Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

INDIGNAÇÃO COM A REPORTAGEM PUBLICADA HOJE NO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, CUJA MANCHETE "MINISTERIO PUBLICO PEDE PRISÃO DE SOBRINHO DO SENADOR JOÃO ALBERTO" E BASEADA EM EQUIVOCO COM HOMONIMO DO IRMÃO DE S.EXA. LEVIANDADE NO ENVOLVIMENTO DE S.EXA., DO SENADOR JOSE SARNEY E DA EX-GOVERNADORA ROSEANA SARNEY EM DENUNCIAS DE IRREGULARIDADE.

Autor
João Alberto Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: João Alberto de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • INDIGNAÇÃO COM A REPORTAGEM PUBLICADA HOJE NO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, CUJA MANCHETE "MINISTERIO PUBLICO PEDE PRISÃO DE SOBRINHO DO SENADOR JOÃO ALBERTO" E BASEADA EM EQUIVOCO COM HOMONIMO DO IRMÃO DE S.EXA. LEVIANDADE NO ENVOLVIMENTO DE S.EXA., DO SENADOR JOSE SARNEY E DA EX-GOVERNADORA ROSEANA SARNEY EM DENUNCIAS DE IRREGULARIDADE.
Publicação
Publicação no DSF de 27/06/2002 - Página 13486
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • REPUDIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), FALSIDADE, ACUSAÇÃO, IRMÃO, ORADOR, CORRUPÇÃO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • CRITICA, ATUAÇÃO, IMPRENSA, DIFAMAÇÃO, ORADOR, JOSE SARNEY, SENADOR, ROSEANA SARNEY, EX GOVERNADOR, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PREJUIZO, VIDA PUBLICA, NECESSIDADE, PROVIDENCIA, SENADO.

O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com grande constrangimento que venho a esta tribuna tratar de um assunto pessoal. Sei o quanto custa ao povo brasileiro cada minuto em que ocupamos esta tribuna.

Em 1967, em visita ao Uruguai, em plena ditadura brasileira, encontrei, em Montevidéu, um cidadão chamado François, técnico em eletrônica que dizia estar exilado sem saber por quê. Dizia-me que tinha sido preso pelas forças da repressão da época. Seu nome era François, e os jornais publicavam que ele era um técnico vindo da França para fazer subversão no Brasil. Foi preso, mas terminou, por meio de habeas corpus, saindo da prisão. Após uma nova ordem de prisão, ele se exilou na embaixada do Uruguai.

Dizia ele que nunca tinha participado de política. Apenas possuía o nome François. Como todos os jornais publicavam que era um francês, a Revolução, para não se desmoralizar, queria prendê-lo. Ele teve que se exilar no Uruguai sem participar, em absoluto, da vida política brasileira.

Há poucos meses, aqui, numa Comissão temática, reclamara o Senador Romero Jucá. Um episódio, em Belo Horizonte, envolvia o nome de um Juca, e no interrogatório perguntaram se esse cidadão não era o Senador Romero Jucá. Publicado o nome Romero Jucá, ele fazia os reparos. S. Exª não tinha absolutamente nada com isso. Era uma tentativa de envolver um membro do Congresso Nacional num problema local.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o Brasil está vivendo uma fase em que o modismo é o denuncismo. Em 1967, tínhamos uma ditadura implantada em nosso País. As perseguições, a tortura, enfim, o terror implantado era a norma. Mas agora estamos sob a égide e o regime democráticos.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, temos lido nos jornais, visto nas televisões, as publicações, as armações feitas, principalmente às vésperas de eleições nacionais e estaduais.

Recentemente, tivemos uma grande armação, que culminou com a retirada da candidatura da Drª Roseana Sarney à Presidência da República. Uma testemunha, ouvida pelo delegado, dizia: “queremos chegar a José Sarney”. José Sarney, pai da Roseana Sarney, homem que o Brasil respeita e de quem tenho grande orgulho e honra de ser amigo pessoal.

Saindo a Roseana do páreo, a bola da vez é o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. As Srªs e os Srs. Senadores podem me perguntar: Senador João Alberto, o que V. Exª tem a ver com isso? V. Exª é do PMDB, Lula é do PT, a Roseana era candidata pelo PFL, e seu Partido coliga agora com o Partido do Senhor Presidente da República.

Sr. Presidente, é por esse assunto que venho à tribuna hoje.

A manchete de um jornal traz o escândalo de Santo André: “Ministério Público pede prisão de sobrinho do Senador João Alberto.”

Hoje, Sr. Presidente, jornal local traz uma página inteira tratando dessa matéria. Eu não sei se existe escândalo ou se isso é mais uma armação, querendo chegar ao presidenciável Lula da Silva. Cita um cidadão chamado Klinger, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, e vem trazendo o meu retrato. A minha foto está aqui, junto com a foto de José Sarney e de Roseana Sarney, como se esse cidadão fosse sobrinho meu. Eu não conheço nem a cidade de Santo André. Eu tenho um irmão com o nome Klinger, mas eu não conheço esse cidadão, e a minha família não o conhece. Só com muita má-fé, Sr. Presidente, um jornal poderia publicar isso, envolvendo o meu nome, principalmente no momento em que sou Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, lei que irá nortear o Orçamento da República. Há aqui a tentativa de envolvimento do meu nome e o nome do Sr. José Sarney, como se estivéssemos participando de um escândalo de Santo André. Tanta má-fé! Como se procura enxovalhar a honra das pessoas!

Meu irmão se chama Antônio Klinger de Souza, e o jornal se refere a Klinger Luiz de Oliveira Souza. Meu irmão é um professor universitário de vida ilibada, correto. É um cidadão querido e respeitado na universidade onde trabalha. E, neste momento, procuram envolver o meu irmão por causa da minha pessoa.

Tenho a impressão de que isso está ocorrendo porque, recentemente, o ex-presidente José Sarney demonstrou que poderia votar em Lula da Silva. Hoje, a grande armação! Risco Brasil, culpa de Luiz Inácio da Silva; desvalorização do Real, culpa do Lula; queda da Bolsa, culpa do Lula. Chegam a José Dirceu para poder chegar ao Lula; chegam a Benedita da Silva pelo mesmo motivo.

Morei onze anos no Rio de Janeiro e colei grau como economista na Faculdade de Ciências Econômicas e Política do Rio de Janeiro. Sei como é a onda de criminalidade no Rio de Janeiro, mas hoje procuram dizer que a culpa é de Benedita da Silva, para se chegar ao presidenciável Lula da Silva. Tudo é Lula.

A armação continua, mas querer envolver o meu nome e o do Senador José Sarney nesse episódio de Santo André já é demais!

Sr. Presidente, esse jornal deve ter mais de 20.000 exemplares vendidos diariamente. É o Correio Braziliense. Amanhã, poderá sair uma notinha, mas não dirá que mentiu e que isso é uma inverdade. Será apenas uma notinha. O cidadão nem me conhece e nem sei do que se trata.

Era essa a explicação pessoal que eu queria fazer. Vários episódios semelhantes têm acontecido e maculam a imagem do Senado Federal. Tenho a impressão de que esta Casa deveria tomar alguma providência. Não pode ficar apenas nisso. São jornais publicando uma inverdade contra um membro desta Casa.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/06/2002 - Página 13486