Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Réplica aos comentários da Senadora Heloísa Helena às declarações do Presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o programa Fome Zero. (como Líder)

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. POLITICA SALARIAL.:
  • Réplica aos comentários da Senadora Heloísa Helena às declarações do Presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o programa Fome Zero. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 15/11/2002 - Página 21706
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • RESPOSTA, HELOISA HELENA, SENADOR, ERRO, INTERPRETAÇÃO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXISTENCIA, FOME, BRASIL.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, DECLARAÇÃO, GUILHERME DIAS, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO ORÇAMENTO E GESTÃO (MOG), VALOR, AUMENTO, SALARIO MINIMO, CRITICA, CONTESTAÇÃO, DIRIGENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • CRITICA, LOBBY, ADIAMENTO, POSSE, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, FACILITAÇÃO, PRESENÇA, FESTA, FIDEL CASTRO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA.

O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu pedi a palavra, queria tratar de dois temas, rapidamente, mas agora sou forçado a tratar de um terceiro, que são as colocações da Senadora Heloísa Helena, e começarei por ele.

Lamento que as palavras do Presidente estejam sendo distorcidas. Sua Excelência disse que não há situação igual à da África, que não há fome sistêmica, que não há uma situação de calamidade pública, como há em outros lugares do mundo. Foi uma entrevista grande, na Inglaterra, e não se trata de negação de que há fome no Brasil ou em qualquer lugar.

É bom restabelecer isso, para que as pessoas não se apeguem a pequenos detalhes, porque até mesmo os pequenos detalhes, quando publicados pela imprensa, causam preocupação. E vou aqui falar de dois deles.

            Primeiro, sobre publicação do jornal O Globo de hoje. Ontem, o Ministro do Planejamento Guilherme Dias esteve na Comissão de Orçamento. Em sua exposição, S. Exª apresentou um ponto importante: que, em razão da inflação, dos novos parâmetros econômicos, o salário mínimo deveria ser de R$220,00. Foi dito isso ontem pelo Ministro do Planejamento, ou seja, o setor econômico mais conservador do atual Governo.

Li, hoje, e fico estarrecido, ao ver que o Ministro do Planejamento anuncia a previsão de R$220,00 e é criticado pelo Partido dos Trabalhadores que, efetivamente, não concordou com essa afirmação, ou seja, mostrou-se mais conservador do que a área econômica do atual Governo, o que é algo de estranhar.

Não sei se, assim como as declarações do Presidente Fernando Henrique Cardoso não foram entendidas, as declarações dos dirigentes do PT não foram entendidas. Mas essa manifestação lamentável está em todos os jornais.

Já que é para combater a fome, já que é para resolver o problema dos mais carentes, um bom caminho é começar aumentando o salário mínimo, pelo menos para que haja a correção que é feita nos cálculos da conjuntura econômica.

Quanto à segunda questão, Sr. Presidente, o Senador Geraldo Melo já teve oportunidade de abordá-la, mas quero registrar uma preocupação a mais, um questionamento dirigido principalmente aos telespectadores que estão nos assistindo.

Fala-se sobre o adiamento da posse. E por quê? Para fazer uma festa bonita, para trazer gente de fora.

            Li no jornal Folha de S.Paulo uma matéria que talvez seja a síntese de tudo isso:

Lula ainda tenta adiar posse para ter a presença de Fidel

Existe uma questão pessoal do presidente eleito em toda a discussão sobre adiar a posse e ter, no dia 6 de janeiro, um número maior de autoridades estrangeiras. Lula faz questão da presença de Fidel Castro, ditador cubano. Mas Fidel disse que não pode deixar a ilha no dia 1º de janeiro, que para os cubanos é muito mais que a virada de mais um ano.

Na data, eles, com Fidel à frente, celebram a tomada de Havana, em 1959, depois da guerra de guerrilhas na Sierra Maestra.

            Isso é algo estranho! Estamos definindo a data da posse de um Presidente brasileiro pela agenda de Fidel Castro! Pelo menos é isso que diz a Folha de S. Paulo.

Se anos atrás qualquer Presidente da República dissesse que iria adiar a posse porque o Presidente dos Estados Unidos não poderia comparecer, a esquerda faria uma revolução, diria que é um absurdo, que estariam querendo colocar a Constituição a serviço das conveniências internacionais.

O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet) - O Senador não pode ser aparteado.

O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Seria uma festa. Agora está acontecendo o inverso. Não deveremos ter a posse do Presidente no dia 1º; devemos esperar porque, segundo a Folha de S.Paulo, Fidel Castro não poderia estar aqui no dia 1º, e Lula gostaria de confraternizar com ele.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Pode vir, sim. Quero informar a V. Ex.ª.

O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Então está resolvido o problema. O Fidel Castro disse que pode haver a posse do Presidente brasileiro no dia 1º de janeiro.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - O Fidel já veio no dia 1º de janeiro de 1995.

A SRª. HELOISA HELENA (Bloco/PT - AL) - O projeto é do Deputado Aécio Neves.

O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão. Fazendo soar a campainha.) - Não pode haver apartes.

Peço às Srªs e aos Srs. Senadores que compreendam e cumpram o Regimento Interno.

O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Não estou discutindo a data da posse e sim a visão que se está tendo dela. Parece que a preocupação é fazer uma festa. A festa é o de menos. Torço para que possamos, um ano depois, fazer uma festa comemorando o primeiro ano do Governo Lula por estar resolvendo todos os problemas do País e cumprindo as promessas que está fazendo.

Nós, na Oposição, vamos ajudar no Projeto Fome Zero, na solução do salário mínimo, no reajuste dos servidores, em tudo o que foi, ao longo desses 20 anos, prometido pelo PT. Podem ter certeza disso. Mas não concordo que se tenha a intenção de pautar a posse de um Presidente da República por conta da agenda de outros Presidentes seja Fidel Castro, Jorge Bush, François Mitterand ou qualquer outro. Quero lamentar e dizer que espero que Fidel Castro possa liberar o Governo brasileiro para fazer a posse no dia 1º de janeiro.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/11/2002 - Página 21706