O SR. SEBASTIÃO ROCHA (PDT - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil vive um momento muito especial com a eleição de Lula à Presidência da República. Comparo-o ao início de 1985, quando o Brasil devotou esperança a Tancredo Neves, presidente que, depois de eleito, lamentavelmente sucumbiu em um leito hospitalar, fazendo com que as esperanças dos brasileiros também se esvaíssem.

A Lula desejamos sucesso pleno. Lula viveu percalços pelos quais passa qualquer brasileiro que tenha nascido no interior do País e que tenha sido trabalhador de indústrias, de empresas. Lula conhece, portanto, os transtornos, os problemas, as necessidades do povo brasileiro.

Sinto que o Brasil mudou. Este é, de fato, um Brasil novo, mais moderno, um Brasil em que se pode acreditar, um País cujo povo ainda tem esperanças e ideais. Somente assim se explica a eleição de um trabalhador metalúrgico, que nasceu em uma região pobre de Pernambuco, cresceu no sindicato e superou problemas ao longo de sua vida, tanto em sua família como pelos lugares por onde passou, sobretudo na cidade de São Paulo.

Lula se preparou, evoluiu, e o PT amadureceu. Confesso que hoje estou seguro e convicto de que Lula está preparado para administrar o nosso País, para conduzir a política econômica, para fazer uma revolução positiva na política social e para nos representar com dignidade, hombridade na política internacional. A experiência que acumulou na política, ao longo desses anos, combinada com a experiência de vida de quem participou de inúmeras situações em condições de desvantagem, garantem a Lula o perfil de estadista de que o Brasil precisa. Certamente o País necessitará de toda a experiência que Lula assimilou para passar pelas transformações que tanto desejamos.

É salutar também ressaltar que o Presidente Fernando Henrique Cardoso - embora haja divergências que demarcam a minha posição e do meu Partido em relação ao seu governo -, durante a campanha eleitoral e na fase de transição, comportou-se e tem-se comportado como um estadista digno de entrar para a História. Devemos elogiar a postura, a decisão e a posição de Sua Excelência e de seu governo em relação ao tratamento dado ao Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e à sua equipe de transição.

É claro que precisamos separar o Governo das instituições. Uma coisa é a Presidência da República e o Congresso Nacional; outra coisa é o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Portanto, embora adversários, tivemos a capacidade de nos unir em nome de um objetivo maior, que era a eleição de um governador, que concentra hoje inúmeras qualidades favoráveis para deslanchar no Amapá um processo de desenvolvimento com geração de emprego, melhoria da qualidade de vida do povo, da habitação e no combate à violência, que se expandiu muito no meu Estado; garantir também ao povo do Amapá a qualidade de vida que o povo deseja e merece. Para isso, certamente o Governo Valdez vai precisar muito do apoio do Senado Federal, do Congresso Nacional e do Presidente eleito, Luiz Ignácio Lula da Silva. Os desafios serão enfrentados com muita altivez e determinação, fruto do espírito público que predomina no perfil do nosso Governador eleito, Valdez Góes.

Estou muito esperançoso de que o meu Estado do Amapá possa prosperar, da mesma maneira que o nosso País, o Brasil, vencendo de vez essa turbulência econômica que sempre nos deixa com a grande preocupação de como será o futuro. Amanhã, em quanto o dólar será cotado? Como estará a Bolsa? E o monstro da inflação? Estará ele completamente fora de combate? A nossa esperança se concentra nisso, no sentido de que vencermos as dificuldades econômicas, estabelecermos um novo paradigma social de melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.

No Amapá, queremos acompanhar, pari passu, essa evolução, em âmbito nacional, com um governo altamente democrático, capaz de implementar e liderar empreendimentos que imprimam um desenvolvimento adequado ao Estado, sem perder de vista a questão ambiental, mas centrando esforços na captação e atração de empreendimentos, sobretudo industriais.

O Amapá ainda conta com uma indústria incipiente. A nossa agricultura ainda é de subsistência, e um Estado para se desenvolver precisa ter bases sólidas, sobretudo na agricultura e na industrialização.

Temos um potencial turístico fantástico que precisa também ser muito bem utilizado pelos organismos públicos, pelas ações de governo, pelos programas de governo, no sentido de garantir ao povo do Amapá mais emprego, mais segurança pública, mais saúde e mais educação. É preciso que a auto-estima do povo do nosso Estado seja resgatada e recuperada.

Vivemos um período muito delicado na política até há pouco tempo. Havia uma polarização entre duas facções políticas fortes: Barcelos e Capiberibe. E a eleição de Valdez Góes é exatamente uma cisão nesse processo, nessa polarização, porque Valdez Góes representa o novo, representa, portanto, a renovação das esperanças, sem que esteja vinculado, preso a qualquer grupo político que se estabeleceu no Amapá e que eventualmente possa, de alguma maneira, ter significado, por algum tempo, a hegemonia dentro da política do Amapá.

No Senado, houve a eleição de dois novos Senadores pelo Estado do Amapá. Um dele é o Senador Capiberibe, que já mencionei. Embora eu tenha, no decorrer do meu mandato, expressado inúmeras divergências com o Governador Capiberibe, ao seu governo, venho a esta tribuna hoje dizer que, em nome do povo do Amapá, esperamos e desejamos que S. Exª tenha sucesso, que o seu trabalho tenha êxito e que ele possa, de alguma maneira, contribuir para a transformação do Estado, que produza benefícios concretos para a nossa população tanto na área econômica como na social. E que o Governador Capiberibe possa ser um marco da política do Amapá no Senado Federal, no sentido de contribuir para viabilizar esses benefícios de que o povo tanto precisa. Portanto, desejo sucesso e boa sorte ao Senador eleito Capiberibe.

Da mesma maneira, desejo sucesso ao Senador João Alberto Papaléo, que é médico e tem uma história política já bastante expressiva e consolidada no Estado de Amapá. Foi Prefeito de Macapá, candidato a Prefeito no ano 2000, não teve sucesso e, agora, vem para o Senado.

Esta Casa pode esperar de Papaléo um companheiro leal, um homem competente, preparado para traduzir em realidade os anseios do povo brasileiro e do povo do Amapá.

Estou aqui para fazer este registro de apoio, de esperança e de desejo pleno de que o mandato do Senador Papaléo seja de sucesso e possa ser revertido também em benefícios cada vez maiores para o Estado do Amapá.

Concluo, Sr. Presidente, deixando mais uma vez esta mensagem de esperança, que, ao mesmo tempo, é de convicção. Sou um homem de profundas convicções, determinado. E essa esperança é no sentido da transformação do Brasil em um país mais próspero, mais justo, do ponto de vista social, e mais igual.

Quando me refiro ao Brasil, me refiro também ao Amapá, às relações entre povo e poder. Sou um político que luta para reverter as desigualdades regionais, sociais e raciais. A meu ver, o Parlamento tem essa função importante, a missão de conciliar as divergências e os disparates que existem entre as regiões e os segmentos da população, na busca de um equilíbrio social, de um equilíbrio regional, que seja traduzido exatamente na aproximação do povo mais pobre àqueles que são mais aquinhoados; das regiões mais pobres com as que estão em situação melhor dentro do nosso País.

É essa a esperança que quero renovar neste momento, em nome do meu Partido, o PDT, em meu nome pessoal e em nome do Amapá e desejar ao Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e à sua equipe de Governo êxito pleno.

No Amapá, o Governo Valdez será um dos aliados do Governo Lula, será também um dos pilares da construção do novo modelo econômico e social que espero ver consolidado em breve no nosso País, tendo à frente o nosso timoneiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.