O SR. ADIR GENTIL (PFL - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não poderia dirigir-lhes a palavra pela primeira vez desta tribuna sem antes me curvar, respeitosamente, à importância fundamental desempenhada por esta Casa para a consolidação da cidadania e da estabilidade democrática em nosso País.

Participar de sua história, ao lado de nomes que aprendi a admirar, é uma honra que só posso tentar retribuir aplicando-me incansavelmente na defesa dos seus ideais federativos, compartilhados pelos cidadãos catarinenses que aqui me colocaram.

É, aliás, com o espírito integrador característico do povo de Santa Catarina que presto o compromisso de buscar trazer para todos os Estados as conquistas econômicas, culturais e sociais que hoje identificam a unidade da Federação que aqui represento.

Pequena no território, mas grande em sua atividade produtiva, em seu nível educacional e em sua justiça social, Santa Catarina possui indicadores que a credenciam a pretender contribuir para o bem-estar e o desenvolvimento de todo o Brasil.

No cumprimento deste compromisso, em que caminharei ao lado de meus Pares nesta Casa, devo alargar a trilha de dignidade dos que me antecederam e gravaram de maneira indelével o nome do meu Estado nos Anais do Senado Federal.

Refiro-me, de maneira especial, ao saudoso Senador Wilson Kleinübing e ao meu amigo e Senador Geraldo Althoff, fonte inesgotável de inspiração, a quem honrosamente substituo, com o objetivo de trabalhar em favor do povo brasileiro.

Terei também, como exemplo, personalidades que, neste momento, dignificam a atividade política brasileira e exercem seus mandatos com integridade e honra, como o ilustre Senador Jorge Bornhausen, mestre do entendimento e portador de uma experiência que constitui patrimônio político inestimável para esta Casa, para o meu Estado e para o Brasil.

São precisamente o entendimento e a integração os dois pilares sobre os quais pretendo construir meu mandato, pois neles reside o caminho para a transformação, transformação esta que, inquestionavelmente, se impõe ao Brasil, neste início de milênio, nos campos econômico, social e cultural.

Igualmente inquestionável é a necessidade de que tal mudança ocorra por intermédio do processo pacífico de negociação, do legítimo debate entre as forças políticas que representem a sociedade em suas melhores aspirações.

O Senado tem um papel ímpar nesse processo. Aqui está representada, como em nenhum outro lugar, a sociedade brasileira em suas disparidades regionais, concedendo igual voz a todas elas na busca de um projeto unificado para um País de dimensões continentais. Aqui nos envolveremos para alcançar um Brasil como o preconizado pelos princípios fundamentais de nosso ordenamento jurídico: solidário e socialmente mais justo.

Não podemos, entretanto, pretender que essa difusão da solidariedade, como valor, seja deixada a cargo da atividade estatal, nem à mera consciência individual de cada cidadão. O dever de solidariedade é um conceito crescente entre as grandes organizações privadas no Brasil e no mundo, que buscam, por meio de programas próprios, contribuir, com ações socialmente responsáveis, para o desenvolvimento nacional, o que não é, aliás, nenhuma surpresa. A livre iniciativa, que também constitui valor fundamental de nosso ordenamento, só se realiza em sua plenitude por intermédio da igualdade de oportunidades sociais. Portanto, livre iniciativa e solidariedade são instrumentos - e também objetivos - uma da outra.

Exemplo dessa necessária simbiose tem sido o cooperativismo médico brasileiro, cujo especial sucesso em Santa Catarina me leva a citá-lo, nesta tribuna, como uma das experiências que podem contribuir para um Brasil melhor, em todas as suas regiões.

Assegurando mercado de trabalho e remuneração digna, o sistema Unimed tornou-se referência obrigatória, quando se trata de conjugar atividade econômica, ética e responsabilidade social.

Outra contribuição que os catarinenses desejam apresentar a nossos concidadãos brasileiros é a valorização do Município como agente de desenvolvimento e como promotor da justiça social, uma valorização que pressupõe maior fluidez de aporte de recursos, nem sempre vitoriosa no conhecido embate com os obstáculos burocráticos.

O Partido da Frente Liberal, cujo papel histórico na defesa da livre iniciativa, da democracia e do federalismo é inolvidável, certamente há de ponderar esses aspectos em sua atividade política, da qual passo a ser mais um componente em nível nacional.

Este momento, de grande significação pessoal, conduz-me aos agradecimentos e lembranças. Além de meus conterrâneos, companheiros na atividade política do presente e do passado, devo prestar homenagem a meus familiares, em especial a minha esposa, Maria, meus filhos, Júnior e Beatriz, meus pais e irmãos, que constituem a base mais sólida de minha vida.

Aos amigos - muitos deles aqui presentes -, que têm demonstrado seu apoio permanente, meus sinceros agradecimentos. E também agradeço à gente da terra catarinense, que, ao contribuir para alçar-me a esta representação, manifestou um grau de confiança pelo qual sou profundamente grato. Talvez me encontre permanentemente em dívida.

Muito obrigado.

(Palmas.)