Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobrança de recursos do Governo Federal para concluir a recuperação de trecho ligando a rodovia BR-367 à BR-101, que une o Vale do Jequitinhonha (MG) à costa do descobrimento, na Bahia.

Autor
Francelino Pereira (PFL - Partido da Frente Liberal/MG)
Nome completo: Francelino Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Cobrança de recursos do Governo Federal para concluir a recuperação de trecho ligando a rodovia BR-367 à BR-101, que une o Vale do Jequitinhonha (MG) à costa do descobrimento, na Bahia.
Aparteantes
Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2002 - Página 11861
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • APRESENTAÇÃO, DOCUMENTO, CONGRESSISTA, SOLICITAÇÃO, MINISTERIO DO ESPORTE E TURISMO (MET), SECRETARIO GERAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, LIBERAÇÃO, RECURSOS, MELHORIA, RODOVIA, TRECHO, LIGAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DA BAHIA (BA), REGISTRO, APREENSÃO, POPULAÇÃO, SITUAÇÃO.
  • ESCLARECIMENTOS, ANTERIORIDADE, DESPACHO, AUTORIA, CARLOS MELLES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO ESPORTE E TURISMO (MET), AUTORIZAÇÃO, EMISSÃO, CREDITOS, FAVORECIMENTO, DEPARTAMENTO, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE, INEXISTENCIA, LIBERAÇÃO, RECURSOS, MELHORIA, RODOVIA.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AGILIZAÇÃO, LIBERAÇÃO, VERBA, CONCLUSÃO, ASFALTAMENTO, RODOVIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL - MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, hoje é um dia atormentado, e embora a madrugada tenha sido vitoriosa, na Coréia, com o futebol brasileiro, o assunto que vamos abordar se refere aos problemas econômicos e financeiros da Nação.

Os meios de comunicação anunciam em manchetes: “Risco-país e dólar disparam, e Brasil recorrerá ao FMI”. E mais: “O Brasil vai sacar 10 bilhões de dólares do FMI para tentar conter o dólar”. E ainda: “Atribui-se que grande parte dessa tormenta decorre de uma eventualidade, de uma sucessão presidencial inusitada nos destinos do Brasil. Uma sucessão que causará, sem dúvida, um choque eleitoral, talvez, fundamental para a mudança dos hábitos e tradições políticas que estão conduzindo este País a uma situação tormentosa”.

É claro que deveria tratar deste assunto para dar a nossa opinião, no momento em que o País se prepara para um debate eleitoral objetivo e uma eleição decisiva para o destino da Nação.

Ocorre que, ontem à noite, quando poucos dormiam para assistir à partida de futebol na qual o Brasil saiu vitorioso, recebi telefonemas a respeito de uma região de Minas Gerais que também faz parte do Brasil, mas que é desprezada e abandonada. Por esse motivo, eu não quis demorar um só instante para abordar a grave situação em que se encontra a rodovia 367, que liga a Rio-Bahia, a BR 116, ao Pólo do Descobrimento, a partir da cidade de Salto da Divisa, na divisa de Minas com a Bahia.

Confesso que nós, mineiros, não temos o hábito e a tradição de trazer para esta Casa, apropriada aos debates nacionais, assuntos que não se ajustem ao destino deste País. Ocorre, porém, que a BR-367, que liga o Pólo Turístico do Vale do Jequitinhonha ao Pólo Turístico da Costa do Descobrimento, alcançando Porto Seguro, Cabrália e Belmonte, encontra-se em situação desesperadora e a população está rebelada diante da indiferença do Governo, e da não liberação dos recursos consignados no Orçamento para a reconstrução daquela rodovia.

Na gestão do Ministro Carlos Melles, no Ministério do Esporte e Turismo, definiu-se um projeto que destinava R$ 6,6 milhões à reconstrução da rodovia. As lideranças políticas, empresariais e comunitárias da região estiveram em Brasília várias vezes. Os deputados estaduais mineiros debateram a situação desesperadora daquela população, que não pode dispor de uma rodovia vital para o seu desenvolvimento e bem estar.

O processo do Ministério do Esporte e Turismo foi examinado e transitou até que, depois de anunciarmos a liberação dos recursos, chegamos à conclusão de que constituía um vexame para nós todos, mas também para o Governo, saber que nada poderia ser feito. Explico: por determinação do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em despacho de próprio punho, o Ministro do Esporte e Turismo, Carlos Melles, autorizou a emissão da Nota de Crédito nº 2001, no valor de R$ 6,6 milhões, em favor do DNER, agora uma nova repartição.

Em 07 de janeiro de 2002, em contato do Ministro dos Transportes com o do Esporte e Turismo, e tendo em vista a transformação do DNER em agência, solicitou-se que fosse emitida uma nova nota de crédito, desta vez para o Ministério dos Transportes no mesmo valor, o que foi feito pela Nota de Crédito nº 000406, de 2001. Não foi informado ao Ministério do Esporte e Turismo, na época, como se daria a execução da obra. A nota de crédito foi emitida na modalidade 90, execução direta, e não na modalidade 30, transferências a Estados, pois a obra seria realizada em convênio com o DER-MG. Por isso, o Ministério dos Transportes não empenhou o crédito disponibilizado.

Um alto funcionário daquele Ministério, já na gestão do atual Ministro, escreveu de próprio punho que, como se trata de uma obra de interesse e já autorizada pelo Presidente da República, neste exercício de 2002 será buscada a fonte de financiamento para executá-la.

No mês passado deparei-me, no Senado, com o atual Ministro do Esporte e Turismo, Caio Luiz de Carvalho. Solicitei a S. Exª que dirigisse uma palavra a Minas Gerais e aos mineiros, em particular aos habitantes dos Pólos Turísticos de Jequitinhonha e da Costa do Descobrimento, esclarecendo por que esses recursos não foram liberados em 2001 e que providências estariam sendo tomadas para que isso ocorresse no exercício de 2002.

No entanto, fez-se silêncio e o assunto não foi mais tratado. A rodovia foi atingida por uma calamidade que destruiu quatro ponte, e uma viagem habitualmente feita em uma hora passou a ter a duração de onze horas.

Diante do mutismo do Ministro do Esporte e Turismo, estou aqui para manifestar, em nome do meu Estado, o inconformismo com essa indiferença e esse descaso não só com os mineiros, mas também com os brasileiros que se beneficiarão da rodovia.

Diante do silêncio do Ministro, procuramos outra alternativa: que, dos recursos das emendas de bancada para a construção de rodovias em território mineiro, o Governo destinasse uma parte para a continuação e, possivelmente, a conclusão das obras, principalmente entre Almenara e Salto da Divisa, embora o trecho entre Almenara e Itaobim também esteja em precárias condições.

Foi, então, assinado um documento, endereçado ao Secretário Geral da Presidência da República, Ministro Euclides Scalco, nestes termos:

Os Deputados abaixo assinados, vêm a presença de V. Exª, solicitar liberação de verba para conclusão do asfaltamento da BR-367 - trecho Almenara/Salto da Divisa, tendo em vista constar nas indicações feitas na justificação da Emenda nº 71140004, F.P 26.872.8035.5852.0002 - construção e recuperação de rodovias federais no Estado de Minas Gerais.

Este seria o esquema: no que tange ao Prodetur, R$ 6,6 milhões seriam destinados à melhoria e a reconstrução desta rodovia; e, quanto às emendas da bancada mineira, seriam destinados R$10 milhões para a mesma finalidade, totalizando R$ 16,6 milhões, quantia que permitiria, talvez com o acréscimo de mais R$ 5 milhões de outras fontes, a conclusão definitiva daquela rodovia.

No entanto, até agora as emendas de bancada não foram liberadas. Lembro-me, com pesar, de que no fim do ano passado, início deste ano, quando ainda votávamos o Orçamento, emendas de bancada foram liberadas para determinados deputados e senadores - R$10 milhões para um senador, mais R$ 10 milhões para outro - que indicariam os seus representantes e os seus prefeitos para o recebimento dessas emendas de bancada. Política que não se ajusta à idoneidade e ao temperamento do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL - MG) - Concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - A informação que se tem, e a imprensa está anunciando em manchetes de primeira página, é a de que todas as emendas foram liberadas ontem. Caso alguma emenda não tenha sido liberada, certamente seja porque o Deputado ou o Senador não tenha ido lá. Talvez V. Exª não saiba que as emendas já foram liberadas.

O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL - MG) - Não estou me referindo às emendas individuais, das quais não trato, porque constam do Orçamento - e o nosso comportamento de homem público mineiro não é a de acompanhá-las. Refiro-me às emendas de bancada pertinentes a Minas Gerais, destinadas à construção de rodovias, que totalizam R$ 45,2 milhões.

Desejamos apenas que pelo menos R$10 milhões deste total sejam liberados - e aqui está o documento na forma de solicitação dos parlamentares, deputados e senadores mineiros -, no sentido de destinar recursos àquela rodovia.

No momento em que temas nacionais e internacionais se interligam, sou obrigado a vir à tribuna desta Casa, contrariando o sentimento de Minas, que é o de não trazer para o Congresso Nacional assuntos internos do Estado. Mas, tendo em vista a dimensão do problema e o fato de aquela região fazer parte território mineiro e por não mais poder permanecer em tal situação é que aqui estou.

Fica o meu apelo ao Ministro do Esporte e Turismo, Caio Luiz de Carvalho, e ao Secretário Geral da Presidência, Ministro Euclides Scalco, no sentido da liberação, via Ministério do Esporte e Turismo, de R$ 6,6 milhões destinados ao Prodetur, e R$ 10 milhões das emendas de bancada para atender a uma situação de emergência e de vexame, uma vez que, conforme já assinalei, uma viagem que se faria em uma hora, entre Almenara e Salto da Divisa ou entre Almenara e Itaobim, na Rio-Bahia, hoje se faz em onze horas.

Esta é uma manifestação de inconformismo e este é o apelo que faço ao Governo Federal para que destine esses recursos ao DER-MG. A empresa está lá, as máquinas estão lá, o que não está é o Governo, indiferente. Enquanto senadores receberam verbas imensas para atenderem prefeitos, com emenda de bancada dos seus Estados, os senadores mineiros não receberam nada.

Muito obrigado.


Modelo1 5/7/248:03



Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2002 - Página 11861