Discurso durante a 125ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Razões de seu desligamento do PDT - Partido Democrático Trabalhista.

Autor
Olivir Gabardo (S/PARTIDO - Sem Partido/PR)
Nome completo: João Olivir Gabardo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Razões de seu desligamento do PDT - Partido Democrático Trabalhista.
Publicação
Publicação no DSF de 12/11/2002 - Página 21018
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, SENADO, REGISTRO, POSSE, ORADOR, LICENÇA, ALVARO DIAS, SENADOR, ESCLARECIMENTOS, MOTIVO, DESLIGAMENTO, FILIAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT).

O SR. OLIVIR GABARDO (Sem Partido - PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Excelentíssimo Sr. Presidente do Senado Federal; Excelentíssimos Srs. Senadores Membros da Mesa Diretora; Excelentíssimas Srªs e Srs. Senadores; Excelentíssimo Sr. Governador do Estado do Tocantins, Siqueira Campos; Excelentíssimo Sr. Governador eleito do Estado do Tocantins, Marcelo Miranda; Srs. Senadores e Deputados eleitos pelo Tocantins, João Ribeiro, Efraim Morais, Eduardo Gomes e Maurício Rabelo; minhas senhoras e meus senhores, volto ao Congresso Nacional, desta feita à Casa de Rui Barbosa, e muitas são as lembranças acumuladas nos quinze em que exerci o mandato de Deputado Federal, eleito pelo meu Estado do Paraná.

Lembro-me dos Líderes de então, como Ulysses Guimarães, Pedrosa Horta, Tancredo Neves, Freitas Nobre, Alencar Furtado e tantos outros, com quem estive desde a fundação do MDB e que tanto honraram o Parlamento Nacional.

Lembro-me, no Senado, de figuras ímpares como Franco Montoro, Afonso Arinos, Petrônio Portella, Teotônio Vilela, entre outros, cuja passagem por esta Casa deixou registros indeléveis e cujo exemplo de vida parlamentar sobejamente a dignificam.

Assumo, em caráter temporário, a vaga do ilustre Senador Álvaro Dias, a quem, desde há muitos anos, quando o tive como meu aluno, sempre admirei pela dignidade e correção na árdua vida política e a quem presto, de pronto, as minhas homenagens e as de meu Estado, por sua qualidade como representante dos paranaenses.

Sr. Presidente, minha posse exige, em seu formalismo, minha declaração de filiação partidária, que revelo, de momento, ser a ausência de vínculo político, tendo promovido na semana finda minha desfiliação do Partido Democrático Trabalhista, por motivos graves, sobre os quais discorrerei ainda nesta oportunidade.

À licença do Senador Álvaro Dias, por um período de quatro meses, sucede uma intensa campanha eleitoral em que, candidato ao Governo do meu Estado, foi alvo de agressões políticas e legais que, ao lado de demonstrar a real face de alguns políticos nacionais, tiveram negativa e definitiva influência nos resultados eleitorais do Paraná.

Álvaro Dias havia vencido o primeiro turno das eleições com diferença superior a trezentos mil votos e liderava as pesquisas eleitorais, o que, de resto, vinha ocorrendo nos últimos quatro anos. Seu Partido, o PDT, ao qual eu também estava filiado, havia fechado no segundo turno uma aliança com o PT, em âmbito nacional. Isso deveria significar uma aliança no Paraná, entre os candidatos destes Partidos, para a Presidência da República e o Governo do Estado, como ocorreu em diversas outras Unidades da Federação. No entanto, o PT não honrou esse pacto, trabalhando ativamente para a candidatura de seu adversário, o Senador Roberto Requião, filiado ao PMDB, Partido adversário do PT em âmbito nacional.

O cenário posto se tornou ainda mais grave quando o meu antigo Partido, o PDT, não esboçou qualquer reação contrária à quebra do pacto, numa atitude de complacência, incompatível com os meus princípios de comportamento político, o que provoca, agora, o meu desligamento voluntário de seus quadros.

A interferência do PT na eleição estadual materializou-se pela intensa presença de seus filiados e dirigentes, inclusive de vários outros Estados, na fase final da campanha, culminando com a participação de Lula no programa eleitoral do PMDB, pedindo votos para o candidato adversário.

Nesse fato, Srªs e Srs. Senadores, reside flagrante agressão legal ao Senador Álvaro Dias, uma vez que a Justiça Eleitoral deveria ter impedido a participação do candidato petista à Presidência, por ser vinculado à outra coligação partidária. Não o fez, mesmo instada formalmente pelo Senador Álvaro Dias, rechaçando uma tese que se consumou vencedora em diversos outros Estados, como a vizinha Santa Catarina.

O favorecimento decisivo a que me refiro, configurado contra a candidatura do Senador Álvaro Dias, foi fator primordial no resultado eleitoral, pois o fenômeno político nacional conhecido como “Onda Lula”, não teria sido suficiente para modificar radicalmente a vontade eleitoral dos paranaenses, senão com o uso ilegal da mídia, como ocorreu no Paraná.

Aproveito para assinalar, também, a inoportuna divulgação de pesquisas eleitorais na véspera das eleições, que tem um poder indutivo sobre os indecisos, influenciando-os no sentido de votar nos candidatos melhor colocados. É fundamental que se distanciem as pesquisas da data do pleito, para que os eleitores não sejam contaminados por tendências conjeturais de última hora.

Sr. Presidente, como disse no início, chego a esta Casa com gratas lembranças dos tempos do Parlamento, de onde me afastei para servir ao Paraná em sua Corte de Contas. Chego, mesmo por um breve período, com a responsabilidade e espírito públicos para atuar sempre sob o primado da liberdade, da democracia e da supremacia do bem nacional.

Não estou vinculado senão à minha consciência, votando de forma independente e em favor do Brasil, cobrando dos que governam idêntica postura de comportamento político e opondo-me a tudo que se configure incoerente ou impróprio para nossa Pátria ou para o meu Estado.

Srªs e Srs. Senadores, minhas palavras finais não poderiam deixar de ser para minha família. Este momento, como outros que a vida pública me reservou, não teria certamente existido sem o permanente apoio daqueles que tanto me amam. Também, não teria sentido estar aqui, se eles não existissem e não partilhassem dos meus sonhos.

Agradeço a Deus e peço a Ele que me ilumine e me aponte sempre o caminho do bem.

Muito obrigado. (Palmas.)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/11/2002 - Página 21018