O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PFL - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tive o privilégio de participar, no sábado passado, dia 31 de agosto, na cidade de Manaus, do evento comemorativo dos trinta anos de funcionamento da Rede Amazônica de Televisão.

Esse evento transcende as já tradicionais e justas comemorações de trinta anos de um empreendimento vitorioso nos incertos dias em que vivemos, cerceados pelas imprecisões e acumulações tributárias, pelas indefinições creditícias devido à exorbitância das taxas de juros e pela modéstia do nosso avanço tecnológico em áreas de ponta como ainda acontece com o setor de comunicações.

            A peculiaridade desse evento está no misto de destemor e sonho que envolve os empreendimentos plantados na vastidão da Região Amazônica. Como disse o empresário Phelippe Daou no discurso de inauguração da primeira unidade da rede, a Rádio TV do Amazonas, em 1º de setembro de 1972, “é mais que uma simples empresa de televisão, é, antes e acima de tudo, um ideal”.

A Rede Amazônica é integrada, hoje, pela Rádio TV do Amazonas de Manaus, pela TV Rondônia de Porto Velho, pela TV Acre de Rio Branco, pela TV Roraima de Boa Vista, pela TV Amapá de Macapá, por mais de uma centena de retransmissoras, e pelas Rádio Amazonas FM - 105 de Manaus, Rádio Acre e Rádio Amapá FM.

A imensidão das distâncias amazônicas, as dificuldades para circulação das informações, a inexistência de rodovias para ligação da maioria das localidades, a sujeição, em alguns casos, ao regime dos rios para circulação das riquezas induziam os amazônidas a um determinismo de afastamento do conhecimento e do processo de desenvolvimento em curso nas demais regiões do País.

            O sonho de Phelippe Daou era de uma televisão recreativa, informativa, esportiva e cultural, procurando mostrar sempre mais a região, para que todos pudessem avaliar a verdadeira revolução de desenvolvimento sustentado ali realizado. A realidade veio por etapas, pela agregação paulatina das diversas unidades da Rede.

No meu Estado de Roraima, em junho de 1974, às sete horas da noite, a cidade de Boa Vista viveu uma grande expectativa. Em centenas de lares, famílias e vizinhos se aglomeravam diante do televisor. Em dado momento, surge a logomarca da TV Roraima. Era o milagre da imagem e do som ao alcance de todos. A magia cromática da televisão colorida mostrava a festa de abertura da Copa do Mundo. Depois da alegria da Copa do Mundo, a população de Boa Vista ficou sem as imagens da televisão, que só foram retomadas no início de 1975, após os necessários ajustes dos equipamentos.

Mas nem tudo eram flores. Os primeiros anos da TV Roraima se deram com a apresentação de noticiários e programas de entretenimento com um ou mais dias de defasagem, uma vez que as transmissões via satélite só foram implantadas no final dos anos setenta.

Quantas e quantas vezes os malotes transportando as fitas com os programas, vindos de Manaus em ônibus que transitavam pela BR-174, ainda não pavimentada, chegavam a Boa Vista impregnados de terra, impedindo os roraimenses de conhecer o seu conteúdo, tendo de rever programas ou capítulos de novelas já apresentados.

Assim como no caso de Roraima, muitas outras histórias de pioneirismo e de determinação aconteceram na implantação das demais unidades da Rede e de suas transmissoras. A Rede Amazônica tem exercido papel de verdadeira integração, levando o registro de eventos, notícias do Brasil e do mundo e programas de informações aos mais recônditos rincões da nossa região, além de operar a integração com as demais regiões do País e de estreitar o relacionamento com alguns países amazônicos que recebem o seu sinal.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesta celebração do Jubileu de Pérolas da Rede Amazônica, associo-me ao regozijo dos diretores e dos funcionários espalhados por todos os recantos da região, pelo êxito desse majestoso empreendimento de comunicação dirigido pelo empresário Phelippe Daou, e coloco-me dentre os espectadores e ouvintes que desfrutam das imagens e da sua presença, que “mantém a todos informados dos acontecimentos locais, nacionais e internacionais via satélite, no mesmo instante dos grandes centros do País e do mundo”.

Portanto, Sr. Presidente, era esse o registro que gostaria de fazer por ocasião dos 30 anos da Rede Amazônica de Televisão, que, como disse, representou e representa um marco de integração da Região Amazônica com o Brasil e dos seus Estados entre si.

Muito obrigado.