Discurso durante a 85ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 111 anos de existência do Senado da República.

Autor
Carlos Wilson (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PE)
Nome completo: Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 111 anos de existência do Senado da República.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2002 - Página 11619
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, SENADO, REPUBLICA, OPORTUNIDADE, COMENTARIO, HISTORIA, INSTITUIÇÃO PUBLICA, PAIS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. CARLOS WILSON (PTB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Ramez Tebet, meu caro amigo Ministro Edson Vidigal, Vice-Presidente do Superior Tribunal de Justiça, representando aqui a presidência desse Tribunal, Embaixadores, demais autoridades, minhas colegas e meus colegas Senadores, funcionários da Casa, no nome de três funcionários antigos saúdo todos os funcionários do Senado Federal, a funcionária exemplar, aposentada, hoje novamente prestando serviço ao Senado Federal, a Drª Sarah Abrahão; a Drª Lígia Camargo; e o Sr. José Ari de Souza, analista e segurança legislativo, minhas Senhoras e meus Senhores, como 1º Secretário da Mesa Diretora do Senado Federal cumpre-me vir a esta tribuna para homenagear os 111 anos do Senado Republicano, instalado no dia 16 de junho de 1891, ainda sob o impacto da Proclamação da República, mas sob o manto liberal de personalidades como Rui Barbosa, Prudente de Moraes, Quintino Bocaiúva, Ubaldino de Amaral, entre tantos outros.

Nesse período, esta Casa foi habitada por ex-Ministros, ex-Governadores, ex-Presidentes da República, brasileiros notáveis pelo saber e pela representatividade. Ao mesmo tempo, passaram por esta bancada, por esta tribuna gente comum e humilde, que recebeu a missão de representar o seu Estado na Câmara Alta da República e se comportou com o mesmo equilíbrio e honradez.

Nesses 111 anos, esta Casa funcionou como caixa de ressonância dos destinos nacionais. Por aqui passaram as grandes decisões da República, desde a autorização para o livre trânsito das mercadorias da Bolívia pela estrada de ferro que se construiu nas margens dos rios Madeira e Mamoré como forma de compensação pela compra do Território do Acre, hoje Estado do Acre, berço de republicanos e de herdeiros como o conterrâneo do Senador Pedro Simon, o gaúcho Plácido de Castro, aqui hoje representados brilhantemente pela Senadora Marina da Silva, pelo Senador Tião Viana e pelo Senador Nabor Júnior.

Os primeiros tempos da República foram marcados pela conturbação. Não podemos esquecer que o Presidente Floriano Peixoto ameaçou esta Casa com a cavalaria. Mais tarde, personagens como Pinheiro Machado e Rui Barbosa haveriam de resgatá-la como centro vivo de resistência democrática diante da pretensão positivista que tanto marcou a República Velha.

Com o advento do Estado Novo e o fim do federalismo, este Senado foi fechado novamente para ressurgir Constituinte em 1946, com a força e a legitimidade da ansiedade nacional em busca da reconstrução democrática.

Durante a longa noite que envolveu o País em abril de 64, não foram poucos os atos de violência cometidos contra a representação política aqui e na nossa Casa irmã, a Câmara dos Deputados. Mas foi contra o Senado, indiscutivelmente, que o governo militar aplicou o instrumento mais sádico e, ao mesmo tempo, mais surreal. Em 1977, inventaram a figura do senador biônico. Tiveram a petulância de mascarar a representação desta Casa em um terço.

Sobrevivemos a tudo isso. A Nação sobreviveu a mais essa violência. A têmpera de gente, como aqui foi citado, do Senador Paulo Brossard, do saudoso Franco Montoro, do meu conterrâneo Marcos Freire, do nosso amigo Senador José Richa, entre outros, serviu para manter viva a chama da consciência nacional, mesmo diante de ato tão violento.

Emergimos para a democracia e para a Constituinte e, mais uma vez, o Senado Federal mostrou a força de quem representa a Federação. Não nos intimidamos nem quando tivemos que processar colegas nossos Senadores.

Esses 111 anos merecem ser comemorados e muito. Hoje, rivalizamos ou estamos à frente da maioria dos Parlamentos de todo o mundo. Graças ao trabalho abnegado, como foi citado aqui antes, dos nossos funcionários, podemos servir de referência a outros países, em termos de informática. Todas as nossas atividades ganharam a transparência da modernidade e são difundidas pelas ondas do rádio, da tevê e da Internet. Temos um jornal diário, uma agência de notícias em tempo real, um dos maiores parques gráficos do País e uma agência de relações públicas, cujo padrão de eficiência é reconhecido como dos melhores, se não o melhor do Brasil.

Estamos construindo uma comunidade política virtual mediante o Projeto Interlegis, que ligará todas as mais de 5.000 Câmaras Municipais do nosso País, com as 27 Assembléias que já estão interligadas ao Senado, à Câmara dos Deputados e ao Tribunal de Contas da União.

Recentemente, o Presidente Ramez Tebet teve a honra de criar a Unilegis, a primeira Universidade do Legislativo Brasileiro e, antes, o Instituto do Legislativo Brasileiro - ILB, verdadeiro centro de referência de formação de material humano habilitado ao trabalho legislativo.

São conquistas impressionantes que nos orgulham muito e que dignificam os nossos mandatos e coroam o trabalho de nossos funcionários. Mas a mais importante conquista deste Senado é mérito de toda a Nação brasileira: nas nossas redações, nas nossas comissões, na nossa consultoria, reina o mais profundo sentimento de liberdade de expressão. Aqui, ninguém é cerceado pelo pensamento ou discriminado pelo seu ideal.

Reafirmamos, agora, 111 anos depois, o mesmo papel que os pioneiros republicanos nos delegaram: o de fazer prosperar o ideal libertário da República e de vingar o livre trânsito de idéias e ideais.

Como 1º Secretário cumprimento cada um dos funcionários desta Casa. Como Senador por Pernambuco cumprimento cada um dos meus colegas.

A liberdade não é uma conquista fugaz!

Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2002 - Página 11619