Pronunciamento de Eduardo Suplicy em 12/06/2002
Discurso durante a 86ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Refutações às afirmações proferidas pelo Senador Artur da Távola a respeito do candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva.
- Autor
- Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
- Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA PARTIDARIA.
ELEIÇÕES.:
- Refutações às afirmações proferidas pelo Senador Artur da Távola a respeito do candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/06/2002 - Página 11711
- Assunto
- Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
- Indexação
-
- RESPOSTA, ARTUR DA TAVOLA, SENADOR, LIDER, GOVERNO, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, DECLARAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ROMPIMENTO, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI), DEFESA, MORATORIA, DIVIDA EXTERNA.
- QUESTIONAMENTO, INEFICACIA, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GARANTIA, JUSTIÇA SOCIAL.
- CRITICA, AUSENCIA, GOVERNO, PROTESTO, DECLARAÇÃO, GEORGE SOROS, EMPRESARIO, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, POSSIBILIDADE, VITORIA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, AMEAÇA, ESTABILIDADE, ECONOMIA NACIONAL.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste dia em que o Senado completa 111 anos, é da maior relevância que coloquemos em prática a tradição desta Casa de debater os problemas centrais que afligem a Nação brasileira.
O Senador Artur da Távola, continuando os argumentos do Senador Geraldo Melo, repetiu com imprecisão algumas das proposições de Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de opinião para suceder o Presidente Fernando Henrique Cardoso, por razões sólidas.
Lula, atualmente, representa as aspirações de realização de justiça, que, após sete anos e meio, não foram realizadas por Fernando Henrique Cardoso. Sua Excelência, então Senador, disse, aqui, ao se despedir do Senado, em dezembro de 1994, que “o Brasil tinha pressa de realizar justiça”.
Por que não conseguiu fazê-lo? Porque, muitas vezes, utilizou-se dos instrumentos do Poder Público, da máquina do Estado para destinar os recursos, que são escassos, sobretudo para aqueles segmentos que, em verdade, contribuíram ainda mais para a permanência da má distribuição de renda, da concentração de renda.
Haja vista ainda hoje: o BNDES anuncia que, para o setor elétrico, serão destinados R$7 bilhões. Há pouco mais de duas semanas, o Presidente daquele banco, Eliazar de Carvalho, perante a Comissão de Assuntos Sociais desta Casa, ao responder a pergunta sobre qual o volume de recursos que seriam destinados pelo BNDES para microcrédito, disse que, neste ano, seria em torno de R$61 milhões, o que significa menos de 1% do que será destinado ao setor elétrico -- só para dar um exemplo.
O que Lula pretende não é a utilização do Estado máximo, na compreensão do que quer dizer o Senador Artur da Távola; na compreensão, digamos, do que foi a experiência dos países socialistas. Nós, desde o início da história do PT, olhamos de forma crítica essa proposta, inclusive porque o Partido dos Trabalhadores sempre quis criar uma nação mais justa e solidária utilizando-se dos instrumentos racionais da política econômica. O Partido inclusive compreende o funcionamento do sistema de mercado, mas jamais abriu mão daqueles instrumentos que, por vezes, foram utilizados pelo Governo Fernando Henrique Cardoso sem a devida importância e ênfase. Por isso, o Governo fica tão aquém dos objetivos que, muitas vezes, traça.
É importante ressaltar que Lula nunca chegou a propor um rompimento com o FMI nos termos abordados pelos Senadores Geraldo Melo ou Artur da Távola. Quem, em verdade, fez um rompimento histórico com o Fundo Monetário Internacional foi um Presidente da República cujo centenário de nascimento vem sendo saudado e que tem servido de símbolo da campanha de Fernando Collor de Mello e de Fernando Henrique Cardoso, que foi o Presidente Juscelino Kubitschek. O próprio economista Celso Furtado tem ressaltado que aquele rompimento fez o FMI, muitas vezes, até mudar de atitude em relação aos países em desenvolvimento.
Também não foi a palavra de Lula que iria provocar a moratória da dívida externa. Levado pelas circunstâncias dá época, quem não teve outra alternativa senão de decretá-la foi, por exemplo, o Presidente José Sarney, cuja estatura de estadista não está aqui em questão.
Eu gostaria de lembrar que, no diálogo captado pelo microfone, em Madrid, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, dialogando com o Presidente Vicente Fox Quesada, do México, observou que o Brasil, a América Latina estava se subordinando às políticas dos Estados Unidos. É muito importante que ouvíssemos do Líder do Governo, Artur da Távola, um protesto diante das afirmações do megainvestidor George Soros, que, no sábado último, em entrevista a Clóvis Rossi, mencionou a profecia que se autocumpriria no Brasil se Lula viesse a ser eleito: haveria uma situação de descontrole que acabaria nos levando ao caos. O que vai ocorrer, sim, é o que efetivamente tem ocorrido nas administrações do PT, seja em Porto Alegre, em São Paulo, em Recife, em Aracaju, em Mato Grosso do Sul, no Acre, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, no Amapá ou em outras cidades onde o Partido dos Trabalhadores tem demonstrado força e respeito junto à população. Exatamente em função desse reconhecimento é que se está fortalecendo a candidatura de Lula, pelo reconhecimento dos méritos dos programas sociais e da maneira como vem sendo administrada a coisa pública.
Senador Artur da Távola, para complementar, V. Exª disse que o PT não dá demonstrações de boa vontade nesta Casa. Ainda hoje -- V. Exª está consciente disso --, votaremos a CPMF como um ato de boa vontade para com o Governo. Portanto, não é correta a sua afirmação no sentido de que o PT está agindo da maneira como qualificou V. Exª.
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