O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB -- RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a cada dia, felizmente, cresce em nosso País o consenso em torno da noção segundo a qual o dever de implementar ações de promoção social não é exclusivo do Estado, mas da sociedade como um todo. Mais ainda: aumenta a evidência de que, em nossa sociedade tão desigual e tão injusta, isso não é mais que uma obrigação moral dos cidadãos mais aquinhoados e das empresas de maior porte.

Não quero com isso dizer que os brasileiros de nível médio de renda e as pequenas empresas não tenham também o seu papel a cumprir. Iniciativas como a que conclama as comunidades a participarem das atividades nas escolas públicas e a simples existência do Instituto Ethos de Empresas e Cidadania, de que fazem parte empresas de todo porte, por exemplo, são bons indicativos de que algo mudou, sim, no Brasil ao longo destas décadas mais recentes.

Nesse sentido, é sempre bom -- e, por felicidade, cada vez mais freqüente -- tomarmos conhecimento de alguma intervenção espontânea, realizada por uma empresa, em prol do bem-estar de seus empregados ou da comunidade em geral da região em que está instalada, ou, ainda, em defesa de algum ambiente natural em risco de deterioração.

Se falo das grandes empresas é porque essas, além de terem naturalmente uma capacidade maior de intervenção nas questões de interesse social, tendem a perceber mais agudamente o valor que essas ações agregam a suas imagens diante do público. É o caso, por exemplo, da Organização Bradesco. Ela publicou, em bela edição, seu Relatório de Atividades Sociais 2001, que me chegou às mãos e que eu gostaria de comentar, em linhas gerais, neste pronunciamento, para que fique registrado, nos Anais da Casa, um caso modelar de empresa socialmente responsável.

Não data de anteontem essa atuação social das Organizações Bradesco, Senhores Senadores. A Fundação Bradesco, destinada à educação de crianças e jovens, foi criada em 1956, já lá se vão quarenta e tantos anos. Em 2001, as escolas e cursos da Fundação atenderam a mais de 100 mil alunos -- quase oito vezes mais que em 1980, o que demonstra a continuidade de seu esforço e investimento na melhoria do nível educacional dos brasileiros.

Quando sabemos que o baixo nível geral de instrução de nosso povo é um dos maiores entraves ao desenvolvimento do País na conjuntura atual de globalização competitiva, essa ação tem valor social e econômico inestimável. Deve ser ressaltado, por sinal, que as 38 escolas mantidas pela Fundação em 25 Estados brasileiros e no Distrito Federal atendem a uma clientela em que predominam, largamente, as pessoas das comunidades carentes situadas nos locais de atuação do banco.

De fato, mais de 91 por cento de seus alunos são pessoas não ligadas ao banco, enquanto somente os restantes 9 por cento são empregados ou filhos de empregados da empresa.

Trata-se da maior rede de ensino gratuito mantida por uma empresa privada no País, e está dotada dos melhores recursos técnicos e didáticos atualmente existentes. Seus alunos recebem apoio integral, não somente no âmbito puramente escolar, com alimentação, uniformes e material didático completo, mas também assistência médica e odontológica.

Uma empresa do porte da Organização Bradesco, para além de sua própria intervenção social, tem também consciência de seu poder de conclamar as empresas que lhe fornecem produtos e serviços a serem também socialmente responsáveis. Ela vem progressivamente exigindo de seus fornecedores transparência quanto a aspectos como política de contratação, atuação social, cuidado ambiental e certificação de qualidade.

Ela busca, por exemplo, evitar contratar como fornecedores empresas que empregam crianças sem ser na função exclusiva de aprendiz, as que não empregam portadores de deficiências, que não investem no desenvolvimento profissional de seus empregados ou que cometem irregularidades tributárias ou descumprem a legislação ambiental.

Ela desempenha, assim, um papel multiplicador da consciência social nas empresas brasileiras.

A Organização Bradesco atuou também, em 2001, no apoio a diversas atividades culturais, como o patrocínio dos espetáculos teatrais Quem tem medo de Virginia Woolf, produzido por Marco Nanini, Três vezes teatro, de Nei Latorraca, e Os Lusíadas, produção de Ruth Escobar. A Organização dá ainda suporte à Orquestra Sinfônica Brasileira, bem como à Orquestra Filarmônica do Ceará e, no Rio Grande do Sul, à Orquestra Experimental de Santa Maria.

Contribuiu também, no campo do patrimônio histórico nacional, para as reformas da Catedral da Sé, no centro de São Paulo, da Basílica de Aparecida, em Aparecida do Norte, do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, e da igreja de São José de Ribamar, em Conceição do Mato Dentro, assim como para a restauração da Casa de Cultura de Israel na capital paulista.

A vinda ao Brasil de acervos de museus estrangeiros, como as exposições Egito faraônico - terra dos deuses, composta de peças do Louvre, e Reina Sofia, século XX de Picasso a Barseló, foi outro campo marcante da atuação cultural da Organização Bradesco, no sentido de possibilitar aos brasileiros o acesso ao que há de mais importante nas artes em outros países, conhecimento que, não fora por essa intervenção, estaria restrito aos que podem viajar ao exterior.

Também muito conhecido é o seu papel no apoio ao esporte, principalmente nas categorias de base, como as equipes juvenis de voleibol, bola-ao-cesto e natação.

Todos esses dados configuram uma empresa notável, com toda a certeza, quanto a sua consciência social. A preocupação permanente com o desenvolvimento técnico e pessoal de seus empregados, porém, é talvez a mais notável realização da empresa no campo das ações sociais. Por isso mesmo, a Organização Bradesco figura na lista da revista Exame das empresas brasileiras onde os empregados encontram as melhores condições de trabalho.

Fique, pois, registrado o exemplo de responsabilidade social de empresa propiciado pela Organização Bradesco.

Muito obrigado.