Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Saudações ao jornalista Pedro Rogério Moreira pela posse, hoje, na Academia Mineira de Letras. Manifestação de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Sylvestre Ferraz Egreja.

Autor
Francelino Pereira (PFL - Partido da Frente Liberal/MG)
Nome completo: Francelino Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Saudações ao jornalista Pedro Rogério Moreira pela posse, hoje, na Academia Mineira de Letras. Manifestação de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Sylvestre Ferraz Egreja.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2002 - Página 8251
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, POSSE, PEDRO ROGERIO COUTO MOREIRA, JORNALISTA, ACADEMIA DE LETRAS, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ELOGIO, OBRA LITERARIA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, SYLVESTRE FERRAZ EGREJA, EX-DEPUTADO, EX PREFEITO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, VIDA PUBLICA.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DADOS, BIOGRAFIA, PEDRO ROGERIO COUTO MOREIRA, JORNALISTA, SYLVESTRE FERRAZ EGREJA, EX-DEPUTADO, EX PREFEITO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PUBLICAÇÃO, FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV).

O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente Maria do Carmo Alves, que aqui representa Sergipe e os sergipanos e neste momento preside a mais alta Casa do Congresso Nacional, o Senado da República, estou na tribuna para fazer duas comunicações: uma de dor, de pesar pelo falecimento de um homem público eminente; outra, de alegria e de contentamento por ver um eminente mineiro assumir uma Cadeira na Academia Mineira de Letras.

O novo acadêmico é muito conhecido nesta Casa, em todo o Congresso Nacional e em toda a Capital do Brasil. Trata-se do jornalista Pedro Rogério Couto Moreira, que assumirá, hoje à noite, na Academia Mineira de Letras, na rua da Bahia, em Belo Horizonte, exatamente a cadeira de número 38, antes ocupada por seu pai, Vivaldi Moreira.

Ocorrerá, pois, na Academia Mineira de Letras, um fato raríssimo: o filho assumindo a Cadeira deixada pelo pai.

Pedro Rogério reside em Brasília há vários anos, tendo atuado na TV Globo, no Sistema Brasileiro de Televisão, na Rádio Globo e na Radiobrás, ocupará a cadeira nº 38, que pertencia a seu pai, o grande escritor Vivaldi Moreira, falecido no ano passado.

Vivaldi Moreira era um nome-símbolo da Academia Mineira de Letras, graças à projeção que lhe deu. Foi sob a sua presidência que aquela Academia conseguiu uma bela sede e construiu seu auditório.

Em sinal de reconhecimento, ele foi, em 1959, eleito Presidente-Perpétuo da Academia.

            Tão marcante foi sua atuação que a Academia passou a ser identificada pelo seu nome. Como a Academia Brasileira de Letras, no Rio, é chamada de “Casa de Machado de Assis”, em uma alusão ao seu fundador, a de Minas é chamada de “Casa de Vivaldi Moreira”.

            Hoje, o filho de Vivaldi Moreira, Pedro Rogério, passa a ocupar o lugar que pertenceu ao pai: a cadeira que tem por patrona a poetisa Beatriz Brandão e pela qual passaram também Paulo Brandão e Honório Armond.

Pedro Rogério atribui a escolha de seu nome, por unanimidade, a homenagem que os acadêmicos quiseram prestar ao seu pai e ao jornalismo mineiro e brasileiro, o que é uma manifestação de modéstia, porque Pedro Rogério chega à Academia por inegáveis méritos próprios, não somente no jornalismo, mas também na literatura.

Começou no jornalismo em São Paulo, em 1969, no jornal Última Hora, passando depois, no Rio de Janeiro, pelos jornais A Notícia, O Globo e pela TV Globo.

A serviço da TV Globo, viveu dois anos na Amazônia, experiência que inspirou o seu primeiro trabalho literário, chamado Hidrografia Sentimental. Nele, apresenta visão particular do mundo fascinante da Amazônia, descrevendo-a com os sentimentos que ela despertou.

Lançou, depois, mais dois livros: Almanaque do Pedrinho e Bela Noite para Voar. O primeiro é uma coleção de crônicas, com reminiscências da infância em Belo Horizonte; o segundo incursiona um pouco pela história política, referindo-se às rebeliões de setores da Aeronáutica no início do Governo de Juscelino Kubitschek.

Srª Presidente, logo mais à noite, na bela e encantadora rua da Bahia, a mais famosa da capital do meu Estado, a Academia, presidida pelo ex-Senador e escritor Murilo Badaró, receberá o jornalista e escritor Pedro Rogério, que será saudado por Danilo Gomes.

Transmito, desta Casa, em nome da instituição parlamentar do Brasil, ao acadêmico Pedro Rogério, assim como a sua mãe, Brante, e também a José Maria Moreira, que dirige a imprensa oficial de Minas Gerais, o nosso abraço de felicitações, regozijo e orgulho pelo fato de ver uma família composta de pessoas encantadoras e devotadas à cultura no meu Estado e no Brasil.

Nesta hora, a homenagem também é extensiva a toda a Academia Mineira de Letras, que passa a viver grandiosos momentos, já que vai incorporar às suas famosas Cadeiras a pessoa do jornalista Pedro Rogério. É como se ele estivesse entre nós, conversando conosco no Senado da República, porque vive em Brasília.

Um traço que não pode ser esquecido nesta hora é que ele foi, ao lado de José Maria, seu irmão, e Brante, sua mãe, uma pessoa inteiramente devotada ao pai, que tem uma biografia edificante. Pedro Rogério deu-lhe assistência nos momentos de dor e nos últimos dias e instantes de sua vida, grandiosa para Minas Gerais.

Srª Presidente, em seguida a esta homenagem a Pedro Rogério, faço a outra comunicação. Esta, como disse, de dor. Faleceu, em São Paulo, o ex-Deputado Sylvestre Ferraz Egreja, mineiro de Cristina, que completara 100 anos no dia 2 de setembro do ano passado. Sábado será celebrada a missa de Sétimo Dia. É com profundo pesar que registro este fato, este acontecimento doloroso: o falecimento de Sylvestre Ferraz Egreja, ocorrido no último dia 12.

Chegar aos 100 anos é um privilégio, um raro privilégio. Mas chegar aos 100 anos, um pouco mais, com a certeza de que o caminho percorrido foi de trabalho e realizações, de exemplo para as novas gerações, já será um privilégio incomum. Esse é o caso de Sylvestre Ferraz Egreja.

Ferraz Egreja foi cafeicultor, Prefeito, Deputado Estadual e Deputado Federal. Sua vida foi rica em realizações. Ele só teve uma única dúvida nessa longa jornada: saber se continuava sendo um mineiro paulista ou um paulista mineiro. Conheci, na intimidade, no convívio da família e da Câmara dos Deputados, a figura admirável de Sylvestre Ferraz Egreja.

Na década de 70, quando éramos Deputados Federais, essa amizade se aprofundou e foi tocada por admiração e respeito mútuos. Eu, por Minas; ele, embora mineiro, por São Paulo, Estado que adotou para trabalhar e onde começou a vida pública como prefeito de Ipauçu, na região da Sorocabana.

No final do ano passado, fui a São Paulo para compartilhar das alegrias da família Egreja, quando esse mineiro da bela e encantadora cidade de Cristina, no sul de Minas, nascido em 10 de setembro de 1901, completava exatamente 100 anos de vida, em meio às alegrias de seus muitos filhos, netos e bisnetos, com a saudade de Almey, a dedicada esposa, que Deus chamou quando ela tinha 86 anos.

Aqui, desta tribuna, manifesto a dor, o sentimento e o tormento de saber que o meu amigo Sylvestre Ferraz Egreja, a quem abraçamos em setembro do ano passado, na igreja de sua predileção em São Paulo já não está entre os vivos, embora sua memória esteja permanentemente conosco.

Em companhia de Rondon Pacheco e também dos ex-Governadores Paulo Egydio e Laudo Natel, bem como das lideranças políticas, empresariais e comunitárias de São Paulo, fomos à igreja para felicitar e dar um abraço de carinho, amor e respeito à figura querida de um amigo, Ferraz Egreja. Estão em minhas mãos as fotos que registram a passagem de 100 anos de um cidadão mineiro de nascimento e paulista de coração.

O ex-Governador Rondon Pacheco e eu, também ex-Governador de Minas Gerais, entramos ao seu lado na Catedral. Os filhos, todos presentes. As famílias paulistas estavam ali representadas. Em um sentimento de alegria, respeito e comoção, oferecemos o nosso abraço de contentamento e conduzimos Sylvestre Ferraz Egreja, de mãos dadas.

Aqui estão as fotos, que serão divulgadas para conhecimento de um homem que ofereceu, em nome de Minas Gerais, de São Paulo e do Brasil, toda a dedicação da sua vida nos planos empresarial, político e familiar, um legado que nunca será atingido por ninguém.

Quero pedir a V. Exª, Srª Presidente Maria do Carmo Alves, que faça transcrever nos Anais desta Casa os dados biográficos, o verbete do Dicionário Histórico e Bibliográfico da Fundação Getúlio Vargas sobre a vida desse grande cidadão.

Finalmente, exibo desta tribuna o livro Sylvestre Ferraz Egreja - 100 Anos de Luta.

A todos os seus filhos, meus amigos de coração - Maria Luiza, José Silvestre, Stella, Celso, Almey e Mário Aluísio - e a todos os familiares, o abraço do Senado da República e o sentimento de Minas, de São Paulo e do Brasil.

Agradeço a atenção com que este Plenário me honrou para que eu pudesse informar à Casa o falecimento do Dr. Sylvestre Ferraz Egreja, que ultrapassou a casa dos cem anos de idade, merecendo sempre o respeito dos paulistas das velhas, das atuais e das futuras gerações.

Era o que tinha a dizer, Srª Presidente.

            Muito obrigado.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR FRANCELINO PEREIRA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2002 - Página 8251