O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - Srªs e Srs. Senadores, esta é uma das homenagens mais justas prestadas pelo Senado por tudo quanto representa para a literatura brasileira esse gigante da poesia em nosso País. Ao longo de sua vida, ele lembrou-se de todos e contemplou a tudo. Não esqueceu sequer o Nordeste. Está embutido no seu currículo: Drummond conseguia a um só tempo ser chefe de gabinete do Ministro Gustavo Capanema, do Estado Novo, e usar suas palavras para destruir o capitalismo.

E, na poesia, ele chega a este ponto:

Deus,

só me lembro de vós para pedir,

mas de qualquer modo sempre é uma lembrança.

Desculpai vosso filho que se veste

de humildade e esperança

e vos suplica: Olhai para o Nordeste

onde há fome, Senhor, e desespero

rodando nas estradas

entre esqueletos de animais.

Ouvimos aqui aqueles que são mais ligados à obra de Carlos Drummond de Andrade. A devoção de José Sarney à obra desse grande poeta é o sentimento de um poeta para um poeta. Devoção, portanto, mais profunda ainda do que a dos demais.

A poesia de Carlos Drummond de Andrade é o evangelho dos intelectuais e dos que alimentam o gosto pelas letras, o gosto pelo que é bom na Literatura.

Essa homenagem, portanto, haverá de ficar marcada nos Anais do Senado como uma das mais justas aqui prestadas.