O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, creio que não há nenhum assunto melhor para tratar neste momento do que a eleição do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Primeiramente, quero saudar a democracia brasileira, que se consolida nessa eleição, mostrando o amadurecimento do nosso povo, a sua luta, o processo democrático em si, o bom funcionamento das urnas, o trabalho adequado da Justiça. A eleição, enfim, foi tranqüila em todo o País, que elegeu, pela primeira vez, um operário, alguém que veio de uma família humilde do Nordeste, como retirante, para a cidade de São Paulo e conseguiu afirmar-se como Presidente da República. É uma grande conquista para nós, brasileiros, e um exemplo para todo o mundo essa ascensão de um operário, de uma pessoa da classe mais humilde à posição de Presidente da República.

Quero saudar, também, de forma muito incisiva, a grande luta do PT, um partido que começou há 22 anos, nascido das bases populares, e conseguiu, com muito conteúdo partidário e determinação, perseguir este grande objetivo de chegar à Presidência da República. Mais do que isso, o Partido dos Trabalhadores conseguiu arregimentar 60% da sociedade brasileira para o seu projeto de governar este País. Por isso, cumprimento o PT em todos os Estados brasileiros, por sua luta, seu trabalho; todos os operários e intelectuais que formaram esse Partido coerente, sério, determinado, com objetivos definidos, com fidelidade partidária, com uma gama de programas partidários, por chegarem hoje à glória de eleger o seu candidato à Presidência da República, encarnando o sentimento nacional.

Ao PT, nossos maiores elogios, nosso reconhecimento por seu trabalho. Hoje, ele não deixa de ser um grande exemplo para os outros partidos políticos, muitos dos quais se utilizam de fisiologismo, de acordos políticos, de barganhas, de acordos de cúpula. O PT perseguiu sua trajetória e conseguiu aglutinar a maioria do povo brasileiro em torno dessa grande vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

É importante, Sr. Presidente, ressaltar a pessoa de Lula, a sua maturidade em dois momentos: primeiro, quando da escolha de um grande coordenador para sua campanha eleitoral, o Deputado José Dirceu; segundo, quando da escolha para Vice-Presidente do Senador José Alencar, nosso colega, a fim de compor uma chapa que tranqüilizasse todas as camadas sociais do Brasil. Foi uma grande costura política, de onde vieram o programa eleitoral e a equipe de trabalho durante a campanha. E nós, políticos brasileiros, sabemos que, quando a campanha é bem organizada e engendrada, refletirá, necessariamente, um governo também organizado e determinado.

Percebi isso durante a campanha, já no primeiro turno, quando tomei a posição de apoiá-lo como candidato à Presidência da República no meu Estado, Goiás, contrariando a determinação do PMDB nacional. Fui para as ruas a fim de declarar meu voto. Mais do que isso, fiz pronunciamentos e pedi o empenho da população no sentido de abraçar a candidatura Lula, como um reflexo do seu amadurecimento, dos seus pronunciamentos, do teor da sua campanha, das alianças que conseguiu construir e da presença do Senador José Alencar em sua chapa.

Ressalto ainda que, passado o processo eleitoral, Lula outra vez mostrou àqueles que não votaram nele o seu amadurecimento. Lula hoje é um grande líder nacional, nosso Presidente, eleito com cinqüenta e dois milhões de votos. Em seus primeiros pronunciamentos, Lula deu um recado ao mundo a respeito da tranqüilidade nacional, um recado ao nosso mercado interno. Deu um alento às classes mais humildes e sofridas deste País ao anunciar a criação da Secretaria Nacional de Emergência Social, que prestará assistência aos mais necessitados. Tratou ainda de um ponto importante, a moradia, tema em cuja discussão esta Casa participou ativamente, bem como participou da votação do Estatuto da Cidade. Lula agora, em seu pronunciamento, dá o seu recado, com seriedade, procurando entrosamento com o Presidente Fernando Henrique Cardoso, dando mostra do amadurecimento da democracia brasileira.

Por isso, Sr. Presidente, ao saudar Lula, saúdo também o Presidente Fernando Henrique Cardoso que, adotando uma postura de estadista, criou a Comissão de Transição. Isso também reflete o amadurecimento da democracia brasileira e tranqüiliza a todos nós. Dessa maneira o Brasil não pára, mas inicia, com muita esperança, um processo novo a partir do dia 1º de janeiro.

Houve declarações de todos os partidos, independentemente da coloração ideológica ou de postura política. Saúdo também os segmentos organizados deste País que se manifestaram, estimulando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Percebemos a tendência de que haja oposição ao governo, uma aliança de vários partidos nesta oposição, mas, com o desejo de contribuir com o povo e com o Presidente da República, com os que querem mudança neste País, com os que querem que seja dada preferência aos interesses nacionais, aos mais humildes, aos excluídos da sociedade. Saúdo os partidos políticos, o PSDB, o PFL e outros que não apoiaram Lula no primeiro turno pelo desejo que manifestam de ter um bom convívio, pelo desejo de ajudar o Governo e a sociedade a resolver os grandes dramas sociais vividos pelo povo brasileiro ainda hoje.

São essas, Sr. Presidente, as minhas palavras, palavras de otimismo, palavras de fé, palavras de entusiasmo em relação a esse Brasil nosso de tantas potencialidades, de tantas riquezas, mas que precisa de tomar um caminho diferente, em caminho em direção aos brasileiros, tanto aqueles que moram nas grandes cidades, como aqueles que, morando no campo, cultivam o alimento para nós todos.

Por isso, Sr. Presidente, a vitória de Lula é a vitória da democracia brasileira. É a vitória do povo brasileiro. Tenho certeza, tenho fé de que será um bom começo para que o Brasil comece a trilhar um caminho de mais justiça social.

Muito obrigado, Sr. Presidente.