Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

COMEMORAÇÃO DOS 60 ANOS DE CRIAÇÃO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE - CVRD.

Autor
José Alencar (PL - Partido Liberal/MG)
Nome completo: José Alencar Gomes da Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • COMEMORAÇÃO DOS 60 ANOS DE CRIAÇÃO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE - CVRD.
Publicação
Publicação no DSF de 05/06/2002 - Página 10320
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), ELOGIO, TRABALHO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, PAIS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOSÉ ALENCAR (PL - MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Senador Antonio Carlos Valadares; ilustres Drs. Antonio Miguel Marques e Guilherme Laager, Diretores-Executivos da Vale do Rio Doce; Dirigentes da Companhia aqui presentes; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Deputados aqui presentes; senhoras e senhores, cumprimento todos os convidados presentes nesta sessão em homenagem à Vale do Rio Doce.

Os 60 anos de existência da Vale do Rio Doce, reverenciados nesta sessão magna do Senado da República, são um retrato com perfeita nitidez, que nada consegue esmaecer, do Brasil que dá certo, do Brasil fiel às origens, compenetrado de suas verdades e realmente comprometido com a sua vocação.

A Vale do Rio Doce é uma ligação viva entre um passado de perspectivas promissoras e um futuro de conquistas sociais e econômicas fecundas, nascidas do aproveitamento inteligente dos recursos naturais existentes em nosso território.

Em 1937, a Câmara dos Deputados debatia, em clima acalorado, a questão da “Itabira Iron”. A discussão tinha como foco o regime de exploração das reservas de minério de ferro em Minas Gerais. O Deputado Arthur Bernardes, ex-Presidente da República, em um pronunciamento memorável, na sessão de 18 de junho daquele ano, lembrava que a Câmara “tem diante de si a mais delicada questão que se lhe tem posto desde que o Brasil se separou politicamente de Portugal. É a questão do nosso minério de ferro. É o contrato da Itabira Iron. É a concessão perigosa e gratuita, a um sindicato estrangeiro, do monopólio do mais rico comércio em todo o mundo”.

Dizia ainda Arthur Bernardes: “O Brasil se valerá do minério como manancial de recursos. Cumpre reservar aos nacionais a indústria da extração do minério de ferro, a do seu transporte e a do seu comércio, porque o Brasil tem nesse minério a sua riqueza mais durável”.

E mais adiante:

“O minério valerá ouro, e, com o produto de sua venda, fomentaremos a economia nacional, reforçaremos a receita, desenvolveremos a prosperidade do País e também criaremos facilmente a indústria siderúrgica brasileira”.

Assim falava Arthur Bernardes, intransigente defensor das causas brasileiras. Palavras eletrizantes, carregadas de esperança.

A Vale do Rio Doce, na ocasião, ainda não existia, não passava de um esboço nos generosos anseios populares, em meio às discussões que agitavam as tribunas parlamentares e as colunas dos jornais.

O Governo Getúlio Vargas revelou-se igualmente sensível à tese do aproveitamento pelos brasileiros das colossais jazidas do subsolo. Essas jazidas eram estimadas, em mapeamento efetuado por geólogos e engenheiros da época, em três bilhões de toneladas, só no quadrilátero formado pelos Municípios de Conselheiro Lafaiete, Mariana, Sabará e Itabira, em Minas Gerais.

E o grande debate nacional à volta do palpitante assunto acabou desembocando na nacionalização, por ato governamental, da Itabira Iron.

Em março de 1942, Brasil, Inglaterra e Estados Unidos da América firmaram os chamados Acordos de Washington, definindo as bases para a implementação, no País, de uma produtora e exportadora de minério de ferro. Pelo que foi pactuado, o Brasil assumiu o controle das minas de Itabira, da estrada de ferro Vitória-Minas e dos bens pertencentes à Itabira Iron.

Em 1º de junho do mesmo ano, como fruto ainda dos acordos, o Presidente Getúlio Vargas, que também se notabilizou pelo espírito nacionalista, assinou o Decreto-Lei nº 4.352.

A Companhia Vale do Rio Doce passou, então, a existir.

O que veio depois é uma longa história, de extraordinária dimensão, que coloca à prova a capacidade brasileira de saber traçar itinerários na construção de seu destino, a capacidade brasileira de, conhecendo a real fisionomia do País, saber lutar pela superação dos desafios do progresso.

A Vale do Rio Doce, desde seus começos heróicos, é o Brasil dando certo. Foi assim no passado como empresa estatal bem-sucedida. É assim, na atualidade, como empresa privada exemplar. A mudança no controle acionário não alterou a essência das coisas. A Vale continua inabalavelmente fiel à sua marca de origem.

É essa formidável empresa de recursos naturais e humanos que se posiciona hoje, no cenário mundial, como a mais importante transnacional brasileira, como bem sublinha seu ilustre Diretor-Presidente, Dr. Roger Agnelli.

Tenho aqui muitos dados a respeito de produção, de exportação, de recordes que a Vale do Rio Doce tem batido nesses últimos tempos. São dados que mostram a lucratividade, a prosperidade, o crescimento, a pujança dessa empresa. A Vale do Rio Doce realiza um belo trabalho no campo econômico e social. É uma empresa intransigente, por exemplo, na defesa do meio ambiente e no apreço às pessoas que a ela servem.

Não há como escapar ao emprego de superlativos nas referências às realizações da Vale.

Estamos diante da maior companhia de mineração diversificada das três Américas. Estamos falando da maior exportadora mundial de minério de ferro e pelotas; da segunda maior produtora de manganês e da terceira maior produtora de ferro-ligas de manganês do globo terrestre. Não bastasse tudo isso e estamos nós, outra vez, frente a revelações de magnitude: a Vale é a maior exportadora de alumínio do Brasil. Sua linha de produção contempla ainda reservas de alumina, bauxita, caulim, ouro, potássio. Entre os projetos estratégicos que desenvolve, figura a produção de cobre. A empresa aposta pesado nessa área. Até o final do ano de 2007, os investimentos programados, só nesse segmento, estarão alcançando a cifra de 1,5 bilhão de dólares. Em Carajás, no Pará, o Projeto Sossego é apontado como a etapa inaugural de um programa ambicioso que encara como alvo tornar a Vale, nos próximos cinco anos, um dos três maiores produtores mundiais de cobre. A expectativa é de que se consiga atingir, até 2007, produção de 690 mil toneladas, equivalentes a 5% da produção mundial do minério.

Todos os esforços estão sendo despendidos para que a empresa venha a ocupar, proximamente, a liderança mundial na exportação de bauxita e alumina.

Não serão, seguramente, numerosos os exemplos no mundo e, especificamente, no Brasil, de uma organização que saiba operar com tamanha eficiência, ao mesmo tempo, em campos tão diversificados, quanto a Vale do Rio Doce. Isso se deve ao seu esplêndido quadro profissional, aos modelos gerenciais ajustados ao direcionamento estratégico, com focos de atuação bem definidos, como demonstram os relatórios. A capacitação da valorosa equipe da Vale ajudou a empresa a construir um cabedal de conhecimentos, que dela fez também fornecedora de tecnologias avançadas nos campos da pesquisa, técnicas de produção e gestão participativa.

Outro elemento relevante a considerar, na avaliação do papel que a empresa representa no cenário social e econômico, é o fato de a Vale consumir 4,5% de toda a energia gerada no Brasil. Os números mostram-na como o maior consumidor isolado de energia no país.

Essas circunstâncias atraíram-na ao mercado de produção de energia. Ela está presente, hoje, através de parcerias, em importantes projetos de energia elétrica, com diferentes estágios de implantação.

Como já registrei, em se tratando de Vale do Rio  
Doce, não há como, ao narrar-lhe os feitos, fugir aos superlativos.

Ela é também a empresa brasileira e sul-americana melhor qualificada em logística de transportes, inclusive na prestação de serviços para terceiros. Seus muitos anos de boa e vanguardeira experiência como operadora de ferrovias, portos e navegação colocam-na em posição de realce nesse mercado. A Vale opera, presentemente, em 13 mil quilômetros de linhas ferroviárias, o que equivale a quase a metade de nossa malha ferroviária global. Nessas linhas transportam-se 50 por cento da carga ferroviária do país.

O ano de 2001 foi marcado na Vale do Rio Doce pela acumulação de recordes. Recorde de vendas consolidadas de minério de ferro e pelotas, com 143 milhões de toneladas. Recorde em lucro, da ordem de 3 bilhões e 100 milhões de reais, superior em 43 por cento aos resultados de 2000. Recorde nas exportações, que chegaram a produzir receita de 3 bilhões e 300 milhões de dólares.

Por essas razões não causa surpresa alguma seja a Vale apontada como a melhor e mais competitiva empresa de mineração da América Latina. Carajás, a maior mina de minério de ferro do planeta, foi a primeira a obter, em 2001, o Certificado ISO 14001.

E o que não dizer da preocupação permanente que orienta este formidável complexo de produção de riquezas e de integração humana, no sentido de que suas atividades, em todos os planos, estejam sempre impregnados do espírito da responsabilidade social!

Isso vem traduzido nos projetos de recuperação e proteção ao meio ambiente. Em ações sociais intensas nas diferentes regiões em que atua. Nos projetos educacionais desenvolvidos junto a comunidades marginalizadas, a populações indígenas, e que concorrem para a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais.

A proteção ao meio ambiente é outro ponto de notável relevância nas políticas gerenciais adotadas. A Vale do Rio Doce assegura proteção ambiental em florestas tropicais e na mata Atlântica, numa área que corresponde em extensão ao território da Bélgica.

Srªs e Srs. Senadores, as conquistas da Companhia, que acaba de completar, agora em maio, cinco anos como primorosa organização do setor privado, exaltam a capacidade de trabalho da gente brasileira, enaltecem o talento e a criatividade de nossos trabalhadores e técnicos, o tino empreendedor e a eficiência negocial dos nossos empresários. Desde o começo, na fase estatal, até nossos dias, esses valores foram colocados permanentemente à prova. E o que a Vale deixou claramente evidenciado é que nada resiste à força do trabalho persistente, que é uma marca daquela Companhia.

Concebida nos sonhos de antepassados ilustres, intérpretes audazes em momentos difíceis, de genuíno e puro sentimento nacional, a Companhia Vale do Rio Doce é um verdadeiro símbolo da grandeza de nosso País. É também um exemplo e uma lição que apontam caminhos de redenção econômica e social.

É mais do que justo, por conseguinte, o apreço e o reconhecimento com que o Brasil, nesta celebração dos 60 anos de vida dessa importante empresa, está a envolver todos os que, no passado e no presente, com dedicação e idealismo, ajudaram a construir essa admirável história de sucesso empresarial, de integração social e de afirmação brasileira.

Quero congratular-me com o eminente Senador Luiz Otávio, nosso companheiro, representante do Pará, Estado em que também está presente essa grande Companhia brasileira. S. Exª requereu em boa hora esta homenagem que todos estamos prestando à Companhia Vale do Rio Doce, a qual aprendemos, desde sempre, a respeitar e a admirar.

Quero congratular-me com esse aniversário e desejar tudo de bom àquela Companhia. Que a Vale do Rio Doce continue crescendo e dando esse exemplo magistral de trabalho, de dedicação, de competitividade e também de presença no mercado exterior, ponto em que o Brasil está mais carente!

Muito obrigado.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/06/2002 - Página 10320