Discurso durante a 64ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Importância da canonização ocorrida ontem, no Vaticano, de madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, a primeira santa brasileira.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA.:
  • Importância da canonização ocorrida ontem, no Vaticano, de madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, a primeira santa brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 21/05/2002 - Página 8552
Assunto
Outros > HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • ANALISE, IMPORTANCIA, SOLENIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, VATICANO, HOMENAGEM, IRMÃ DE CARIDADE, BRASIL, RECEBIMENTO, TITULO, IGREJA CATOLICA.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, ASSISTENCIA RELIGIOSA.

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            O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, no dia de ontem, 19 de maio de 2002, o País inteiro acompanhou, com a mais viva emoção, a canonização da primeira santa do Brasil, Paulina do Coração Agonizante de Jesus, feita por Sua Santidade o Papa João Paulo II, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

A cerimônia, que contou com a presença do Presidente Fernando Henrique Cardoso, de sua esposa, Dona Ruth Cardoso, do Presidente do Senado, Ramez Tebet, e do Presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, reuniu 2.500 brasileiros e teve como convidadas as duas brasileiras agraciadas com milagres da santa: Eluiza Rosa de Sousa, de Ibituba, Santa Catarina, e a menina Iza Bruna, do Estado do Acre, que represento nesta Casa.

Durante a solenidade, que foi acompanhada por expressiva parcela da nossa população, através do rádio e da televisão, João Paulo II falou em português e foi entusiasticamente aplaudido por fiéis brasileiros, que acenavam com bandeirinhas do nosso País.

No seu pronunciamento, o Santo Padre declarou: “A ação do Espírito Santo se manifesta de modo especial também na vida e na missão de Madre Paulina, inspirando-a a construir, com um grupo de jovens amigas, uma casa de acolhida, pouco depois batizada pelo povo de Hospitalzinho São Virgílio, destinado à atenção material e espiritual de doentes e desamparados. Nasceu assim, para atender aos planos da Providência, a primeira comunidade religiosa do Sul do Brasil, denominada Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Foi nesse hospital que o ser para os outros constituiu o pano de fundo da vida da Madre Paulina. No serviço aos pobres e aos doentes, ela tornara-se manifestação do Espírito Santo, consolador perfeito, doce hóspede da alma, suavíssimo refrigério”.

No final daquela cerimônia, o Papa João Paulo II saudou com afeto as autoridades e os peregrinos brasileiros, que foram a Roma para assistirem à canonização de Madre Paulina.

A edição de hoje do jornal O Globo traz, em sua página 4, uma rápida e singela biografia da primeira santa brasileira, que a partir de ontem passou a ser cultuada nos altares das nossas igrejas, com a devoção e o carinho de todos os católicos do Brasil, cuja íntegra faço inserir neste pronunciamento:

Nascida na Itália, Amabile Lucia Visintainer, a madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, chegou ao Brasil, com os pais e os treze irmãos, aos 10 anos, em 1875. Ainda na adolescência, começou a participar da vida paroquial de Vígolo, distrito de Nova Trento, em Santa Catarina, onde dava aulas de catecismo para crianças.

Aos 25 anos, apoiada pelo padre Marcello Rocchi, ela deixou a casa dos pais para morar num casebre e cuidar de uma mulher que sofria de câncer. A decisão foi tomada no dia 12 de julho de 1890, considerada a data de fundação da congregação de madre Paulina: as Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Além de cuidar dos doentes e dos filhos de ex-escravos, trabalhavam na roça e na indústria da seda para manter a obra social e religiosa.

Em 1903, madre Paulina mudou-se para São Paulo. Vítima de diabetes, ela morreu em 1942, aos 77 anos, praticamente cega e com o braço direito amputado. Atualmente, a Congregação das Irmãzinhas atua em 14 Estados do Brasil e em outros 11 países.

Madre Paulina foi considerada um modelo de vida evangélica pelo Papa João Paulo II, e beatificada em 18 de outubro de 1991.

A Igreja Católica reconheceu dois milagres da santa: em 1989, Eluiza Rosa de Souza teve de se submeter a uma cesariana para retirar um bebê que estava morto há pelo menos três meses. Ela foi internada com uma forte infecção e acabou sofrendo uma parada cardíaca. Depois de ser desenganada pelos médicos, algumas freiras do hospital em que Eluiza estava internada puseram uma imagem da freira sobre o peito da paciente e rezaram. Eluiza sobreviveu.

O segundo milagre ocorreu na vida de Iza Bruna Vieira de Souza, de 10 anos, moradora de Rio Branco, no Acre. A menina nasceu com um tumor na cabeça e os médicos recomendaram uma cirurgia. O diagnóstico era de que, se sobrevivesse, ficaria paralítica ou cega. A avó de Iza pôs uma foto da freira ao lado da sala de operação. Hoje, Iza leva uma vida normal.

Desejo, também, destacar que a Madre Paulina foi canonizada pela Igreja Católica como a sua mais nova santa depois de ter sido beatificada em 18 de outubro de 1991, com o reconhecimento dos 2 milagres obtidos por brasileiras que ontem estavam presentes na referida cerimônia: Eluiza Rosa de Souza, que foi agraciada com o primeiro milagre da Santa, na década de 60, em Ibituba, Santa Catarina, e a menina de 10 anos, Iza Bruna, nascida em 05 de junho de 1992, e Rio Branco, capital do Acre.

A menina Bruna, ao nascer, apresentava um quadro clínico grave por ser portadora de uma má-formação cerebral diagnosticada como “encefalocele occipital de grande porte”. No quinto dia de vida, foi submetida a uma cirurgia de alto risco. Vinte e quatro horas depois apresentou crises convulsivas e parada cardio-respiratória, sendo, então, colocada em um balão de oxigênio.

Temendo pela sua morte, a família de Iza chamou um padre para batizá-la; sua avó decidiu colocar uma imagem de madre Paulina na sala de cirurgia.

Foi impressionante como Iza se curou de repente. Os médicos ficaram surpresos porque ela não só sarou como ficou perfeita. “Hoje, a menina é uma espoleta, saudável e cheia de energia”, disse sua irmã Célia.

A pequena Iza foi recebida pelo Papa, que lhe concedeu a comunhão durante a missa de canonização de madre Paulina e dos italianos Ignazio de Santhià, Umile da Bizignano e Benedetta Cambiagio Frassinello, além do espanhol Alonso Orozco.

Com seu entusiasmo infantil, e certamente admirada com o esplendor daquele ato, presidido por João Paulo II, Iza não se conteve e disse a um repórter que se encontrava ao seu lado: “Nunca tinha visto o Papa pessoalmente, só na televisão. Fiquei muito contente de conhecer alguém tão importante”.

Ao finalizar este modesto pronunciamento, quero sublinhar a grande importância desse acontecimento religioso, ocorrido ontem no Vaticano, porque, a partir dele, nós brasileiros podemos nos rejubilar em razão de contarmos, no rol dos santos da Igreja Católica, com a primeira santa brasileira - Paulina do Coração Agonizante de Jesus.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/05/2002 - Página 8552