Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO JORNALISTA ARCANJO ANTONIO LOPES DE NASCIMENTO, TIM LOPES.

Autor
Roberto Saturnino (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO JORNALISTA ARCANJO ANTONIO LOPES DE NASCIMENTO, TIM LOPES.
Publicação
Publicação no DSF de 12/06/2002 - Página 11372
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, TIM LOPES, JORNALISTA, ELOGIO, BRAVURA, EXERCICIO PROFISSIONAL, COMBATE, TRAFICO, DROGA.
  • DEFESA, NECESSIDADE, REFORMULAÇÃO, MODELO ECONOMICO, PAIS, GARANTIA, JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA, POPULAÇÃO, EXTINÇÃO, CRIME, VIOLENCIA, MORTE, TRAFICO, DROGA.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a truculência do tráfico de drogas atingiu, desta feita, uma das pessoas mais queridas da imprensa brasileira e, em particular, da imprensa carioca: Tim Lopes. Obviamente, a repercussão foi enorme em toda a mídia, e o nosso sentimento de pesar por essa perda deve ser registrado e reconhecido pelo Senado, razão pela qual vamos votar favoravelmente a esse requerimento, apresentado tão oportunamente.

Entre os inúmeros artigos que apareceram na imprensa do Brasil, um me impressionou por seu título. Foi um artigo de Silviano Santiago, uma das expressões da nossa literatura, da nossa intelectualidade, que disse: “Perdemos um correspondente de guerra”.

Realmente, o que Tim Lopes estava fazendo era atribuição de um correspondente: relatava episódios de uma guerra que, embora muito localizada nos grandes centros, acontece pelo Brasil afora. Trata-se de uma guerra que, no fundo, aproveita-se do tráfico, mas é informal; é a guerra dos excluídos contra um processo que os sufoca, que os oprime de maneira insuportável.

A sociedade precisa ganhar essa guerra, mas, para isso, tem que, de um lado, reforçar os combatentes do bem. Acontece que isso significa aumentar o gasto, duplicar, pelo menos, o efetivo policial. Há um candidato ao Governo do Estado que falou nisso, e todos encararam a proposta como demagógica, porque sabem que quem dobrar o efetivo policial ou triplicá-lo - como seria necessário - acabará na cadeia por força da Lei de Responsabilidade Fiscal. Então, estamos imprensados pela falta de recursos e pela impossibilidade de aumentar os efetivos nessa luta, que é contra a sociedade como um todo.

A Governadora do Estado, Benedita da Silva, fez o que deveria: muito corretamente, convocou as forças federais - a Polícia Federal e as Forças Armadas -, bem como a polícia municipal, a Guarda Municipal. S. Exª está procurando unificar as forças, uma vez que o Estado, sozinho, não pode duplicar ou triplicar o efetivo policial.

A outra forma de agir nessa guerra e de fazer a sociedade vitoriosa seria diminuir os combatentes do crime, os combatentes do tráfico e da violência. No entanto, isso requer a mudança do modelo econômico. Com esse modelo, que aumenta, a cada mês, a cada semana, o lote de excluídos da sociedade e da economia brasileira, é claro que a realimentação do crime se fará de forma mais violenta.

O Brasil precisa derrotar esse mercado financeiro. O Brasil precisa derrotar o Sr. George Soros. O Brasil precisa derrotar esse modelo que está provocando essa ruptura na sociedade brasileira e o crescimento vertiginoso da criminalidade.

Fica, aqui, o nosso pesar pela morte trágica, pela truculência que atingiu Tim Lopes, mas também a nossa advertência de que é preciso tudo fazer para que a sociedade brasileira vença essa guerra que já está instalada: 40 mil mortos por ano. A ONU considera mais de 15 mil mortos por ano situação de guerra, e já estamos em 40 mil.

É preciso acordar, de uma vez por todas!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/2002 - Página 11372