Discurso durante a 97ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

PREOCUPAÇÃO COM A ESCALADA DA VIOLENCIA NO ESTADO DE RONDONIA, ESPECIALMENTE NO MUNICIPIO DE VILHENA.

Autor
Chico Sartori (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RO)
Nome completo: Francisco Luiz Sartori
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • PREOCUPAÇÃO COM A ESCALADA DA VIOLENCIA NO ESTADO DE RONDONIA, ESPECIALMENTE NO MUNICIPIO DE VILHENA.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/2002 - Página 13688
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • COMENTARIO, AUMENTO, VIOLENCIA, AMBITO NACIONAL, REPUDIO, ATUAÇÃO, CRIMINOSO, MUNICIPIO, VILHENA (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), SEQUESTRO, GUMERCINDO OLIVEIRA, SEBASTIÃO BORJOUR, SACERDOTE.
  • NECESSIDADE, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, CRIAÇÃO, LEGISLAÇÃO, BENEFICIO, CONSTRUÇÃO, COLONIA PENAL, EXPLORAÇÃO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), APROVEITAMENTO, TRABALHO, PRESO, REDUÇÃO, CUSTO, PRESIDIO.
  • INFORMAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, CONVENÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE RONDONIA (RO), APRESENTAÇÃO, CANDIDATURA, REELEIÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. CHICO SARTORI (Bloco/PSDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as autoridades públicas brasileiras estão debatendo exaustivamente o grave problema da violência urbana no País, quando o crime organizado parece exercer um poder paralelo dentro da nossa sociedade e o verdadeiro Estado de Direito sucumbe diante da sua impotência frente aos chefões das organizações criminosas que amedrontam os cidadãos de bem deste País, usando as nossas crianças e adolescentes como atravessadores e meios de transporte no mercado cruel do tráfico de drogas; quando a grande mídia elege a violência como a sua principal ferramenta para conquistar o mercado do jornalismo, quer televisivo, radiofônico ou mesmo escrito, por meio dos principais jornais de grande circulação nacional; quando, na sua prática, o nosso sistema carcerário já não mais consegue controlar a insatisfação de suas populações, entre as quais a droga e a corrupção contribuem para a propagação do crime organizado, basicamente em todos os Estados brasileiros.

Pois bem, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estive na região sul do meu Estado de Rondônia, especialmente na cidade de Vilhena, que, até alguns anos atrás, era uma cidade calma e tranqüila. Hoje, porém, Vilhena se transformou em uma cidade onde a violência e as drogas estão tomando conta das nossas ruas, deixando a nossa população perplexa, amedrontada com os marginais que atuam na cidade.

Quero, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, registrar, com pesar, um grave acontecimento ocorrido na cidade de Vilhena neste último final de semana, quando uma quadrilha, composta de cinco marginais, seqüestrou os sacerdotes Gumercindo Oliveira, de 55 anos, e Sebastião Borjour, de 42 anos, padres da nossa Igreja Católica, reconhecidos religiosos pelos seus valorosos trabalhos em prol da nossa comunidade.

Pois, Sr. Presidente, esses religiosos foram rendidos e seqüestrados na noite do último sábado, levados para um cativeiro na saída da nossa cidade de Vilhena, onde foram amarrados e mantidos até às 4 horas da madrugada do sábado, quando os marginais fugiram levando a caminhonete Toyota, pertencente à Diocese de Ji-Paraná. Além da caminhonete, os marginais roubaram ainda aparelho de televisão e máquina fotográfica.

Os padres, quando conseguiram se libertar, comunicaram o fato à Polícia Militar que, de imediato, cercou as redondezas da cidade de Vilhena. No entanto, a Polícia Militar não obteve êxito na operação policial.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o barbarismo que assola a nossa sociedade nos dias de hoje, não só provoca uma onda da indignação diante de fatos como esse que acabo de registrar perante esta Casa do Congresso Nacional, mas sobretudo nos entristece pela perversidade que esses bandidos vêm cometendo contra homens de bem deste País.

É preciso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que as autoridades constituídas, principalmente os Poderes Legislativo e Judiciário, tratem de indivíduos que optarem por enveredar pelo crime organizado com penalidades severas que, de certa forma, possam inibi-los a praticar tamanhas e absurdas crueldades.

Mas, Sr. Presidente, o que nos preocupa num instante como este é que parece o País ter criado um cenário propício para o desenvolvimento de cenas dessa natureza, onde a miséria e a violência fazem parte dessa receita.

Finalizando, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse tipo de crime nos parece que continua sendo tratado pelas autoridades como um delito de rotina de delegacia de polícia.

É inadmissível que mentes desumanas e doentias se sintam no direito de praticar tamanha barbaridade com religiosos que, diuturnamente, têm como meta a construção do bem e da paz espiritual dos nossos irmãos.

Estou indignado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. O que mais me preocupa é sentir, no fundo do meu coração, a tamanha covardia desses marginais que, enlouquecidos pela violência, agridem religiosos e virtuosos disseminadores da paz e, sobretudo, do bem comum. Portanto, quero nesta tribuna expressar a minha solidariedade aos referidos padres de minha cidade de Vilhena, bem como a toda sua comunidade católica, à qual tenho a honra de pertencer.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é lamentável que fatos como esse ocorram em nosso País. Esses marginais não respeitam mais ninguém. A violência está tomando conta de um país com tanta terra e riqueza, onde muita coisa poderia ser feita.

A Amazônia inteira poderia ser explorada com o trabalho desses marginais. Deveríamos criar colônias penais específicas, com um sistema corretivo apropriado, nas quais os bandidos e os criminosos pudessem trabalhar e aprender uma profissão, e, quando deixassem o presídio o fariam com um emprego garantido, com vontade de trabalhar e não mais retornando à criminalidade.

Deveríamos fazer essas colônias penais, já que temos tantas terras produtivas neste País. O trabalhador que trabalha um dia inteiro percebe um salário mínimo de R$200, enquanto isso o Estado paga cerca de R$600 a R$700 por mês por um preso.

Vejam a distorção que existe. Há necessidade de que o Congresso Nacional, de nós, Parlamentares, tomarmos uma providência e criarmos uma lei para modificar tudo isso e fazer com que essa gente tenha um serviço, um trabalho, garanto que diminuiria muito a criminalidade do País. Eles matam, roubam, assaltam, porque dentro da prisão são bem tratados, têm comida farta, televisão, telefone celular. É por isso que eles voltam para as ruas e assaltam novamente. Sabem que na cadeia são bem tratados, e, fora disso, teriam que trabalhar. Há uma necessidade de mudança radical com relação aos nossos presídios.

No final de semana, o Congresso entrará em recesso. Tenho percorrido o Estado de Rondônia e recebido muitas solicitações de Prefeitos, Vereadores e autoridades, para que sejam efetuadas obras naquele Estado, nos Municípios.

Quero dizer aos Prefeitos que estamos lutando para conseguir recursos, batalhando junto aos Ministérios, aqui em Brasília, para atender àquelas comunidades e à sociedade do meu Estado, que é muito carente. É um Estado novo, onde muitas obras deverão ser construídas.

Agradeço o apoio que tenho recebido dos amigos e companheiros, aproveitando para informar que, no próximo domingo, realizaremos a Convenção do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), em Porto Velho, capital do Estado. Quero dizer aos meus amigos e companheiros, convencionais e delegados do meu Estado, que levarei o meu nome à convenção, e, se for a vontade da maioria, pleitearei a reeleição para o Senado da República.

Agradeço também aos Colegas Senadores pelo apoio, pela maneira como fui recebido e pelo tratamento recebido neste Congresso Nacional.

Sr. Presidente, nos quatro meses em que assumi o mandato no Congresso Nacional, como disse aqui no dia da minha posse, a única coisa que eu não queria era envergonhar o povo do meu Estado. Tenho certeza absoluta de que, continuando até o final deste mandato, muito mais ainda poderemos fazer pelo nosso Estado e pelo nosso País.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/2002 - Página 13688