Pronunciamento de Romero Jucá em 19/11/2002
Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Cumprimentos ao relevante trabalho da Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas, saudando a publicação da revista Toque a Toque.
- Autor
- Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
- Nome completo: Romero Jucá Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIAL.:
- Cumprimentos ao relevante trabalho da Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas, saudando a publicação da revista Toque a Toque.
- Publicação
- Publicação no DSF de 20/11/2002 - Página 22228
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL.
- Indexação
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- COMENTARIO, HISTORIA, INICIATIVA, INCENTIVO, DEFICIENTE FISICO, PRATICA ESPORTIVA.
- ANALISE, IMPORTANCIA, EXISTENCIA, BRASIL, ENTIDADE, PROMOÇÃO, INSERÇÃO, DEFICIENTE FISICO, COMUNIDADE, ELOGIO, ATUAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, PERIODICO, ESPECIALIZAÇÃO, DEFICIENCIA FISICA.
O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma das grandes conquistas dos portadores de deficiência foi, sem dúvida, o acesso às práticas esportivas, tão importantes para a sua integração social como para a manifestação de verdadeiros talentos desportivos. O chamado desporto adaptado surgiu da necessidade de reabilitar os indivíduos traumatizados advindos das duas Grandes Guerras Mundiais. O esporte, como prática para pessoas portadoras de deficiência física, efetivou-se na Inglaterra, no ano de 1944, mais precisamente em Aylesbury, no Hospital de Stoke Mandeville, onde o médico alemão Ludwig Guttman, neurocirurgião e neurologista, introduziu as atividades esportivas como parte essencial do tratamento médico para recuperação das incapacidades geradas por lesões medulares.
Por ocasião dos Jogos Olímpicos de Verão, que aconteceram na Inglaterra em 1948, o Dr. Guttman aproveitou o evento para criar os jogos de Stoke Mandeville para paraplégicos, que passaram a acontecer anualmente, com a participação de outros países. Posteriormente, esforços foram somados para que, em 1960, acontecessem oficialmente os Primeiros Jogos Paraolímpicos em Roma. A partir daí, a Organização Internacional de Esportes instituiu a realização das PARALIMPICS, nome dado às olimpíadas em que participam portadores de deficiência. Desde então, os Jogos Paraolímpicos acontecem na mesma época e na mesma cidade em que se realizaram os Jogos Olímpicos.
No Brasil, há 44 anos, nasciam as duas primeiras entidades com o objetivo de fomentar o esporte para as pessoas portadoras de deficiência em nosso país: o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro, e o Clube dos Paraplégicos, em São Paulo. De lá para cá muitas foram as mudanças. O paradesporto cresceu, se desenvolveu e alcançou níveis de qualidade e rendimento similares aos do esporte olímpico brasileiro. As conquistas de nossos paratletas foram fruto de muita perseverança, treinamento, força de vontade e, acima de tudo, a crença de que o esporte não é apenas um meio de reabilitação da pessoa portadora de deficiência, mas, acima de tudo, um poderoso instrumento de sociabilização e aumento da auto-estima.
Em 1960, quando a Primeira Paraolimpíada foi realizada em Roma, Itália, participaram dos jogos apenas 400 atletas de 23 países. Em Sydney, Austrália, nos jogos de 2000, competiram 4 mil atletas de 123 países. O desenvolvimento internacional teve reflexos no Brasil: na Primeira Paraolimpíada em que o país participou, em 1972, os paratletas brasileiros não conquistaram medalhas. Já nos jogos de 2000, em Sydney, o Brasil fez sua melhor campanha Paraolímpica, voltando para casa com 22 medalhas e quatro recordes mundiais.
Essa evolução deveu-se, em grande parte, à atuação das entidades responsáveis pelo desporto paraolímpico brasileiro. No Brasil, a estrutura do esporte para pessoas portadoras de deficiência iniciou-se em 1975 com a criação da ANDE - Associação Nacional de Desportos para Deficientes, que abrigava todo tipo de deficiência. Com a participação crescente de pessoas deficientes, entidades de deficiências afins foram se agregando em outras associações e, hoje, compreendem seis associações esportivas distintas ligadas ao Comitê Paraolímpico Brasileiro. São elas: Associação Brasileira de Desportos para Cegos (ABDC); Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas (ABRADECAR); Associação Nacional de Desportos para Deficientes (ANDE), que organiza competições para paralisados cerebrais e outras deficiências; Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais (ABDEM) e a recém criada Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira (CBBC).
Em que pese a idêntica importância de todas essas entidades, quero destacar, neste pronunciamento, a atuação da Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas (ABRADECAR), com especial ênfase para a publicação Toque a Toque, editada por sua iniciativa.
Fundada em 09/12/84, na cidade do Rio de Janeiro, a ABRADECAR é uma instituição especificamente esportiva, com regionais distribuídas pelo País, sem finalidade lucrativa, criada a partir da constatação da necessidade de uma entidade representante de atletas portadores de deficiência físico-motora, e dos interesses da classe de atletas, dentro e fora do País.
A ABRADECAR setorizou o País em cinco regionais que, gradativamente, ampliaram as áreas de atuação do esporte adaptado, criando coordenações nacionais das modalidades praticadas, que trabalham no sentido de proporcionar, igual e gradativamente, recursos e benefícios internos e externos, com o objetivo de favorecer a melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência.
A instituição mantém-se de contratos e patrocínios diversificados, firmados com empresas privadas e governamentais, visando, principalmente, o atendimento de necessidades de cada modalidade e dos atletas.
Além de promover eventos esportivos estaduais, nacionais e mundiais, com vistas a integrar atletas e equipes, melhorando, desta maneira, o desempenho dos atletas brasileiros, a ABRADECAR tem, também, as missões de manter atualizadas informações inerentes ao esporte adaptado, de fomentar o desenvolvimento do desporto em cadeira de rodas no Brasil, de divulgar o esporte adaptado e de fornecer subsídios técnicos e teóricos para o seu aperfeiçoamento.
Para a consecução desses objetivos, a ABRADECAR edita, desde 1995, a revista Toque a Toque, com a finalidade de divulgar os acontecimentos do paradesporto em níveis nacional e internacional. A publicação é distribuída gratuitamente a universidades, associações de portadores de deficiências, órgãos públicos, clínicas médicas, autoridades municipais, estaduais e federais, associados e clubes, além de 15 países.
A Toque a Toque é a única publicação voltada para os paraolímpicos no Brasil e, por isso, tem feito tanto sucesso. Além de divulgar os resultados de campeonatos, traz artigos técnicos e científicos que são fontes de pesquisa para alunos de Fisioterapia e Educação Física das principais universidades brasileiras.
Com essa iniciativa, a ABRADECAR possibilita aos paratletas a oportunidade de ver suas conquistas registradas, o que é um importante reforço de estímulo e motivação e contribui, decisivamente, para a consolidação da prática do esporte adaptado em nosso País.
Hoje, afortunadamente, o paradesporto brasileiro conta com o apoio de leis que viabilizam o seu desenvolvimento e asseguram recursos para o fomento do esporte adaptado, para o treinamento dos atletas e para a manutenção das entidades nacionais.
Mas é bom não esquecermos que isso só se tornou possível pela ação pioneira do associativismo, que deu os primeiros passos para garantir aos portadores de deficiência o pleno desenvolvimento de suas potencialidades.
Por essa razão, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar meus cumprimentos ao relevante trabalho da Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas e saudar, particularmente, a publicação da revista Toque a Toque, ação e veículo que contribuem para melhorar a qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência, integrando-a totalmente à sociedade e permitindo-lhe exercer plenamente sua cidadania.
Muito obrigado pela atenção!