Discurso durante a Reunião do Senado Federal, no Senado Federal

TRANCURSO DO ANIVERSARIO DE 150 ANOS DA FE EVANGELICA E DOS 100 ANOS DA IGREJA CRISTÃ EVANGELICA.

Autor
Iris Rezende (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Iris Rezende Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • TRANCURSO DO ANIVERSARIO DE 150 ANOS DA FE EVANGELICA E DOS 100 ANOS DA IGREJA CRISTÃ EVANGELICA.
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2002 - Página 14056
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, IGREJA EVANGELICA, BRASIL, COMENTARIO, AUMENTO, NUMERO, MEMBROS, ELOGIO, ATIVIDADE, RELIGIÃO, ATIVIDADE EDUCATIVA, VALORIZAÇÃO, CRIANÇA, APOIO, JUVENTUDE, DEFESA, INTEGRIDADE, FAMILIA, RECUPERAÇÃO, VICIADO EM DROGAS.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a consolidação da religião evangélica no Brasil, comprovada pelo último recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é reveladora de um trabalho profícuo, sério e comprometido com o desenvolvimento espiritual que vem sendo realizado há um século e meio em nosso País pelas Igrejas Evangélicas.

O povo brasileiro é essencialmente cristão em sua maioria esmagadora. Não há como separar a evolução da nossa história da presença constante do pensamento religioso entre nós, desde o descobrimento até hoje, inicialmente através do catolicismo e mais tarde através da vertente evangélica, que em última análise se originou na pregação reformista de Martinho Lutero na Europa.

Os números mais recentes do IBGE mostram a existência de 25 milhões de evangélicos brasileiros, confirmando a importância das Igrejas Evangélicas. O movimento está comemorando este ano o sesquicentenário da chegada da primeira missão evangélica ao nosso território - através dos pioneiros religiosos que para cá vieram a partir de 1855. Também neste ano de 2002 ocorre a passagem do centenário da Igreja Cristã Evangélica do Brasil, de grande destaque na comunidade evangélica.

Essas comemorações, Senhor Presidente, são bastante significativas, sugerindo uma aguda reflexão sobre o importante papel desempenhado em nosso País pela religiosidade cristã, mas especialmente pelas Igrejas que professam o credo evangélico, tanto no que diz respeito à busca da elevação e da espiritualidade quanto no que concerne à sua obra social e, por que não dizer, política.

Hoje, os evangélicos estão presentes em todos os setores da nação, celebrando a mensagem divina como corolário maior das suas atividades profissionais, da sua vida familiar e, enfim, da sua marcante e construtiva presença na sociedade brasileira.

Através da multiplicidade de suas denominações, de suas formas de organização e de seus ritos, as Igrejas Evangélicas têm uma importante atuação em nosso país, contribuindo também para a consolidação da democracia, para o desenvolvimento educacional, para a promoção da justiça social, da solidariedade e da cidadania entre o nosso povo. Com raras exceções, as Igrejas Evangélicas, apesar das diferenças litúrgicas e administrativas, identificam-se por uma missão comum e pelo sonho de construir uma nação cristã, desenvolvida e justa, por meio da pregação, do exemplo e do serviço, redirecionando o espírito de seus fiéis para o caminho da vitalidade e do progresso humano.

Não bastasse o trabalho de levar a palavra de Deus a milhões de brasileiros, as Igrejas Evangélicas reúnem um exército de voluntários inteiramente motivados pela fé para ajudar o próximo. Através do ensino e da vida comunitária, tem-se como prioridade a valorização da criança, o apoio à juventude, a defesa da integridade dos casais e das famílias, o apoio à terceira idade, a preservação do meio-ambiente, a recuperação dos viciados em drogas e álcool e o respeito às autoridades.

O verdadeiro cristão, Senhoras Senadoras e Senhores Senadores, é aquele que professa a sua fé na certeza de que a religião deve ser uma fonte permanente de renovação espiritual, social e política. Isso quer dizer que acredita na persistência do Evangelho como base concreta para os avanços da sociedade, sem insubordinação cívica e em estrita obediência a Deus. Assim, reforma social e reforma religiosa devem caminhar juntas, o que, particularmente para as Igrejas Evangélicas do Brasil, se traduz no trabalho que realizam com a manutenção de milhares de creches, a distribuição de cestas básicas, o atendimento médico e dentário gratuito, as casas de recuperação de dependentes químicos, as casas de recuperação de menores, os lares de recuperação de prostitutas, a abertura de hospitais e a multiplicação de escolas que vão dos níveis mais básicos até o ensino superior, além de milhares de outras obras em todos os campos onde há necessidade de apoio e solidariedade humana.

Enquanto a descrença e a desesperança com o futuro do Brasil tomam conta de largos contingentes da população, quem apóia a sua vida e a sua trajetória na fé cristã encontra as forças necessárias para prosseguir na sua luta cotidiana para espalhar a fraternidade e trazer uma nova ordem social - em que haja menos desigualdades e mais bem-estar para todos, sem discriminação de credo religioso, raça, sexo, idade ou qualquer outra restrição. Para as Igrejas Evangélicas do Brasil, apesar das suas várias denominações, sempre prevalecerá na organização da sociedade um fator espiritual e teológico forte e relevante. ´

É por esses motivos, pelo seu engajamento político e social com a história presente do nosso país, que a fé evangélica tem crescido e se expandido tanto nos últimos tempos, como evidenciaram as últimas estatísticas do IBGE. Funcionam hoje em nosso território, dentre tantas outras de igual importância, a Igreja Congregacional, a Igreja Presbiteriana do Brasil, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Igreja Metodista, a Igreja Batista, a Igreja Episcopal, a Igreja Assembléia de Deus, a Igreja Universal do Reino de Deus, as Igrejas Neo-Pentecostais, o Ministério Comunidade Cristã, a Igreja Sarah Nossa Terra e a Igreja Cristã Evangélica do Brasil, onde fui batizado aos 17 anos no templo do bairro de Campinas, na cidade de Goiânia, capital do meu Estado de Goiás, e que atualmente é dirigida pela figura extraordinária do pastor Marcos Antonio Alves José, condutor do rebanho de irmãos de fé da comunidade campineira.

Todas essas Igrejas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desempenham um papel importantíssimo não apenas junto aos seus membros, mas principalmente junto a segmentos diversos da sociedade brasileira. Como disse, vem em primeiro lugar o trabalho missionário e evangelizador propriamente dito, que persegue a elevação moral e espiritual das pessoas e que, aliás, é proposta comum de todas as religiões cristãs. Porém, não se pode ignorar a ação política e social dessas Igrejas, que têm no evangelho uma fonte permanente de renovação espiritual e política. É fundamental ter sempre em mente que essa motivação social nunca abre mão de aceitar como sua substância principal os preceitos bíblicos, em toda a sua grandeza e profundidade.

No passado, muitos desbravadores viajaram pelo Brasil afora levando a mensagem de Deus e espalhando a religião cristã. No meu Estado, Goiás, podemos encontrar templos evangélicos antiquíssimos em cidades como Catalão, Morrinhos, Palmeiras e na Cidade de Goiás, pontuando a lembrança daqueles homens e mulheres que primeiro ofereceram o seu quinhão de fé ao Criador, na tarefa de levar a mensagem de fé evangélica no homem e no seu futuro. Na segunda maior cidade de Goiás, Anápolis, pontifica como exemplo maior da dedicação desses pioneiros a Associação Educativa Evangélica, que oferece há décadas desde o ensino fundamental até o universitário, formando gerações de goianos para servir como técnicos e humanistas responsáveis e bem instruídos, conscientes dos princípios religiosos e do compromisso moral e social das suas profissões.

Quero, Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, dar aqui o meu testemunho pessoal sobre o movimento evangélico cristão, de que, como já mencionei, faço parte como integrante da Igreja Cristã Evangélica do Brasil, no bairro de Campinas, em Goiânia. Foi ali que pude completar os rigorosos ensinamentos de vida que recebi do meu pai e da minha mãe, evangélicos que me ensinaram a leitura das Sagradas Escrituras e a importância da militância religiosa e comunitária. Por isso, desde criança, no calor do convívio familiar, na cidade de Cristianópólis, no interior de Goiás, onde nasci e onde vivi até os 16 anos, pude consolidar dentro de mim a crença de que os valores fundamentais do homem são o caráter, a honestidade, a verdade e a disciplina, bem como o culto do amor ao próximo e a salvaguarda da família como o bem maior da sociedade, dogmas maiores de todo o cristianismo. Acredito que essa educação religiosa que recebi, contemplando o exemplo dos meus pais, ajudou fundamentalmente a me preparar para o exercício da vida pública, a que me consagrei como um sacerdócio a serviço do povo do meu Estado e do meu país.

Reconheço com satisfação a influência da fé cristã no curso da minha existência, imprimindo nas minhas ações, nos diversos e importantes cargos que tenho exercido, os valores religiosos que devem impregnar a jornada de todos os homens de bem. É exatamente dessa maneira que as Igrejas Evangélicas, para todos os seus membros, constituem-se um referencial, um apoio, um abrigo, uma estrada para o futuro, longe da indiferença e da incredulidade. Um processo de educação, enfim, para uma vida de humildade e trabalho, partilhando com os nossos irmãos e irmãs a construção da história do nosso país.

A esperança é um ato de fé. Depois de vivermos períodos de hostilidade entre as várias crenças religiosas, hoje parece haver, no mundo inteiro, uma convergência em torno do ecumenismo, a partir do grande movimento confraternização universal das religiões iniciado pelo saudoso papa João XXIII. Hoje, a congregação de todas as religiões cristãs, pelo seu fundamento divino único, transformou-se em fato consumado da maior importância, no momento em que o mundo contemporâneo se vê atraído quase que exclusivamente para os valores materiais e passageiros, perdendo-se em conflitos que não subsistem ao exame da razão e do dever de solidariedade entre os povos.

Não podemos permitir que a descrença tome conta de nossos corações e nos conduza ao egoísmo ou ao imobilismo. Nessa tarefa que temos, de solidificar as bases de uma sociedade democrática e solidária no Brasil, descobrimos que religiosos e políticos, atuando por caminhos diferentes, buscam objetivos idênticos. Por isso, ao saudar a passagem dos 150 anos de fé evangélica e dos 100 anos da Igreja Cristã Evangélica do Brasil, quero atestar a importância do trabalho desenvolvido pelo movimento evangélico e a certeza de que seus esforços, somados ao empenho de todos os segmentos religiosos cristãos da sociedade brasileira, de mãos dadas, estão contribuindo para proporcionar ao nosso povo um presente mais solidário e um futuro com melhores perspectivas.

O registro dessa homenagem, nos anais do Senado Federal, comprova, ao contrário do que apregoam muitos, que este não é um país sem memória. A presença histórica das Igrejas Evangélicas e a constatação do seu trabalho atual na sociedade brasileira merecem o reconhecimento de todos quantos tenham compromisso com a democracia, a solidariedade, a justiça social, a cidadania e a educação de todos brasileiros.

Muito obrigado!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2002 - Página 14056