Discurso durante a 119ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre o pronunciamento do Presidente Fernando Henrique Cardoso a respeito dos oito anos de seu Governo.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Comentários sobre o pronunciamento do Presidente Fernando Henrique Cardoso a respeito dos oito anos de seu Governo.
Publicação
Publicação no DSF de 01/11/2002 - Página 18932
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ELOGIO, CONDUTA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROCESSO ELEITORAL, ABERTURA, POSSIBILIDADE, PARTICIPAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PROCESSO, SUCESSÃO, GOVERNO.
  • MANIFESTAÇÃO, DISPOSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, COLABORAÇÃO, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs; Senadores, venho hoje a esta tribuna para elogiar o discurso de prestação de contas do Presidente Fernando Henrique Cardoso, diante dos seus Ministros, em reunião realizada no Palácio do Planalto.

Em seu detalhado pronunciamento, praticamente de despedida, o Presidente da República fez um balanço aprofundado dos oito anos de mudanças, de desenvolvimento, de estabilidade, de democracia e de conquistas sociais que marcaram o Brasil durante os seus dois mandatos presidenciais.

Inegavelmente, nesses oito anos de modernização acelerada, o nosso País mudou radicalmente e tem hoje um encontro agendado com um futuro bem mais promissor. Saiu do isolamento geográfico, político e macroeconômico em que sempre esteve mergulhado durante séculos e acabou transformando-se na nona economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 600 bilhões de dólares, segundo a mais recente classificação divulgada há poucos dias pelos mais importantes organismos internacionais. Assim, com determinação, ousadia e competência, no período Fernando Henrique, o Brasil trocou o universo provinciano de suas fronteiras e aderiu ao mundo sofisticado da ciência, da técnica, da informação rápida, da era digital e da globalização, demonstrando eficiência, rapidez, organização, versatilidade, ganhos importantes de produtividade, capacidade de gestão, condições de competitividade e ação concreta nos fóruns mais importantes das decisões políticas e econômicas mundiais.

Por exemplo, na América do Sul, impulsionou e liderou todo o processo de organização do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), um importante tema de integração. Ao mesmo tempo, usando o seu peso econômico e o seu prestígio, conseguiu atrair para o mesmo projeto, Chile, Bolívia, Venezuela e Guianas.

Por outro lado, no que se refere à América Latina, tem sido exemplar na luta pelo fortalecimento da democracia e reconhecido pela maturidade e por não se deixar abater diante das graves crises econômicas que assustam constantemente as chamadas economias emergentes.

No plano continental, ou seja, no espaço geográfico representado pela América, ao lado dos Estados Unidos, o Brasil divide a liderança. Atua sem arrogância e sem qualquer desejo de dominação em sua área de influência. Comporta-se com muita responsabilidade e é reconhecido por todos os povos americanos como a segunda potência econômica e industrial mais importante.

No que diz respeito ao chamado mundo ocidental, mais uma vez, o Brasil aparece, após os Estados Unidos, como a segunda maior democracia. Por fim, vale ressaltar que, em nível mundial, o nosso País continua a ser um exemplo onde as liberdades políticas, religiosas e de opinião são respeitadas. Só a Índia e os Estados Unidos gozam do privilégio de ocupar a primeira e a segunda posições nesse importante quesito mundial sobre a liberdade humana.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em seu marcante pronunciamento de prestação de contas, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, apoiado em dados oficias, apresentou os progressos alcançados pela sociedade brasileira nesses oito anos em que esteve à frente do seu destino.

Segundo suas próprias palavras, logo que assumiu a Presidência da República, no início de 1995, poucos brasileiros acreditavam que seria possível organizar o Estado nacional, ganhar a confiança da Nação, inserir o País no mercado internacional globalizado, colocar ordem nas finanças públicas, controlar a inflação, estabelecer metas econômicas e sociais prioritárias, modernizar a vida social, enfim, garantir um processo duradouro de edificação da democracia, e ao mesmo tempo, de reformas fundamentais que precisavam ser feitas urgentemente em todo o sistema de organização institucional.

Pois bem, logo que assumiu o seu primeiro mandato, o Presidente Fernando Henrique Cardoso deparou-se com o gigantesco desafio de colocar ordem no Brasil, até então, um País totalmente sem rumo e desacreditado no mundo todo.

Na verdade, depois de vinte e um anos de ditadura militar, de quatro anos de transição referendada pelo chamado “Colégio Eleitoral”, e de apenas três anos de regime plenamente democrático, mas completamente tumultuado pelos desmandos praticados no período Collor, no final dessa agitada conjuntura que durou quase oito anos, o Brasil estava politicamente esgotado, institucionalmente desorganizado, internacionalmente desmoralizado e totalmente à mercê de novos ventos de instabilidade.

Como podemos concluir, o Presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu o seu primeiro mandato em um período crucial da história do Brasil. Afinal, após tantos desencontros nacionais, o povo brasileiro esperava que ele anunciasse um novo rumo, apontasse um novo caminho, determinasse uma nova trajetória, garantisse a paz, a construção da democracia e a estabilidade. 

E foi justamente isso que ele fez. Com o destemor que sempre o caracterizou durante toda a sua vida pública, não hesitou um minuto sequer e resolveu encarar o imenso sacrifício de comandar os destinos de um País onde tudo estava por ser feito. Todavia, ao contrário dos seus antecessores, sabia que não tinha o direito de errar.

Sem nenhuma dúvida, o significado desse papel histórico de grande dimensão que teve a coragem de avocar e o inegável resultado positivo que conquistou ao longo desses oito anos de trabalho incansável elevarão o Presidente Fernando Henrique, sem mais tardar, à condição de um grande governante. Assim, com reconhecimento, ele será consagrado por todos, mesmo pelos mais ferrenhos adversários de hoje, como um dos maiores estadistas que este País já produziu. Além de tudo, as próximas gerações reconhecerão que ele foi, ao mesmo tempo, um intelectual respeitado, um político de visão, um mandatário tolerante, um militante corajoso, um homem dos novos tempos, um democrata por excelência, um humanista convicto e um grande exemplo de dedicação, de competência e de probidade no trato da coisa pública.

O discurso do Presidente perante os seus Ministros fecha com chave de ouro um período de grandes transformações e deixa pronta uma respeitável infra-estrutura que permitirá ao Brasil, em curto espaço de tempo, completar a sua tão sonhada trajetória em direção ao Primeiro Mundo. Aliás, esse sempre foi o desejo de todo o povo brasileiro e essa sempre foi a grande motivação do Presidente que daqui a pouco se despede das luzes do poder, tendo cumprido grande a missão de colocar o País no caminho certo do seu destino. Por isso, sairá do Palácio do Planalto com a consciência tranqüila e com a certeza de que cumpriu a grande missão de colocar o País no caminho certo para a conquista do seu glorioso futuro.

Era o que tinha a dizer!

Muito obrigado!

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/11/2002 - Página 18932