Pronunciamento de Geraldo Melo em 12/06/2002
Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Divergência entre as idéias defendidas pelo Partido dos Trabalhadores e as de seu candidato à presidência da República. (como Líder)
- Autor
- Geraldo Melo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RN)
- Nome completo: Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA PARTIDARIA.:
- Divergência entre as idéias defendidas pelo Partido dos Trabalhadores e as de seu candidato à presidência da República. (como Líder)
- Aparteantes
- Heloísa Helena.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/06/2002 - Página 11606
- Assunto
- Outros > POLITICA PARTIDARIA.
- Indexação
-
- CRITICA, POSIÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PROVOCAÇÃO, FALTA, CONFIANÇA, POPULAÇÃO.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. GERALDO MELO (Bloco/PSDB - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, vou me empenhar, atendendo ao apelo de V. Exª, para que a minha intervenção não seja muito mais longa do que o aparte do Senador Eduardo Suplicy.
Senadora Heloísa Helena, quero começar por me solidarizar com V. Exª. Quando o Senador Romero Jucá falou sobre o desespero do Senador Eduardo Suplicy, talvez S. Exª já estivesse vislumbrando pessoas como V. Exª. E a minha solidariedade a V. Exª reside no seguinte: V. Exª sabe que talvez seja uma das últimas vozes do Partido dos Trabalhadores que pode fazer esse tipo de discurso, que já foi o discurso do seu Partido e não é mais.
Retificando, a expressão foi “pânico”. O discurso de V. Exª, de certa forma, mostra que não é apenas o Senador Eduardo Suplicy que está em pânico, mas V. Exª também. E, provavelmente, isso ocorre pela perda de espaço dentro do seu Partido, porque o PT, hoje, Senadora Heloísa Helena, não é o Partido que pensa que o Brasil é uma senzala branca nas mãos do FMI, dos investidores internacionais. O Partido dos Trabalhadores, pela voz do seu candidato, é aquele que pensa que devemos ficar alinhados com o FMI e criar o ambiente necessário para que esses investidores internacionais venham para o Brasil.
E, quando V. Exª ou o Senador Eduardo Suplicy dizem que o Governo, o PSDB e o Senador José Serra não devem criar ou permitir que se crie um ambiente de instabilidade em relação ao Brasil, talvez não estejam sendo muito justos. O que está realmente criando essa insegurança e essa instabilidade? A insegurança decorre da incerteza.
V. Exª sabe que, atualmente, no País, um dos aspectos que mais pesam sobre a classe política é a desconfiança da população na palavra dos políticos. Pensam que o político é capaz de mentir, de enganar, de ludibriar e iludir o eleitor para conquistar o seu voto. E, hoje, no Brasil, não há um exemplo mais completo e acabado dessa situação do que a campanha do candidato do Partido dos Trabalhadores.
Afinal de contas, por que a insegurança? Porque ninguém sabe qual é o Lula que governará se ganhar a eleição. Quem é ele? É aquele que hoje defende o alinhamento com a política do Fundo Monetário Internacional, ou é aquele que defendia que o Brasil rompesse com o Fundo Monetário Internacional? O que é que vale? É a posição que ele assume hoje, aconselhado por um diretor competente como Duda Mendonça, que o transforma em um ator eficiente? É aquele que defende hoje a linha do FMI, o fundo com o qual se devia romper? É aquele que fala hoje que, no seu governo, o Brasil vai cumprir todos os seus contratos? Ou é aquele que defendia a moratória da dívida externa, o que quer dizer não cumprir nenhum contrato? É aquele que diz que podemos confiar que o seu governo garantirá paz, estabilidade e segurança a todos os brasileiros? Ou é aquele que defendia a invasão de propriedades produtivas em nome dos interesses do MST? Ou é aquele que defendeu a invasão da propriedade do Presidente da República porque interessava ao MST? Ou é aquele que abriu a boca para defender os saques aos supermercados em Buenos Aires? Quem vai governar, Senadora?
E, se a posição do seu Partido for ao menos parecida com a posição que V. Exª acaba de expressar, de duas, uma: ou o seu candidato está transformado em um produto para o mercado... Como se prepara um sabonete? Se o consumidor não gosta do cheiro, colocamos um novo aroma; se não gosta do tamanho, mudamos o tamanho; se não gosta da cor, fazemos um sabonete de outra cor. Qual é o sabonete que este País vai usar? É este que está defendendo uma política econômica que poderia e deveria ser comandada por...
A Srª Heloísa Helena (Bloco/PT - AL) - V. Exª me concede um aparte?
O SR. GERALDO MELO (Bloco/PSDB - RN) - Estou falando como Líder. Infelizmente, não é permitido aparte. Por isso, não posso concedê-lo a V. Exª.
A Srª Heloísa Helena (Bloco/PT - AL) - É claro que pode. Se V. Exª não quiser concedê-lo, tudo bem. Mas, pelo Regimento, após a Ordem do Dia, como Líder, V. Exª poderia conceder-me o aparte. Se não o quiser, é outro assunto.
O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - Senadora Heloísa Helena, peço a V. Exª que permita à Mesa esclarecer o assunto.
O SR. GERALDO MELO (Bloco/PSDB - RN) - Tenho tanto carinho por V. Exª, Senadora Heloísa Helena.
O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - O Senador Geraldo Melo poderia permitir-lhe o aparte. No entanto, falta apenas um minuto para que S. Exª conclua seu discurso.
Peço que o Senador Geraldo Melo o conclua, portanto, dentro de um minuto, por favor.
O SR. GERALDO MELO (Bloco/PSDB - RN) - Perfeitamente, Sr. Presidente.
Gostaria de deixar bastante claro que não estamos dispostos a aceitar agora responsabilidades que não são nossas. Não estamos mais dispostos a levar desaforo para casa. Estamos aqui, agora, atentos e vigilantes e vamos responder no mesmo tom e no mesmo grau.
Precisamos dizer, com todas as letras, Sr. Presidente, que alguém está pretendendo enganar o povo brasileiro para conquistar o seu voto. Alguém está assumindo compromissos com a sociedade e, se vai cumpri-los, se pretende cumpri-los, não o fará com o apoio do Partido dos Trabalhadores.
Se Lula chegar à Presidência da República, se for verdade que ele hoje defende a Lei de Responsabilidade Fiscal, ele precisará pedir ao Partido dos Trabalhadores que passe a apoiar essa Lei. Se pretende defender o que diz que vai defender, ele precisa dizer ao povo brasileiro algo que o Partido dos Trabalhadores passou sete anos dizendo contra o Presidente Fernando Henrique. Está na hora de o candidato de V. Exª dizer “esqueçam o que eu disse”, porque o que ele disse até agora não está valendo nada em relação ao que ele está dizendo.
A Srª Heloísa Helena (Bloco/PT - AL) - Sr. Presidente, o sabonete do PT vai limpar a sujeira deixada pelo PSDB.
Modelo1 12/25/2410:20