O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senador Pedro Simon preparou o texto deste requerimento, o qual subscrevo. Infelizmente, pela necessidade de S. Exª estar no Rio Grande do Sul, passo a ler as suas palavras, que também coloco como minhas e de tantos Srs. Senadores que, aqui, homenageiam uma das maiores figuras da Igreja Católica Brasileira, Dom Lucas Moreira Neves, que, faleceu anteontem, aos 76 anos, no Vaticano.

Mineiro de São João del Rei, onde nasceu em 16 de setembro de 1925, Dom Lucas honrou como poucos a terra de Tiradentes e do Presidente Tancredo Neves, de quem era primo.

Em 1950, após cursar Teologia na França, foi ordenado Padre pela Ordem dos Dominicanos. Pelos seus altos méritos, teve uma carreira meteórica nas fileiras da Igreja. Em 1967, foi ordenado Bispo e em 1987, Arcebispo de Salvador, Primaz do Brasil.

De 1995 a 1998, presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB. Em 1998, foi elevado, pelo Papa João Paulo II, ao posto de Prefeito da Congregação para os Bispos, ao qual renunciou, no ano de 2000, por problemas de saúde: a diabetes o obrigava a sessão freqüentes de hemodiálise.

            Também era membro da Academia Brasileira de Letras, como grande escritor que era. Até 1998, foi colaborador de alguns jornais brasileiros.

Listado entre os possíveis sucessores de João Paulo II, Dom Lucas ocupava o quarto lugar nessa categoria, de acordo com o livro Il Sucessore do vaticanista italiano Giancarlo Zizola.

Como primo do ex-Presidente Tancredo Neves, foi D. Lucas quem oficiou as cerimônias fúnebres de seu sepultamento, em São João Del Rei, em abril de 1985. Segundo Dona Rizoleta Neves, a viúva de Tancredo Neves: “A morte de Dom Lucas será pranteada por toda a comunidade cristã. Os sinos de São João Del Rei entoarão seu dobre mais triste e sentido pela morte de Dom Lucas, sacerdote exemplar, tocado de santidade”.

Entre os depoimentos de autoridades civis e eclesiásticas do Brasil, destacam-se os de Dom Raymundo Damasceno Assis, Secretário-Geral da CNBB: “Lamento profundamente a perda. É com muito pesar que anuncio essa notícia. Agora nos resta dirigir nossas orações a Dom Lucas”.

Dom Paulo Evaristo Arns, ex-Cardeal Arcebispo de São Paulo: “Pode-se dizer que Dom Lucas era, essencialmente, um mineiro. Sabia sempre dar um jeito de não acusar e de não ser acusado. Sabia, ainda, portar-se de modo, ao mesmo tempo, conservador e avançado. Mostrava-se avançado e amigo de todos quando trabalhava com as famílias e os jovens. Foi conservador, no entanto, em relação ao regime militar”.

O Presidente Fernando Henrique divulgou nota oficial em que diz: “É uma grande perda não apenas para a Igreja Católica, mas também para todo o Brasil e para todos os que, como eu, o conheceram e aprenderam a admirar seu trabalho pastoral. Ao longo de décadas, Dom Lucas sempre deu mostras de profunda vocação espiritual e de um sentimento permanente de proximidade com o povo brasileiro. Sentiremos muito a sua falta”.

Disse Dom Lucas: “A Igreja deve comunicar-se melhor, não mudar com os tempos”. “A mídia se tornou muito importante para a Igreja, que precisa usá-la melhor.” “A Igreja, no Brasil, é tão ou mais importante que na Europa e Estados Unidos. Não é política.”

A nós resta lamentar profundamente mais esta enorme perda que atinge a Igreja Católica do Brasil, rogando a Deus que conceda a Dom Lucas o justo e merecido descanso eterno.