Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM AO CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA, ENTIDADE NÃO GOVERNAMENTAL VOLTADA PARA A AÇÃO SOCIAL.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA DE EMPREGO.:
  • HOMENAGEM AO CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA, ENTIDADE NÃO GOVERNAMENTAL VOLTADA PARA A AÇÃO SOCIAL.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2002 - Página 21651
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA DE EMPREGO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ENTIDADE, INTEGRAÇÃO, EMPRESA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, BENEFICIO, EDUCAÇÃO, AUXILIO, EMPREGO, ESTUDANTE CARENTE.
  • REGISTRO, NECESSIDADE, DEBATE, POLITICA SOCIAL, ESPECIFICAÇÃO, IMPORTANCIA, TRABALHO, VOLUNTARIO, BENEFICIO, EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, RECURSOS HUMANOS.
  • LEITURA, CONFERENCIA, AUTORIA, EX MINISTRO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), REFERENCIA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
  • LEITURA, OFICIO, AUTORIA, RUTH CARDOSO, ANTROPOLOGO, PRESIDENTE, CONSELHO COMUNITARIO, IMPORTANCIA, TRABALHO, VOLUNTARIO.
  • SAUDAÇÃO, PRESIDENTE, DIRETOR, FUNCIONARIOS, MEMBROS, CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, ENTIDADE, INTEGRAÇÃO, EMPRESA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, PAIS.

O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o enorme crescimento dos problemas sociais em nosso País nos convida a realizar uma profunda reflexão sobre a necessidade de novos métodos de ação para enfrentar esses grandes desafios, principalmente em relação à juventude, aos jovens das camadas de renda mais baixa, que procuram melhorar sua capacitação, seu nível educacional e sua qualificação profissional e encontram grande dificuldade para romper o círculo vicioso da pobreza.

Existem, hoje, aproximadamente dois milhões de jovens em situação de elevado risco, em decorrência da pobreza, do assédio das drogas, da criminalidade e da violência.

Isso se refere apenas aos jovens residentes nas regiões metropolitanas do País, pois o número de jovens em situação semelhante em todo o Brasil ultrapassa em muito essa cifra de dois milhões de jovens em situação de grave risco, e de comprometimento do seu futuro e do de suas famílias.

Precisamos fazer algo, com urgência, para salvar o futuro de nossa juventude.

Não podemos adotar a atitude negativista e preconceituosa de atirar pedras e jogar a responsabilidade exclusiva no Governo Federal, pois nossos males sociais decorrem de situações de injustiça de pelo menos quatro séculos de desigualdades sociais.

Muita coisa tem sido feita por pessoas, grupos de pessoas, entidades religiosas, organizações não-governamentais e empresas particulares, pois tem aumentado a consciência da responsabilidade social nos últimos anos no Brasil.

Certamente, tudo que tem sido feito ainda é pouco, considerando a enormidade dos problemas que hoje enfrentamos em muitos campos da sociedade.

Por isso mesmo, quero, neste momento, prestar uma homenagem especial a uma instituição não-governamental, criada há 40 anos, com importantes serviços prestados à comunidade, em benefício da educação e do desenvolvimento de nossos jovens, facilitando o primeiro emprego, encaminhando o jovem para ingressar numa profissão, para uma maior qualificação, aumentando a oferta de profissionais preparados e competentes para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais exigente e mais seletivo.

Desejo prestar uma homenagem especial ao CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA, entidade não-governamental sem fins lucrativos, voltada para a ação social e que consegue trabalhar de forma coerente com os conceitos e objetivos de solidariedade humana e de eficiência empresarial, aproximando o jovem da empresa e contribuindo para a modernidade e racionalidade de nossas empresas.

São muitas as iniciativas, as realizações, os projetos e as contribuições do CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA no campo social, ao longo dos seus 40 anos de existência.

Gostaria de destacar em especial um projeto meritório, do mais elevado alcance social, porque se destina principalmente a nossos jovens, que é o VOLUNTARIADO.

A elevada dívida social brasileira somente poderá ser resolvida com a ampla participação do Governo e da sociedade, em todos os seus segmentos, destacando-se o trabalho voluntário.

O IV SEMINÁRIO SOBRE O TERCEIRO SETOR, promovido pelo CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA e pelo jornal GAZETA MERCANTIL, representou um importante passo na solução das questões sociais no Brasil, dando destaque ao papel do trabalho voluntário para o cumprimento das missões na área de filantropia, da solidariedade humana, da educação e do desenvolvimento dos recursos humanos.

Não podemos continuar com um Brasil constituído por cidadãos de primeira, segunda, terceira e até quinta categorias, não podemos tolerar a chaga social da discriminação e da exclusão social, com milhões de irmãos nossos sem direito a bens e serviços essenciais ao exercício da cidadania, da liberdade e da dignidade da pessoa humana.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Dr. Adib Jatene, eminente brasileiro, respeitável homem público e ex-Ministro da Saúde, apresentou, no CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA, importante trabalho sobre a contribuição do terceiro setor para o desenvolvimento sustentado do Brasil, em que afirmou:

Estamos vivendo uma época da humanidade em que a globalização, a internacionalização, a eficiência para gerar produtividade, competitividade etc. amorteceu muitos sentimentos e colocou o interesse acima dos princípios. Honra, dignidade, família, gratidão, amizade, lealdade são princípios universais que representam uma ética de convívio social. Ou recuperamos esses princípios e contribuímos para criar uma sociedade mais solidária, mais fraterna, ou vamos continuar convivendo com o nível de desigualdade que gera a decadência social. Decadência social não é morar na favela; decadência social é a perda dos princípios, é aquilo que faz um indivíduo, nos sinais luminosos por aí, empunhar um revólver e atirar. Porque a vida humana deixou de ter valor.

Tudo isso nos convida a refletir sobre o futuro do nosso Brasil, sobre o futuro da nossa juventude, sobre a responsabilidade social de todos, principalmente dos que se encontram nos postos mais altos da pirâmide social e nos estratos mais elevados de renda e propriedade.

Não podemos jogar a responsabilidade desses problemas gigantescos, herança de um passado distante, exclusivamente no Governo Federal, pois é muito fácil afirmar que o problema são os outros e que os governantes são os responsáveis por todos os males da sociedade.

O Brasil somente se tornará o verdadeiro país do futuro quando todos nós - Governo, sociedade civil, empresários e entidades não-governamentais - nos unirmos em benefício dos objetivos maiores de todos os brasileiros, pensando no futuro da Pátria e no futuro dos nossos filhos, para construirmos uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais igualitária.

Quando a Organização das Nações Unidas elegeu o ano de 2001 como o Ano Internacional do Voluntariado, certamente tinha em vista uma ação de longo prazo, em que os países refletissem sobre os graves problemas das desigualdades sociais e valorizassem o trabalho voluntário como uma importante ferramenta para combater a exclusão social.

O Brasil, como um país populoso e com um grande contingente de jovens, com grande interesse em melhorar de vida, em adquirir maiores conhecimentos, em elevar o nível educacional, ganhar maior capacitação técnica e profissional, certamente tem todas as condições necessárias para aproveitar esse enorme potencial de sua juventude, para transformar o País numa grande nação.

Bastaria uma pequena dose daquilo que somos capazes de realizar no campo futebolístico, em que “todos juntos, somos um só coração”, como afirma essa espécie de hino do futebol brasileiro.

O trabalho voluntário é capaz de promover e dinamizar a solidariedade que existe, muitas vezes latente, ou escondida no coração dos jovens e de todos os brasileiros, promovendo a cidadania e a melhoria das condições de vida de toda a comunidade.

Gostaria de trazer à reflexão de todos as palavras judiciosas e oportunas da Presidente do Conselho da Comunidade Solidária, antropóloga Ruth Cardoso:

(...) é preciso lembrar que o voluntário não leva ajuda exclusivamente à comunidade. Ganham o próprio voluntário, em forma de compensação pessoal, e o Estado, que precisa de todas as parcerias possíveis para fortalecer sua ação social. Isto significa que todos - sociedade, governos, setor privado e, vale lembrar, a mídia - têm a responsabilidade de ajudar na criação de oportunidades para que o cidadão seja voluntário. Cada necessidade social deve ser uma oportunidade de ação voluntária.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desejo, neste momento, parabenizar a Presidência, os membros do Conselho de Administração, a Diretoria Executiva e o corpo de servidores e colaboradores do CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA, pelo magnífico trabalho que já realizaram, que estão realizando e, certamente, continuarão a realizar em benefício do desenvolvimento sustentado do nosso Brasil.

São iniciativas como essa, em que setores mais desenvolvidos da sociedade são capazes de cumprir suas responsabilidades sociais, contribuindo para a redução das nossas desigualdades, que nos fazem acreditar firmemente no Brasil como país do futuro, por ser dotado de um povo generoso, solidário e que necessita apenas de um pouco de apoio para realizar grandes obras.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2002 - Página 21651