Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Condolências ao Presidente Ramez Tebet pelo falecimento de seu irmão. Apoio do PFL mineiro à candidatura do Deputado Aécio Neves ao governo do Estado de Minas Gerais.

Autor
Francelino Pereira (PFL - Partido da Frente Liberal/MG)
Nome completo: Francelino Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES.:
  • Condolências ao Presidente Ramez Tebet pelo falecimento de seu irmão. Apoio do PFL mineiro à candidatura do Deputado Aécio Neves ao governo do Estado de Minas Gerais.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2002 - Página 12660
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES.
Indexação
  • PESAMES, RAMEZ TEBET, PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL, MORTE, IRMÃO.
  • APOIO, INDICAÇÃO, JOSE ALENCAR, SENADOR, CANDIDATURA, VICE PRESIDENCIA, CHAPA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • SOLIDARIEDADE, ATUAÇÃO, ROBERTO BRANT, DEPUTADO ESTADUAL, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), DESISTENCIA, DISPUTA, GOVERNO ESTADUAL, BENEFICIO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), APOIO, CANDIDATURA, AECIO NEVES, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS.
  • COMENTARIO, HISTORIA, ANALISE, IMPORTANCIA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), AMBITO, POLITICA NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL - MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. Senador Ramez Tebet, inicialmente, dirijo-me a V. Exª, para prestar-lhe homenagem singela, partida do coração, da estima e do respeito que tenho por V. Exª e também a seu irmão, falecido inesperadamente e ainda jovem, em seu Estado, o Mato Grosso do Sul, para onde V. Exª se deslocou, levando apoio, solidariedade e as bênçãos de Deus, para que o seu irmão tenha uma vida permanente através da memória viva de que é merecedor. Receba os nossos pêsames e também os de Minas Gerais.

Quero agora, desta tribuna, falar de Minas Gerais. Mas não vou tratar de um simples assunto regional, pois Minas é praticamente um continente, ou uma nação.

Venho, do Plenário do Senado da República, transmitir à Casa e ao Brasil as decisões de natureza política tomadas ontem, em Minas Gerais e em Brasília, pela via de composições partidárias, que estão definindo o rumo que Minas assumirá nessas próximas eleições.

Antes, refiro-me à indicação do nome do nosso Senador, meu compadre e amigo José Alencar, como candidato a Vice-Presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva na composição estabelecida pelo PT e o PL *.

Nesta hora, os mineiros transmitem ao nosso colega e eminente amigo José Alencar a manifestação sincera no sentido de que logre bom desempenho nas eleições e, com seu saber e talento, represente Minas nas decisões nacionais com dignidade, equilíbrio e serenidade. A ele, portanto, os nossos votos de felicidades.

Por outro lado, Minas também indicou, anteontem, por intermédio do PMDB, a candidatura do atual Vice-Governador Newton Cardoso, ao Palácio da Liberdade.

Ao mesmo tempo - e esta é a minha afirmação mais relevante -, ontem, ao longo de 15 a 20 horas, a Comissão Executiva Mineira do Partido da Frente Liberal, a Bancada de Deputados Federais, este Senador, o Presidente do Partido e também os Deputados da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, debatemos o problema da sucessão mineira, nas proximidades das convenções, em que serão formalizadas decisões definitivas com vistas às eleições de outubro próximo.

Ao iniciar esta comunicação, desejo, em nome de Minas e dos mineiros, transmitir um abraço de solidariedade, de apoio, de compreensão, de estima e de respeito, a um parlamentar mineiro, Roberto Brant. Ele desejou disputar o Governo de Minas, empenhando-se no rumo de uma definição que lhe permitisse disputar as eleições, mas, já à noite, S. Exª desistiu de sua candidatura, permitindo que o Partido da Frente Liberal, por meio de sua Bancada estadual, dos Deputados Federais e Estaduais, tomasse a decisão de apoiar a candidatura do Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Aécio Neves, ao Governo de Minas.

É um fato auspicioso, uma decisão histórica, tomada em clima de debate, de controvérsia, mas também de compreensão a uma candidatura que se está firmando cada vez mais, pelo que já foi homologada pelo seu Partido, o PSDB, e que conta inclusive com o apoio do eminente Governador Itamar Franco, de Minas Gerais. É nesse clima auspicioso que Aécio Neves se apresenta como candidato ao Palácio da Liberdade.

O momento, pois, é de regozijo. E, nesta hora, me vem à memória a figura de um mineiro ilustre: o grande Gustavo Capanema, que foi Ministro no Governo de Getúlio Vargas. Cercando-se de eficientes auxiliares, entre eles intelectuais e artistas, Capanema promoveu uma notável administração, no plano intelectual, cultural e administrativo, ainda hoje merecedora do respeito de todos os brasileiros.

Quando da indicação de meu nome à convenção partidária, para disputar o Governo de Minas Gerais, recebi a visita de Gustavo Capanema, que, já me cumprimentando como possível Governador, fez observações muito elevadas, para que eu tivesse sempre em mente que, num século, portanto durante cem anos, somente 25 mineiros ocupam o cargo de Governador de Minas Gerais.

Todo homem público deseja governar o seu Estado. Milton Campos* desejou e governou Minas. Com sabedoria, com talento, com isenção. E terminou sendo o grande reformador social e político, tanto em Minas Gerais como no Brasil, por ter sido também Ministro da Justiça no Governo Castelo Branco.

Ainda de Minas, outra figura exponencial a ser evocada é a de Juscelino Kubitschek. Foi ele o grande estadista que elevou aos píncaros a sua administração e promoveu a revolução do otimismo, inicialmente em Minas e, depois, no Brasil. Juntamente com Milton Campos, JK é uma figura sempre lembrada pelos brasileiros, inserido permanentemente na história do Brasil, ao lado de tantos outros mineiros, como Rondon Pacheco e Aureliano Chaves de Mendonça.

Todos tivemos a preocupação de governar Minas Gerais tendo como diretriz o sentimento de responsabilidade e com honradez. E é exatamente isso que o Palácio da Liberdade simboliza, a destinação de Minas Gerais e a liturgia da vida mineira. Ali não entra quem não tem o dom de Minas e o dom da honradez.

Esta é a hora de lembrar a figura de Tancredo Neves, meu adversário durante também muitos anos. Concorrendo ao Governo de Minas, em 1982, derrotou o candidato da minha indicação e do meu Partido, Eliseu Resende. Eram oito milhões de eleitores e perdemos a eleição por apenas 250 mil votos. A eleição de Tancredo Neves, contudo, mudou o destino de Minas Gerais e do Brasil.

E recordo igualmente momento da história brasileira em que, com a nossa participação e pela orientação e o planejamento do ex-Presidente Ernesto Geisel, promovemos a restauração democrática do País. Foi quando a figura de Tancredo Neves surgiu como o nome que poderia conduzir o País ao entendimento e à conciliação, ensejando um novo destino para o povo brasileiro.

Tancredo Neves foi a minha casa, em Belo Horizonte, foi à casa de Aureliano Chaves, foi à residência de Rondon Pacheco, e nos transmitiu o seu apelo, num abraço comovente, para que, todos nós, seus opositores, pudéssemos promover uma aliança em seguida à distensão lenta, gradual e segura do ex-Presidente Ernesto Geisel. Seria o cenário para que ele, Tancredo, pudesse governar o País em clima de liberdade e com eleições diretas. As eleições diretas não se realizaram, mas a campanha foi realizada com tal dimensão, com tal expressão, com tamanho desejo por uma eleição limpa e clara que, embora prevalecendo o processo indireto, todos os brasileiros participaram da campanha em praça pública.Tancredo Neves infelizmente não chegou a assumir o Governo do Brasil.

Em Minas, transmiti o Governo do Estado a Tancredo num clima bastante áspero, mas de compreensão, diante da tradição histórica de Minas Gerais, e guardamos a estima e o respeito, que permaneceram entre nós durante todo o resto da sua vida.

Ao lado de Tancredo Neves, começava a surgir a figura de um jovem valor, Aécio Neves, o atual Presidente da Câmara dos Deputados. Economista, nascido em 10 de março de 1960, filho de Aécio Ferreira da Cunha, que foi Deputado Federal e candidato a Senador na chapa de Itamar Franco à época das eleições, e de Inês Maria Tolentino Neves.

Deputado Federal por quatro mandatos sucessivos, Aécio Neves, com plena liberdade e num clima de resgate da imagem de Minas, candidata-se agora ao Governo de Minas Gerais. O Partido da Frente Liberal discutiu e avaliou o assunto, durante praticamente todo o dia de ontem. E após quase 20 horas de debate entre os Parlamentares mineiros, no plano federal e no plano estadual, e a Comissão Executiva do Partido, à noite, o talentoso, o brilhante parlamentar Roberto Brant desistiu da sua candidatura, abrindo caminho para que se permitisse a conciliação e, com ela, o entendimento em torno de uma decisão que não ferisse a tradição de Minas e do partido em solucionar internamente as suas divergências, e encontrar o caminho de Minas para promover o nosso Estado a uma posição de participação nas decisões nacionais.

Às 9 horas da noite de ontem, surgiu a decisão da representação mineira no Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa e na direção estadual do Partido, sob a presidência do Sr. Clésio Andrade, Presidente da Confederação Nacional dos Transportes e meu suplente no Senado, com a participação ilustre de dois grandes nomes que participaram do Governo Fernando Henrique Cardoso, o Sr. Carlos Meles, Ministro do Esporte e Turismo, e o Sr. Roberto Brant, Ministro da Previdência, dois excelentes ministros: decidimos apoiar a candidatura de Aécio Neves ao Governo de Minas Gerais.

Assegurada a participação do meu Partido da Frente Liberal na futura constituição do Governo de Aécio Neves no Palácio da Liberdade, foi solicitado que o nosso partido indicasse, como fará com certeza na próxima segunda-feira, um nome para Vice-Governador do Estado e outro para Senador da República. Essa foi a decisão tomada.

De outro lado, há a dor e o tormento de não se ter chegado a um entendimento com o talentoso, competente e lúcido Deputado Roberto Brant*. No entanto, diante da sua desistência e da sua compreensão nesse capítulo, devemos aliar-nos, num clima de harmonia e de campanha intensa, que desenvolveremos a partir de agora, principalmente depois das convenções, para que Aécio Neves venha a ser, como queremos, o futuro Governador de Minas Gerais, no Palácio da Liberdade.

Como seu nome bem expressa, esse Palácio é o símbolo da liberdade. Poucos palácios de Governo no Brasil têm a história e a dimensão do Palácio da Liberdade, sede do Governo de Minas. Ao lembrarmos que, em um século, apenas 25 mineiros ocuparam o cargo de Governador do Estado - como explicava Gustavo Capanema* -, devemos enaltecer a participação de todos aqueles que o fizeram com dignidade e respeito.

Ressalto, ao final, que na próxima segunda-feira, a Comissão Executiva do Partido, com 18 integrantes, indicará à convenção partidária, em entendimento possível com o Deputado Aécio Neves, os nossos candidatos a Vice-Governador de Minas Gerais e a Senador da República.

É essa a comunicação que faço à Casa, para registrar uma decisão histórica e que certamente levará a aliança entre o PSDB, o PFL e outros partidos políticos a ocupar dignamente o Palácio da Liberdade, resgatando, até com o apoio do Sr. Itamar Franco, a história, a grandeza e o desenvolvimento de Minas Gerais, um Estado que merece sempre o respeito e a consideração de todos os brasileiros.

Muito obrigado.


Modelo1 5/7/244:13



Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2002 - Página 12660