A SRª MARIA DO CARMO ALVES (PFL - SE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna desta Casa, nesta oportunidade, para tecer comentários sobre um tema que considero dos mais oportunos e fundamentais para o desenvolvimento adequado de nossa juventude no contexto de modernidade que já é uma realidade para as famílias de maior poder aquisitivo e que, agora, se pretende difundir em nível nacional.

Refiro-me à exposição dos jovens, nos lares e nas escolas, ao contato com os computadores, principalmente quando ligados à rede mundial de computadores, a Internet.

Não podemos deixar de considerar a presença crescente e disseminada dos computadores em nossas vidas pessoais e profissionais, sendo inquestionável o fato de que não se pode mais prescindir de seu uso e conhecimento básico para a sobrevivência de nossa vida social plena. A televisão de hoje será o computador de amanhã, porém com uma grande diferença: se na TV, que sabemos a origem da informação, já temos dificuldade de controlar a programação, imaginem na Internet, onde os pontos de difusão são incontáveis e de difícil - ou quase impossível - localização?

Da mesma forma, são inegáveis os benefícios advindos da explosão da Internet, que permitiu a universalização de informações de todos os lugares do planeta, com pouquíssimas exceções, disponibilizando a quem estiver conectado, em velocidade e qualidade surpreendentes, uma gama de conhecimentos antes impensável de ser obtida.

No entanto, os computadores, potentes ferramentas de trabalho, de estudo, de lazer e de conhecimento, encerram perigo potencial, no uso da Internet, uma vez que a liberdade de acesso a informações inadequadas e impróprias é uma faceta negativa e, infelizmente, presente na nossa vida uma vez que nossos jovens estão expostos, desde a mais tenra idade, a esse tipo de material.

Temas adultos e, pior ainda, sites de pornografia e violência estão presentes e não devem ser franqueados às crianças e adolescentes, sob pena de estarmos incitando-os a procedimentos criminosos e deturpadores de sua formação.

Sr. Presidente, mesmo nos milhares de jogos disponíveis para uso em computadores, ligados ou não à Internet, existe uma expressiva maioria de jogos eletrônicos que demandam ações violentas ou de contravenção para o sucesso dos objetivos em jogo. Isso é também altamente pernicioso à formação de nossa juventude.

O que fazer, então? A prevenção é a melhor saída, o que significa que se deve atuar na formação de conhecimento e consciência dos responsáveis pela educação nos lares e nas escolas. Os pais e professores precisam ter uma formação básica em computação, que os autorize a avaliar e decidir sobre a conveniência de uso do computador por um jovem, para utilizar jogos ou navegar pela Internet, restringindo-lhe a liberdade de acesso, quando isso não se configurar adequado e contributivo.

Srªs e Srs. Senadores, a formação a que me refiro deve ser clara e abrangente quanto ao potencial dos computadores para o bem e para o mal, sem rodeios quanto às possibilidades de seu uso inadequado e aos malefícios daí advindos.

A revolução tecnológica e a sociedade da informação são realidades consagradas em nível mundial, e a integração de nossos jovens a esse cenário é altamente benéfica, mesmo indispensável, para o progresso nacional.

Assim, fazer dos computadores parceiros positivos na formação das novas gerações é imperioso e torna-se um dever que todos e cada um de nós deve assumir.

Para tanto, é fundamental uma censura, no sentido mais positivo desse desgastado termo, para que não permitamos a criação de jovens desencaminhados e calcados por padrões incorretos em seus valores de vida, que redundarão em homens e mulheres muito distantes dos ideais que almejamos para nossos filhos.

Essa censura deve partir de todos nós, mas em especial dos pais e dos nossos educadores, pois são eles os responsáveis diretos no processo ensino-aprendizado pelo qual passam nossas crianças. São eles os grandes referenciais de conduta, de formação, de opinião e de modelo para os nossos jovens.

O assunto é delicado e complexo, e vem sendo objeto de intensos debates no Congresso Nacional.

Não podemos perder de vista essa questão, pois é um problema que tende a crescer cada dia mais com a democratização do computador. Por isso, a minha preocupação.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigada.