Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à Grande Loja do Oriente da Maçonaria pelos 180 anos de sua existência.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Grande Loja do Oriente da Maçonaria pelos 180 anos de sua existência.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2002 - Página 12650
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MAÇONARIA, BRASIL, ELOGIO, HISTORIA, DEFESA, MEIO AMBIENTE, DEMOCRACIA, CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS, RESPEITO, VIDA, PROGRESSO, PAIS.
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, ENCONTRO, MEMBROS, MAÇONARIA, DEBATE, PROBLEMAS BRASILEIROS, APRESENTAÇÃO, DOCUMENTO, PROVIDENCIA, REFERENCIA, SEGURANÇA PUBLICA, MEIO AMBIENTE, DEFESA, Amazônia Legal, SAUDE, EDUCAÇÃO, COMBATE, DROGA.

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O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PFL - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje a esta tribuna para saudar o Grande Oriente do Brasil pela passagem dos seus gloriosos 180 anos de existência, que foram comemorados no dia 17 de junho corrente.

Como mostram os livros de História, a maçonaria existe no mundo inteiro, e os seus membros defendem os princípios da igualdade, da solidariedade, da justiça, da cidadania e da liberdade.

No Brasil, a maçonaria existe desde o final do Séc. XVIII e, a partir desse período, sempre teve uma presença marcante em todos os momentos da nossa evolução política, econômica, social e cultural.

Documentos antigos indicam a presença da Maçonaria brasileira desde 1797, com a Loja Cavaleiros da Luz. Ela foi criada no povoado da Barra, em Salvador. Além disso, existem registros da chamada Loja União, que data de 1800, sucedida pela Loja Reunião, cuja inscrição é de 1802.

Em termos de organização, antes da criação do Grande Oriente do Brasil, em 1822, as Lojas Maçônicas brasileiras se identificavam com as organizações maçônicas européias, sendo o Grande Oriente da França um grande norteador, como não podia ser diferente, em virtude das fortes ligações culturais, políticas e ideológicas que existiam entre as elites brasileiras e a França naquela conjuntura de nossa formação histórica.

Em 1813, sob a liderança de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva, foi criado na Bahia o primeiro Grande Oriente Brasileiro, que foi obrigado, por pressões políticas, a interromper suas atividades em 1817. Mesmo assim, apesar da censura, várias Lojas não deixaram de surgir pelo Brasil afora, notadamente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco.

Desde o início de sua organização, os maçons brasileiros sempre defenderam os ideais da independência e em nenhum momento aceitaram a tutela do Grande Oriente de Lisboa.

Em 17 de junho de 1822, na cidade do Rio de Janeiro, foi fundado o Grande Oriente Brasiliano ou Grande Oriente do Brasil, tendo à frente José Bonifácio de Andrada e Silva, que foi nomeado o primeiro Grão-Mestre da Maçonaria brasileira. Algum tempo depois, D. Pedro I assumiu em seu lugar e não tardou em fechar o Grande Oriente do Brasil. Todavia, em 1831, depois de muitas disputas políticas, o Grande Oriente do Brasil retomou suas atividades, novamente sob a liderança de José Bonifácio, que voltou a ser o Grão-Mestre.

Como é da natureza da instituição maçônica, apesar de não ser um partido político e de não professar uma ideologia de direita, de esquerda ou de centro, a Maçonaria, ao longo de quase duzentos anos de existência em nosso País, esteve presente em todos os momentos da vida nacional, sempre defendendo a democracia, a cidadania, os direitos humanos, a fraternidade, a igualdade, o respeito à vida, a defesa do meio ambiente e o progresso.

Assim, perto do final do século XIX, contrapondo-se às forças e às idéias mais conservadoras e reacionárias do País, assumiu posição de vanguarda na luta pela libertação da escravatura. Destacadamente, contribuiu de maneira decisiva para a aprovação da “Lei Eusébio de Queiroz”, que extinguiu o tráfico de escravos, em 1850. A mesma disposição repetiu-se em defesa da “Lei Visconde de Rio Branco”, de 1871, que declarou livres todas as crianças nascidas após a sua promulgação. Aliás, é importante destacar que tanto Eusébio de Queiroz como o Visconde de Rio Branco eram maçons graduados. O primeiro era membro do Supremo Conselho do Grau 33 da Maçonaria, e o Visconde de Rio Branco foi grão-mestre do Grande Oriente do Brasil.

Pouco mais tarde, acompanhando os ventos que sopravam em direção dos ideais republicanos, mais uma vez, a Maçonaria posicionava-se na vanguarda da história do Brasil. A maioria dos seus membros foram ativistas de primeira linha nos chamados “Clubes Republicanos”, que se espalharam pelo Brasil afora. Finalmente, quando aconteceu a Proclamação da República, o Marechal Deodoro da Fonseca, maçom, e que foi Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, assumiu como primeiro Presidente da República do nosso País.

E não termina aí a presença marcante da Maçonaria na linha de frente das decisões nacionais. Durante os primeiros quarenta anos da República, como dizem os historiadores, da chamada “República Velha”, o Brasil foi governado por diversos Presidentes maçons. Entre eles podemos enumerar: Floriano Peixoto, Manoel Ferraz de Campos Salles, Marechal Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha, Wenceslau Brás e Washington Luiz Pereira de Souza.

Por ocasião do primeiro conflito mundial, o Grande Oriente do Brasil demonstrou mais uma vez que o seu apoio deveria ser carreado para o lado dos países que defendiam os princípios definidos de justiça social, de liberdade e de igualdade entre os homens. Assim, não foi por acaso que o Grande Oriente do Brasil se mobilizou em todo o território nacional para angariar recursos, que eram enviados à Maçonaria francesa, como contribuição ao esforço de guerra e em socorro às vítimas feridas nos fronts enlameados e infectos.

Mantendo seus princípios, às vésperas da II Guerra mundial, quando o Presidente Getúlio Vargas, simpatizante do chamado nacional-socialismo, relutava entre ficar com Hitler e Mussolini ou aderir aos aliados, o Grande Oriente do Brasil, com determinação, levantou o estandarte das forças que se preparavam para enfrentar o nazi-fascismo.

Preocupado com os rumos da Nação, o Grande Oriente do Brasil apoiou a reestruturação proposta em 1964, mas, após o Ato Institucional n° 5, em 1968, percebendo que o regime entrava em uma fase autoritária e repressiva, passou para o campo das oposições, respaldando a luta pela redemocratização do País e pelas “ Diretas Já”.

O Grande Oriente do Brasil comemora os seus 180 anos de relevantes serviços prestados à Pátria e continua, mais firme do que nunca, como ponta-de-lança da Maçonaria e de todos os eventos que afetam diretamente a vida nacional. Assim, ele está fortemente representado no Congresso Nacional, em todas as instâncias de todas as instituições brasileiras e em todos os recantos do imenso território brasileiro.

Meus caros Pares, após este pequeno relato de uma parte da história da maçonaria no Brasil, eu não poderia deixar de falar, como já o fiz em várias oportunidades, desta tribuna, da Maçonaria de hoje, que, com os seus propósitos de liberdade, igualdade e fraternidade, cada vez mais está presente nas ações que se fazem necessárias à consolidação de uma Nação livre e de princípios democráticos.

O Grande Oriente do Brasil, preocupado com os assuntos que afligem atualmente a sociedade brasileira, realizou, durante o período de 13 a 16 de abril deste ano, encontro de todos os seus Grão-Mestres das 27 Unidades da Federação, no qual debateram os problemas nacionais, tendo como fruto desse encontro, a produção de seis documentos que tratam da segurança pública, meio ambiente, combate às drogas, saúde, educação, soberania nacional e defesa da Amazônia.

Esses documentos, Srªs e Srs. Senadores, foram entregues aos Parlamentares maçons que estão no Congresso Nacional, ou seja, os Deputados Federais e Senadores, em solenidade realizada no dia 16 de abril, e lidos por mim aqui desta tribuna. Também foram entregues ao Senhor Presidente da República como contribuição para que possamos realmente dar solução aos aflitivos problemas que atormentam a sociedade brasileira nos dias de hoje.

Cabe ressaltar que a Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, por meio do seu Presidente, o Irmão Kalil Chater, apoiou e referendou todas as deliberações constantes nos referidos documentos, firmados pelo Soberano Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, o Irmão Laelso Rodrigues.

Os documentos entregues aos maçons Parlamentares expressam as sugestões do povo maçônico, que nada mais são do que o reflexo do pensamento da sociedade brasileira.

Temos a certeza de que, por intermédio de um esforço em conjunto, poderemos enfrentar e implementar muitas das ações propostas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a sociedade brasileira necessita da união das instituições, tal qual é a Maçonaria, para que, em parceria com o Poder Público, possa garantir a todos os brasileiros o direito ao exercício da plena cidadania.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são mais de 2 mil Lojas espalhadas pelo Brasil e cerca de 62 mil maçons ativos. Sem dúvida alguma, o Grande Oriente do Brasil é hoje a maior “Obediência Maçônica” existente na América Latina, reconhecida inclusive pela Grande Loja Unida da Inglaterra, uma das mais importantes do mundo.

Por tudo o que o Grande Oriente representa para o Brasil, por toda a sua admirável contribuição em defesa dos mais nobres direitos dos cidadãos, por toda a sua notável luta diária dedicada à construção de um País moderno e desenvolvido, tenho a honra de saudar, como maçon, essa entidade exemplar que engrandece o nosso País desde que foi organizada, há quase 200 anos.

Foi uma honra ocupar esta tribuna para prestar esta merecida homenagem ao Grande Oriente do Brasil em comemoração aos seus 180 anos, transcorridos no dia 17 de junho.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2002 - Página 12650