emitida as empresas controladoras do sistema faturam cerca de R$ 40. É um absurdo que deve ser combatido por todos nós.

Na verdade, temos que dar um sentido educativo aos programas de trânsito. Precisamos mostrar ao motorista o risco que ele corre e o risco que ele está levando a outras pessoas quando transita em velocidade inadequada, principalmente nas vias públicas da nossa Capital. Não estou aqui defendendo a impunidade e muito menos a liberação do limite da velocidade nas ruas - quero deixar isso bem claro -, colocando em perigo a vida de pedestres e de outros motoristas. Mas a multa deve ser utilizada apenas como recurso último, quando as outras alternativas falharem.

Registro que fui uma das primeiras pessoas que apoiaram a instalação dos redutores de velocidade em Brasília, em 1994, quando ocupava o cargo de Presidente da Associação Comercial do Distrito Federal. Só não concordei com a sua banalização, o que aconteceu a seguir e só beneficiou as empresas que controlavam o sistema. Hoje, Brasília convive com 274 pardais e lombadas eletrônicas. É bom repetir: Brasília convive com 274 pardais e lombadas eletrônicas.

Srª Presidente, Srs. Senadores, faço aqui um elogio ao Ministro da Justiça, Dr. Miguel Reale Júnior, e ao diretor do Denatran, Jorge Guilherme Francisconi, que tiveram a sensibilidade de perceber os erros que vinham sendo cometidos pelo País afora. Esses erros só beneficiavam a indústria das multas.

Agora, pela resolução do Denatran, Estados e Prefeituras terão um prazo de 60 dias para explicar ao Departamento Nacional de Trânsito os critérios usadas para implantação de radares e lombadas eletrônicas nas vias públicas. Além disso, os equipamentos só poderão permanecer no local se o órgão público dispuser de um estudo técnico mostrando o índice de acidentes ocorridos na via, o volume de veículos que trafegam pelo local, o potencial de risco para a população e se existe alguma escola nas imediações. Nesse último caso, o Detran vai ter que tomar as devidas providências, principalmente os Detrans locais.

Srª Presidente, aqui em Brasília, temos acompanhado e observado, com certa estranheza, principalmente no Lago Sul, que as velocidades variam - em alguns locais são 60 km e em outros, 50 km. Sessenta quilômetros numa via aberta, sem tráfego, sem pessoas atravessando de um lado para outro é uma velocidade realmente pequena, mas, em determinados locais, essa velocidade cai para 50 km/h. Isso é uma perturbação, é um atraso para quem dirige. É verdade que temos que coibir a velocidade excessiva, mas é importante também que essas multas sejam disciplinadas, porque, em diversos casos, elas têm valores altíssimos, quando um motorista que está dirigindo a 65 km/h é multado com um valor tão elevado que é superior, às vezes, ao valor do próprio carro.

Tenho recebido telefonemas, contatos pessoais e e-mails abordando esse tema, pedindo às nossas autoridades que meditem um pouco a respeito do mesmo. Não deve haver uma necessidade imperiosa de multar, de usar a indústria da multa, sacrificando o povo. Imagino como uma pessoa, por exemplo, com um salário de R$600 por mês poderá pagar uma multa que, às vezes, ultrapassa 50% dos seus rendimentos. Como essa família terá condições de sobreviver?

Por essa razão, quero elogiar a iniciativa do Denatran, por intermédio do seu Presidente, Dr. Francisconi, e do Ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, no sentido de que os “pardais” ou lombadas eletrônicas só poderão ser instalados se houver um critério técnico que justifique a sua necessidade em determinado local. Isso também vale para os radares móveis. Trata-se de uma moralização que há muito a cidade estava a exigir. A cidade está cobrando das suas autoridades essa iniciativa.

Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/05/2002 - Página 7878