Discurso durante a 100ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da visita ao Congresso Nacional dos presidentes dos países que formam as comunidades dos povos de língua portuguesa. Participação de S.Exa. nos estudos acerca da viabilidade da criação de uma nova moeda para o Timor Leste, por solicitação do Presidente Xanana Gusmão. Importância dos programas de renda básica.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Registro da visita ao Congresso Nacional dos presidentes dos países que formam as comunidades dos povos de língua portuguesa. Participação de S.Exa. nos estudos acerca da viabilidade da criação de uma nova moeda para o Timor Leste, por solicitação do Presidente Xanana Gusmão. Importância dos programas de renda básica.
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/2002 - Página 14924
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, SENADO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, MEMBROS, COMUNIDADE, PAIS, LINGUA PORTUGUESA.
  • INFORMAÇÃO, REALIZAÇÃO, ENCONTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, XANANA GUSMÃO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, TIMOR LESTE, PAULO NOGUEIRA BATISTA JUNIOR, ECONOMISTA, DISCUSSÃO, POSSIBILIDADE, CRIAÇÃO, MOEDA, GOVERNO ESTRANGEIRO, VIABILIDADE, RENDA, CIDADANIA.
  • COMENTARIO, DISCUSSÃO, ORADOR, FRADIQUE DE MENEZES, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, SÃO TOME E PRINCIPE, POSSIBILIDADE, CRIAÇÃO, RENDA, CIDADANIA, GARANTIA, RENDA MINIMA, TOTAL, POPULAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar que, ontem, o Senado Federal recebeu os presidentes dos países que formam as comunidades dos povos de língua portuguesa, inclusive o Primeiro-Ministro de Portugal, Durão Barroso, e os presidentes, primeiros-ministros e chanceleres de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Foi a primeira vez que o presidente recém-eleito do Timor Leste visitou o Brasil depois de sua posse e depois da instalação do seu governo, que tanto contentamento deu aos brasileiros e aos povos de língua portuguesa.

Gostaria de registrar ainda que ontem, ao dialogar, no Congresso Nacional, com o Presidente do Timor Leste, Xanana Gusmão, recordei a visita que S. Exª me fez, em São Paulo, quando eu ainda não era candidato à Presidência - tive inclusive oportunidade de recebê-lo em minha residência. Naquela ocasião, estava presente também o economista Paulo Nogueira Baptista Júnior.

Uma das preocupações relevantes do economista era poderem ter os países a sua própria moeda. O brasileiro Sérgio Vieira de Mello, nosso embaixador, teve a importante missão de estar à frente da administração do Timor Leste durante a fase de transição, desde a independência da Indonésia até a posse do Presidente Xanana Gusmão. Mas, nesse período, o Timor Leste introduziu o dólar como sua moeda.

O economista Paulo Nogueira Baptista Júnior entendeu que poderia ser melhor para o Timor Leste se o país criasse a sua própria moeda. Com isso, o país teria melhor condição de administrar a economia, mesmo se tratando de uma nação relativamente pequena. E o Presidente Xanana Gusmão se interessou muito pelo tema.

O que eu gostaria de registrar, Sr. Presidente, é que o Presidente Xanana Gusmão pediu-me para marcar um encontro, que se realizará amanhã, às 9 horas e 30 minutos, no Hotel Maksoud, em São Paulo, e do qual participaremos o economista Paulo Nogueira Baptista Júnior e eu. Dialogaremos sobre a possibilidade e a viabilidade da criação de uma nova moeda para o Timor Leste, a fim de que o referido país não precise utilizar o dólar como sua moeda.

Na oportunidade, também falarei com o Presidente Xanana Gusmão sobre a possibilidade de ali se instituir uma renda de cidadania, como um direito de todos os cidadãos do Timor Leste de participarem da riqueza daquela nação.

Ainda que o Timor Leste seja uma nação muito mais pobre do que o Brasil e do que outras nações - ela é uma das nações mais pobres do mundo --, é perfeitamente possível considerarmos a possibilidade de ali também se instituir uma renda básica, inclusive na forma da renda básica incondicional.

Aliás, também ontem, tive oportunidade de conhecer o Presidente de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, um país de língua portuguesa, que tem hoje 140 mil habitantes. Perguntei a S. Exª quais são as principais riquezas do país. S. Exª respondeu que, hoje, seu país poderá se beneficiar da descoberta recente de reservas petrolíferas e que será aberta, nos próximos dias, uma licitação para a exploração do petróleo.

Foi então que relatei ao presidente que seria interessante que São Tomé e Príncipe seguisse o exemplo do Fundo Permanente do Alasca, que separa uma parte da riqueza todo ano acumulada para prover a todos os residentes naquele Estado o direito a um dividendo, a uma renda básica, a uma renda de cidadania.

O Presidente Fradique de Menezes se entusiasmou tanto com a questão, que me pediu que lhe desse mais elementos. Dei-lhe o meu livro Renda de Cidadania: A Saída é Pela Porta, que a Cortes Editora e a Fundação Perseu Abramo editaram neste ano, para transmitir-lhe como será perfeitamente possível ali, em São Tomé e Príncipe, instituir-se em breve uma renda básica como um direito à cidadania.

Era esse o registro que eu gostaria de fazer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Modelo1 4/24/248:40



Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/2002 - Página 14924