Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Denúncia da existência de conspiração entre o Palácio do Planalto e o investidor George Soros para beneficiar a candidatura do Senador José Serra à presidência da República. (como Líder)

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Denúncia da existência de conspiração entre o Palácio do Planalto e o investidor George Soros para beneficiar a candidatura do Senador José Serra à presidência da República. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2002 - Página 11602
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • DENUNCIA, CONLUIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GEORGE SOROS, EMPRESARIO, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, BENEFICIO, JOSE SERRA, SENADOR, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • DEFESA, PROPOSTA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PRESIDENCIA DA REPUBLICA, MELHORIA, SITUAÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, BRASIL.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, observamos, hoje, na imprensa que o banco americano Goldman Sachs resolveu criar o “Lulômetro”, uma fórmula que, apesar de baseada apenas em dados especulativos, mediria o quanto a possibilidade de vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, influencia a taxa de câmbio. Ao mesmo tempo, verificamos que o dólar, ontem, foi para U$2,71, a maior alta desde 1999. Por outro lado, o Senador José Serra diz que, se eleito, manterá Armínio Fraga no Banco Central, atribuindo as turbulências no mercado à eleição, afirmando que ter um candidato que prega o calote ajuda o nervosismo.

Ora, Sr. Presidente, parece que há uma verdadeira conspiração, que vai do Palácio do Planalto a Nova Iorque, até as instituições financeiras internacionais, passando pelo candidato José Serra e passando também pelo megainvestidor George Soros, para o qual trabalhou o Presidente Armínio Fraga, que disse, na semana passada, que, se Lula fosse eleito, as coisas aqui poderiam ficar inadequadas.

Será possível que o Sr. George Soros vai continuar dizendo que só poderá haver no Brasil um Presidente da República que mantenha na Presidência do Banco Central aquele que foi o diretor de sua empresa? Será isso aceitável?

Sr. Presidente, mais e mais, observa-se que dois segmentos muito nítidos estão por tomar decisões: um é o dos investidores internacionais, que congrega as pessoas que, tendo recursos aplicados no mercado financeiro internacional, vão decidir se aplicarão ou não em papéis brasileiros; outro, muito mais importante, é o povo brasileiro, que vai decidir qual Presidente da República melhor atenderá a seus anseios de realização de justiça, que não foram realizados pelo atual Governo após sete anos e meio.

Tenho a convicção de que, mesmo aqueles que estão decidindo por investimentos no Brasil, com uma perspectiva de médio e longo prazo, se observarem bem os programas, a ação, o compromisso de cada um dos candidatos, verão que Lula está liderando as pesquisas de opinião porque tem a proposição mais consistente, que está de acordo com os propósitos de fazer do Brasil não mais um dos campeões da desigualdade socioeconômica, mas uma nação civilizada e justa, onde os princípios de justiça podem ser implementados - aqueles segundo os quais as diferenças socioeconômicas, se porventura existirem, serão em benefício dos que menos têm, de maneira a assegurar a verdadeira liberdade e igualdade de oportunidades a todos.

É propósito de Lula colocar em prática os instrumentos de política econômica que tenham a ver com os valores da solidariedade e fraternidade, com a busca da ética e da justiça.

Assim, Sr. Presidente, se há alguém responsável pela forte crise que ocorre no mercado financeiro, não pode ser outro senão os próprios condutores da política econômica.

Nós, do Partido dos Trabalhadores, temos tido aqui um comportamento o mais responsável possível, inclusive no que diz respeito à discussão da matéria que, hoje, mais uma vez, tramita no Senado, referente à CPMF. Temos críticas a diversos aspectos da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira, mas resolvemos votar a favor dela para que não aleguem que o Partido dos Trabalhadores está criando uma situação de crise. Dessa forma, não é possível aceitarmos esse tipo de terrorismo, que tem em José Serra um de seus principais porta-vozes.

Temos certeza de que Luiz Inácio Lula da Silva hoje constitui uma alternativa, de que está forte nas pesquisas de opinião justamente porque simboliza e congrega os anseios de transformação da realidade brasileira, de tamanha desigualdade para o rumo da justiça e do respeito aos direitos da cidadania.

Sr. Presidente, nesta madrugada, todos nós estaremos, mais uma vez, acompanhando a seleção brasileira, com a perspectiva de que se torne pentacampeã mundial do futebol. No entanto, também temos a esperança de eleger um Presidente da República que tirará o Brasil da condição de um dos últimos colocados na situação de desigualdade social.

Muito obrigado.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2002 - Página 11602