Discurso durante a 68ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, pelo transcurso dos 50 anos de sua fundação.

Autor
Carlos Patrocínio (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/TO)
Nome completo: Carlos do Patrocinio Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA.:
  • Homenagem a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, pelo transcurso dos 50 anos de sua fundação.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2002 - Página 8987
Assunto
Outros > HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • HOMENAGEM, CINQUENTENARIO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB).
  • ELOGIO, INICIATIVA, HELDER CAMARA, ARCEBISPO, FUNDADOR, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), ASSISTENCIA RELIGIOSA, ASSISTENCIA, EDUCAÇÃO, ASSISTENCIA SOCIAL.
  • DEFESA, PARTICIPAÇÃO, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), CONSELHO NACIONAL, COMUNICAÇÃO SOCIAL.

O SR. CARLOS PATROCÍNIO (PTB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Ramez Tebet, Dom Jayme Henrique Chemello Presidente da CNBB; Dom Alfio Rapisarda, Núncio Apostólico; Dom José Freire Falcão, digno Arcebispo de Brasília; Dom Marcelo Pinto Carvalheira, Vice-Presidente da CNBB; Dom Raymundo Damasceno Assis, Secretário-Geral da CNBB; demais autoridades eclesiásticas, Srªs e Srs. Senadores, religiosos aqui presentes, Srªs e Srs. Deputados, no dia 14 de outubro de 1952, na residência do Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, foi criada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a nossa querida CNBB, tendo como primeiro Presidente o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e, como Secretário-Geral, Dom Hélder Câmara.

Não há dúvida de que a CNBB muito deve à inteligência, ao dinamismo e à coragem de Dom Hélder Câmara, que conseguiu transformar uma idéia nascente em uma instituição reconhecida no Brasil e no exterior, servindo de exemplo para a Igreja em outros países.

O Jubileu de Ouro de fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não representa uma simples data festiva que merece uma comemoração ou uma homenagem por um trabalho meritório realizado durante 50 anos. Trata-se de algo muito mais significativo, muito mais importante do que o simples jubileu de ouro de uma das muitas entidades existentes no Brasil.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teve, tem e com certeza terá um papel cada vez mais relevante na vida religiosa, social, educacional e política do Brasil. Os bispos da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil têm sido não apenas a voz dos que não têm voz, mas aqueles que procuram verdadeiramente dar voz ao povo brasileiro, no dizer do saudoso Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, fundador e primeiro dirigente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Durante o regime autoritário, a CNBB representou mais do que uma trincheira moral, empenhando-se na defesa dos mais fracos e dos perseguidos pela ditadura, sem nunca esquecer a sua função primordial de libertação dos homens em todas as suas dimensões.

A Campanha da Fraternidade, inspirada, conduzida e liderada pela CNBB, cujos temas já foram aqui elencados pelo nobre Senador Pedro Simon, tem cuidado de problemas da maior importância social, econômica e política, confirmando que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem como único compromisso o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A logomarca comemorativa do Jubileu de Ouro da CNBB sintetiza esse compromisso, em que a Cruz corresponde ao Cristo; alfa e ômega, princípio e fim de todas as coisas.

A grande caminhada da CNBB é celebrada com luz, alegria e riqueza, em que o amarelo-ouro representa a Luz de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida.

Os Bispos do Brasil, sucessores dos Apóstolos de Jesus Cristo, iluminados pela Luz do Espírito de Deus, têm cumprido a missão de pregar o Evangelho a todos os homens e mulheres de boa vontade, para que todos sejam efetivamente irmãos, filhos do mesmo Pai, do mesmo Deus, do mesmo Profeta.

O País muito deve à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que tem procurado, permanentemente, à luz do Evangelho, despertar as consciências de cristãos e de não-cristãos, de políticos, de autoridades e de todos os responsáveis pelos destinos do nosso povo.

A ação missionária da CNBB se concretiza pelo testemunho de Jesus Cristo, em comunhão fraterna, à luz da opção preferencial pelos pobres, conforme o Evangelho, participando da construção de uma sociedade mais justa e solidária, a serviço da vida e da esperança nas diferentes culturas rumo ao Reino Definitivo.

Os Bispos do Brasil e a CNBB têm sabido levar a Boa Nova a todos, procurando viver o Evangelho, não como palavra humana, mas como verdadeiramente é: Palavra de Deus que está produzindo efeito entre vós (1 Ts 2, 13), como Igreja missionária que experimenta a alegria de quem realiza sua vocação.

Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim. É, antes, uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se não Evangelizar, afirma o apóstolo Paulo, como instrumento de Deus e cumpridor de uma missão que foi dos primeiros apóstolos e hoje é continuada pelos bispos, pela CNBB e por todos os batizados que preservam a sua fé.

Os bispos, como dirigentes da Barca de Pedro, navegam no mar revolto de uma sociedade que parece rejeitar o sagrado, glorificar o materialismo, o consumismo, o individualismo, o egoísmo e a hipocrisia, em um aparente retorno ao paganismo, têm procurado colocar o Evangelho como fonte de esperança neste mundo tão desigual, tão injusto e tão confuso, com o exemplo pessoal, como testemunhas coerentes do amor a Deus e ao próximo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) concretiza a opção preferencial pelos pobres, cumpre a exigência radical do Evangelho e a missão do próprio Jesus Cristo, que se aproximou dos pobres, dos desprezados, dos doentes, dos fracos e dos marginalizados, escandalizando todos aqueles que esperavam um Messias grande do ponto de vista militar, econômico e político.

A missão da CNBB é evangelizar para formar o Povo de Deus, que deve viver em comunhão, em fraternidade, em participação, como os primeiros cristãos, que tinham tudo em comum, em solidariedade verdadeira.

A comemoração do Jubileu de Ouro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) representa, para todos nós, uma oportunidade para uma reflexão mais profunda sobre a sociedade brasileira - principalmente nesta Casa -, sobre o nosso futuro, sobre a ética na política e em todas as áreas de atuação em nosso País, à luz do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vivemos um conjuntura mundial difícil, angustiante, cheia de conflitos, em que a vida é desprezada e valorizada; em que o dinheiro vale mais que um ser humano.

Deus não é o Deus dos mortos, mas da vida, que exige respeito e deve ser protegida, promovida e amparada em todas as suas formas e estágios.

Neste mundo dividido, tão carente de lideranças verdadeiras, a única esperança para a construção de um mundo novo é o trabalho para que o temor e o desespero sejam substituídos pelos valores evangélicos.

A estruturação de uma sociedade mais justa, o respeito às culturas oprimidas, a valorização dos direitos fundamentais da pessoa humana são objetivos que todos devemos buscar, defender e respeitar.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem buscado e lutado por esses objetivos, no esforço pela libertação integral da pessoa humana e por uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.

A esperança dos cristãos está na pessoa de Jesus Cristo, que afirmou: não vos deixarei órfãos; coragem, eu venci o mundo; eu sou o caminho, a verdade e a vida; eu vim para que todos tenham vida e tenham vida em abundância.

Vemos na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e na pessoa dos Bispos desta Nação o cumprimento da promessa de Jesus Cristo de que não ficaremos órfãos, pois não estamos tratando de obra de invenção humana, mas da edificação da Igreja, Pedra que resistirá a todas as ações das forças do mal.

Na abertura do Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII, antes de pedir um novo sopro do Espírito Santo para a renovação da Igreja, assim se manifestou: "Meus irmãos, vamos pedir a Deus a graça da nossa conversão."

É isso que a CNBB vem realizando, é isso que os Bispos do Brasil estão concretizando, é disso que todos nós, cristãos, precisamos, para que tenhamos um Brasil mais justo e mais fraterno.

Excelências Reverendíssimas, tenho procurado seguir toda a orientação da Igreja Católica nos meus trabalhos nesta Casa. Nas vezes em que tivemos alguns ligeiros conflitos, por exemplo, quando tratamos de planejamento familiar, matéria que acabou se transformando em lei, convidamos o então Presidente da CNBB, Dom Luciano Mendes, para que aqui comparecesse, e a Igreja deu a sua inestimável contribuição.

Na próxima terça-feira, o Congresso Nacional haverá de apreciar e certamente aprovar o Conselho Nacional de Comunicação Social. Tenho feito gestões para que a CNBB participe desse Conselho. Se Vossas Excelências Reverendíssimas tiverem efetivamente esse desejo, acredito que ainda poderemos conseguir isso.

Parabéns à CNBB, pelos 50 anos de trabalho cristão; pelo que já fez e pelo muito que ainda fará pelo Brasil e pelo Povo de Deus.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2002 - Página 8987