Discurso durante a 108ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exemplo de unidade nacional na conquista do pentacampeonato pela Seleção Brasileira de Futebol na última Copa do Mundo. Preocupação com o surto epidêmico de dengue no Estado de Rondônia.

Autor
Chico Sartori (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RO)
Nome completo: Francisco Luiz Sartori
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Exemplo de unidade nacional na conquista do pentacampeonato pela Seleção Brasileira de Futebol na última Copa do Mundo. Preocupação com o surto epidêmico de dengue no Estado de Rondônia.
Publicação
Publicação no DSF de 06/09/2002 - Página 17190
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • EXPECTATIVA, POSSIBILIDADE, UTILIZAÇÃO, ESFORÇO, UNIFICAÇÃO, SELEÇÃO, FUTEBOL, BRASIL, VITORIA, CAMPEONATO MUNDIAL, CONSCIENTIZAÇÃO, SOCIEDADE, DEFESA, EDUCAÇÃO, SAUDE, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, VIOLENCIA, PAIS.
  • APREENSÃO, ORADOR, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, EPIDEMIA, AEDES AEGYPTI, MUNICIPIOS, ESTADO DE RONDONIA (RO), ESPECIFICAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, PREFEITO, MUNICIPIO, VILHENA (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), COMBATE, DOENÇA TROPICAL.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ADOÇÃO, MEDIDA PREVENTIVA, PROTEÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO).

O SR. CHICO SARTORI (Bloco/PSDB - RO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, embora um pouco tarde, não poderia deixar de aproveitar esta oportunidade para, por um dever de consciência, trazer a esta tribuna um assunto que demonstra a minha satisfação e orgulho por ter nascido e me criado neste Pais.

Quero falar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, do momento em que aflorou na população brasileira, de norte a sul e de leste a oeste, o mais forte dos sentimentos de brasilidade, o da campanha da seleção brasileira e conseqüente conquista do pentacampeonato mundial de futebol.

O projeto de ganhar a Copa do Mundo foi, sem dúvida, um momento raro, em que o orgulho nacional fez com que o País se transformasse em uma grande família, que, esquecendo as divergências, sublimou seus problemas para se unir em torno de um objetivo maior que era levar o nosso Brasil à conquista, pela quinta vez, do título mundial de futebol.

Foram-se as críticas ao técnico, ao desempenho deste ou daquele jogador, às manobras dos cartolas, porque, na verdade, a nação de chuteiras conseguiu superar todos os problemas e crises criados em torno desse objetivo maior.

Bom seria, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, que esse sentimento, de modo igualmente generoso e desprendido, perpassasse outros projetos nacionais, além da Copa do Mundo. Bom seria, meus nobres colegas Senadores, ver essa grande família empunhando as bandeiras da educação, da saúde, do combate à desigualdade social, do combate à violência, num projeto único para o Brasil moderno e ao mesmo tempo ético e solidário.

Na verdade, Sr. Presidente, que bom seria ver toda a sociedade brasileira vestindo a camisa verde e amarela com o sentimento positivo do enfrentamento das crises econômicas que nos ameaçam, participando do projeto de ver colocadas todas as crianças na escola, torcendo para alcançar esses objetivos e sentindo-se envergonhada ao perceber que não está dando tudo de si para essa vitória.

Precisamos nos transformar em 170 milhões de atletas fazendo cada um a sua parte para que os governantes, nos seus diferentes níveis, possam garantir as condições para que esse jogo possa fluir a contento.

A questão, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, é que, para ganhar a Copa do Mundo de Futebol, a unidade se fez em torno de uma proposta em que ninguém abriu mão de absolutamente nada. Para direcionar os recursos do País para a educação, para a saúde, para o combate às desigualdades sociais, a parcela mais rica da nossa sociedade terá de abrir mão de privilégios e vantagens, terá que concordar em ser um pouco sacrificada em favor da copa da educação, da copa da saúde e de outras copas que se transformarão em orgulho nacional.

Sr. Presidente, a elite brasileira consegue pensar como nação, sentir-se parte de uma grande família em momentos como o que vivemos agora, mas não consegue sentir-se assim quando se trata de alcançar objetivos sociais. Quanto orgulho não sentiria algum membro dessa elite se chegasse em vários cantos do mundo e fosse identificado como integrante de uma nação campeã em educação, craque em saúde pública, mestre em segurança e, principalmente, em valores humanos.

Para isso, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, bastaria que fizesse parte de uma tomada de consciência que optasse por não querer mais ser membro de uma sociedade dividida, em que a pequena fatia mais rica enriquece cada vez mais e a grande maioria quase pobre e pobre empobrece dia após dia.

Na verdade, olhando para a nossa realidade, a Copa do Mundo bem demonstrou que a sociedade brasileira mantém - e muito fortemente - o orgulho nacional, que pode ser transformado em energia para a construção de um País diferente.

Mas, Sr. Presidente, gostaria de abordar um outro assunto, que trata da situação caótica vivida, nos últimos meses, pelos habitantes do Estado de Rondônia.

Sr. Presidente, gostaria de comentar sobre o surto epidêmico da dengue que, atualmente, assola as populações das diversas cidades do meu Estado de Rondônia.

Já se tem notícia de alguns casos de dengue hemorrágica em nosso Estado, principalmente na nossa Capital, Porto Velho. Eu mesmo fui vítima dessa perigosa doença, mas graças a Deus, pude, aqui em Brasília, tomar as providências clínicas necessárias para a minha total recuperação.

As populações rurais e urbanas de Rondônia encontram-se em estado de alerta, técnicos e sanitaristas preocupados com o desenvolvimento e a proliferação do seu transmissor o mosquito Aedes Aegypti. Foram identificados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica 368 casos de dengue, ou seja, cinco novos casos ao dia.

A capital, Porto Velho, lidera as estatísticas com 198 casos da doença, seguido de Rolim de Moura e Presidente Médice.

Por outro lado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, apesar da guerra declarada contra a dengue pelas autoridades da Secretaria de Saúde, em nosso Estado, dois fatores dificultam sobremaneira o seu combate. A chuva e a falta de conscientização da nossa população. Nesta época de período chuvoso, os ovos do mosquito transmissor estão no período de eclosão, aumentando consideravelmente o número de larvas nos locais ideais propícios à sua proliferação. A população continua, de certa forma, omissa, ou seja, não ajudando as autoridades a eliminar os focos de procriação do mosquito - os chamados criadouros.

Mas, Sr. Presidente, além de seus moradores não terem o conhecimento amplo da gravidade da doença, a situação se torna mais grave nos bairros periféricos da capital, são áreas e locais de extrema pobreza, propícios para o desenvolvimento da epidemia.

A cheia do Rio Madeira transforma os bairros periféricos em verdadeiros criadores a céu aberto, isso sem levar em conta a grande quantidade de terrenos baldios espalhados pela cidade de Porto Velho.

No entanto, quero aqui, nesta oportunidade, parabenizar o Prefeito de minha cidade Vilhena, Sr. Melki Donadon, que com o apoio da FUNASA - Fundação Nacional de Saúde, foi o precursor no combate efetivo e frontal ao surto dessa grave doença, que a cada dia cresce naquele município.

Entretanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aquele Prefeito vem demonstrando uma imensa vontade política para combater de forma efetiva o referido surto, mobilizando a Secretaria Municipal de Saúde no sentido de visitar todas as casas, orientando seus moradores a evitar a proliferação do inseto, constituindo numa verdadeira guerra no combate a essa epidemia.

Por outro lado, quero também ressaltar o envolvimento de algumas escolas de ensino fundamental, de diferentes municípios, que estão por meio de seus professores repassando informações aos alunos como devem prevenir a dengue em seus lares, numa demonstração do envolvimento da própria comunidade no combate a esta terrível ameaça que assola o território de Rondônia.

Para concluir, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o esforço por parte das nossas autoridades de saúde pública do Estado de Rondônia está sendo feito, parte da população está consciente, inúmeras instituições estão entrando nesta guerra. No entanto, torna-se extremamente necessário que as autoridades sanitárias da área federal tomem consciência de que o combate deve ser efetivo, como se fosse uma verdadeira operação de guerra, com o intuito de preventivamente salvar a população de Rondônia que, na sua maioria, é constituída de migrantes oriundos dos diferentes rincões desta pátria, que lá foram movidos pelo ideal e pela esperança de construírem um Estado próspero e progressista.

Quero, como Senador da República, fazer um apelo em nome do povo que represento, ao eminente Presidente da República Fernando Henrique Cardoso e ao Ministro da Saúde Barjas Negri que considerem com sensibilidade o que acabo de registrar nos Anais do Senado Federal.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/09/2002 - Página 17190