Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Aplausos ao acordo assinado pelos Ministros do Mercosul na decima segunda reunião realizada em Salvador, que concede livre trânsito de cidadão, concede direitos civis e trabalhistas no âmbito dos países participantes. (como Líder)

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Aplausos ao acordo assinado pelos Ministros do Mercosul na decima segunda reunião realizada em Salvador, que concede livre trânsito de cidadão, concede direitos civis e trabalhistas no âmbito dos países participantes. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 13/11/2002 - Página 21319
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, GOVERNO, PAIS, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), PAIS ESTRANGEIRO, CHILE, BOLIVIA, PARTICIPAÇÃO, REUNIÃO, ASSINATURA, ACORDO INTERNACIONAL, GARANTIA, DIREITOS, RESIDENCIA, TRABALHO, LIBERDADE, LOCOMOÇÃO, SIGNATARIO.
  • APOIO, DECLARAÇÃO, TARSO RIBEIRO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), PUBLICAÇÃO, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), IMPORTANCIA, ACORDO, ATENDIMENTO, OBJETIVO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), REFORÇO, PROCESSO, INTEGRAÇÃO.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero cumprimentar os Governos dos países do Mercosul -- Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai -- e também os da Bolívia e Chile, pelo fato de, no último sábado, na cidade de Salvador, na 12ª Reunião de Ministros do Mercosul, terem assinado um acordo histórico, que vai abrir as fronteiras e permitir o livre trânsito dos cidadãos dessas nacionalidades nos seis países.

Os cidadãos poderão morar, estudar e trabalhar em qualquer um dos países do bloco. O acordo prevê direitos civis iguais e direito de residência fixa e visto permanente de trabalho para os cidadãos desses países.

Senador Carlos Wilson, trata-se de um fato de transcendental importância. Estamos hoje submetidos à pressão do Governo dos Estados Unidos para que venhamos a instituir a Área de Livre Comércio das Américas, pensando apenas do ponto de vista do capital, daqueles que desejam investir seu capital além das fronteiras para que possam exportar bens e serviços sem quaisquer barreiras, sem pensar na livre circulação do ser humano em todas as Américas. É interessante que os países do Mercosul tenham resolvido dar um passo fundamental: a liberdade de movimento dos seres humanos, para poderem estudar, trabalhar e viver em quaisquer desses países do Mercosul com abrangência maior, incluindo o Chile e a Bolívia. Talvez - num espaço de tempo mais curto - tenhamos ainda os demais países da América do Sul neste tratado.

O acordo ainda será assinado pelos presidentes das Repúblicas em dezembro e só entrará em vigor no ano que vem. Os estrangeiros que vivem irregularmente nos seis países poderão regularizar sua situação e passarão a ter os mesmos direitos civis, podendo até contribuir com a Previdência. O Departamento de Estrangeiro do Ministério da Justiça estima que cerca de 50 mil argentinos, paraguaios e bolivianos vivam irregularmente no Brasil.

O Ministro da Justiça, Sr. Paulo de Tarso Ribeiro, que representou o Brasil neste encontro, segundo informa o jornal O Globo de domingo, expressa:

“- O acordo constitui um notável passo rumo aos objetivos fundamentais do Mercosul, alicerçando de forma irreversível o processo de integração da região, desejado por todos os nossos povos.”

Estou de acordo com o Ministro Paulo de Tarso Ribeiro. Quero lembrar que a integração econômica de profundidade, do ponto de vista inclusive político e social, da União Européia se deu na medida em que se permitiu também a liberdade de locomoção dos seres humanos.

Segundo o Ministério da Justiça, o acordo vai legalizar a situação de cerca de 380 mil brasileiros que vivem no Paraguai. Os imigrantes terão ainda o direito de transferir livremente para o seu país de origem sua renda e suas economias pessoais. Os filhos dos imigrantes terão os mesmos direitos dos nativos.

Os seis países assinaram ainda outros seis acordos de cooperação. Um deles é para combater o uso ilegal de aeronaves que atuam nos tráficos de drogas, de armas, de imigrantes ilegais e no contrabando. Os outros são de combate à corrupção nas fronteiras, de ampliação das ações referentes aos ilícitos ambientais, de regularização de migração interna nos seis países, de operações combinadas de inteligência contra o terrorismo e outro que cria o Grupo de Trabalho Especializado.

Sobre o acordo para o combate ao tráfego ilegal de aeronaves, Paulo de Tarso disse que a medida permitirá uma ampla cooperação das polícias.

“- Essas aeronaves cruzam nossas fronteiras e permitem a disseminação de atividades ilegais. Das quinze mil aeronaves registradas no Brasil, estima-se que cinco mil estejam em situação irregular - disse o ministro”.

Esta matéria, Sr. Presidente, é de Evandro Éboli.

Sr. Presidente, nós queremos saudar que estejam os países do Mercosul, mais o Chile e a Bolívia, avançando rumo a essa integração. Será importante que mais e mais tenhamos direitos dos trabalhadores, dos seres humanos, tratados com mais homogeneidade nos países do Mercosul e da América do Sul.

Podemos prever o tempo em que haverá um salário mínimo comum mais próximo e homogêneo nos países da América do Sul. Podemos prever o dia em que haverá uma renda paga a todas as pessoas da América do Sul, como um direito inalienável de todos os que participam da riqueza de nossos países. E isso será mais um fator fundamental de unificação econômico-social, pois existirá, então, o sentido da solidariedade sendo praticado entre os povos sul-americanos e, quem sabe um dia, entre todas as Américas.

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/11/2002 - Página 21319