Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CONSEQUENCIAS A ECONOMIA DE FOZ DE IGUAÇU, NO PARANA, CAUSADO PELO NOTICIARIO INTERNACIONAL SEGUNDO O QUAL HAVERIA UMA CELULA TERRORISTA NAQUELA CIDADE. APELO AO MINISTRO DO ESPORTE E TURISMO E AO PRESIDENTE DA EMBRATUR, PARA QUE PROMOVAM UMA CAMPANHA EM FAVOR DO TURISMO NAQUELA REGIÃO COMO FORMA DE COMPENSAR OS ALTOS PREJUIZOS CAUSADOS PELO NOTICIARIO.

Autor
Olivir Gabardo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: João Olivir Gabardo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. TURISMO.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CONSEQUENCIAS A ECONOMIA DE FOZ DE IGUAÇU, NO PARANA, CAUSADO PELO NOTICIARIO INTERNACIONAL SEGUNDO O QUAL HAVERIA UMA CELULA TERRORISTA NAQUELA CIDADE. APELO AO MINISTRO DO ESPORTE E TURISMO E AO PRESIDENTE DA EMBRATUR, PARA QUE PROMOVAM UMA CAMPANHA EM FAVOR DO TURISMO NAQUELA REGIÃO COMO FORMA DE COMPENSAR OS ALTOS PREJUIZOS CAUSADOS PELO NOTICIARIO.
Publicação
Publicação no DSF de 22/11/2002 - Página 22469
Assunto
Outros > IMPRENSA. TURISMO.
Indexação
  • COMENTARIO, ATENTADO, TERRORISTA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PROVOCAÇÃO, APREENSÃO, MUNDO, REPETIÇÃO, TERRORISMO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, IMPRENSA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ALEGAÇÕES, EXISTENCIA, TERRORISTA, REGIÃO SUL, BRASIL, PLANEJAMENTO, ATENTADO.
  • ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, VERACIDADE, INFORMAÇÃO, IMPRENSA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), REGISTRO, DECLARAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), CONFIRMAÇÃO, INEXISTENCIA, TERRORISTA, MUNICIPIO, FOZ DO IGUAÇU (PR), ESTADO DO PARANA (PR).
  • REGISTRO, REDUÇÃO, VISITA, TURISTA, MUNICIPIO, FOZ DO IGUAÇU (PR), ESTADO DO PARANA (PR), EFEITO, INFORMAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), IMPRENSA, SOLICITAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO ESPORTE E TURISMO (MET), DIRETOR, INSTITUTO BRASILEIRO DO TURISMO (EMBRATUR), AUMENTO, PROMOÇÃO, TURISMO, REGIÃO, COMPENSAÇÃO, PREJUIZO.

O SR. OLIVIR GABARDO (Bloco/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o ataque terrorista de 11 de setembro aos Estados Unidos causou profunda revolta e repulsa em todo o mundo, além de trazer sérias conseqüências para o mundo atual e gerações futuras.

Sr. Presidente, acredito que uma dessas conseqüências foi a geração de uma psicose coletiva, que está se extrapolando, com o intuito de atingir pessoas de determinadas regiões. E é exatamente essa situação que, nós brasileiros, estamos vivenciando, principalmente nós, do Sul do Brasil.

Foz do Iguaçu, no meu Estado, volta a ser alvo de noticiário alarmante e absolutamente infundado. O setor hoteleiro está agastado com a notícia da rede de televisão dos Estados Unidos, CNN, dando conta de terrorismo na região de Foz do Iguaçu, que teme - e com razão - recuo no fluxo de turistas nas cataratas. Não é esta a primeira vez que noticiário da imprensa internacional prejudica a região. Felizmente, desta feita, o Governo esteve atento e tratou logo de minimizar os efeitos desse noticiário. O Ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, foi categórico ao afirmar que não existe, na tríplice fronteira Brasil-Paraguai-Argentina, nenhuma célula terrorista, conforme divulgado pela CNN americana.

Eis as palavras textuais de S. Exª, o Sr. Ministro: “Está havendo um certo exagero já que não há registro sobre isso em nenhum dos países. Há uma certa demonização da região, o que não é correto.”

            Também o Itamaraty, em boa hora, editou nota destacando que as autoridades brasileiras e as dos países vizinhos realizam rigorosa vigilância na tríplice fronteira há mais de dez anos e que o Brasil não tem evidência que comprove haver atividades terroristas na região.

Segundo nota alarmante da CNN, membros de grupos radicais, entre eles a Al-Qaeda e o Hezbollah reuniram-se recentemente em Ciudad Del Este, no Paraguai, para planejar ataques terroristas contra os Estados Unidos e Israel. Mas esse noticiário, Sr. Presisente, Srªs e Srs. Senadores, conforme autoridades brasileiras, não tem fundamento. É lamentável que uma rede de televisão do alcance da CNN tenha esse padrão de procedimento irresponsável. Tão irresponsável que, em Washington, o Departamento de Estado não deu importância ao noticiário da rede. Em nota que também publicou a respeito, as autoridades americanas destacaram uma clara condenação ao noticiário: “É importante não exagerar a natureza da ameaça aos nossos interesses na região.”

Portanto, só temos a lamentar que um noticiário alarmista e infundado, como destacamos de início, venha mais uma vez prejudicar a região. Pelo conhecimento que tenho de Foz do Iguaçu e da região, posso afiançar, com absoluta segurança, que não medra ali a semente do terrorismo. Trata-se de uma terra de todas as gentes, que abriga imigrantes de várias partes do mundo - são árabes, libaneses, turcos, sírios -, enfim, pessoas oriundas dos mais diversos continentes, professando as mais diversas religiões - católicos, ortodoxos, evangélicos, mulçumanos -, que convivem num cenário harmonicamente de muita paz e confraternização, mas sobretudo de muito trabalho. Esses estrangeiros que ali vivem, pacificamente, dão inestimável contribuição ao desenvolvimento do meu Estado e, por isso mesmo, não há como entender que a imprensa internacional, e muitas vezes a brasileira também, abram espaço para este tipo de noticiário que prejudica não somente Foz do Iguaçu, mas toda a região. Os hotéis ficam vazios, os aviões ociosos e o cenário, de beleza extraordinária, que são as Cataratas, deixa de receber milhares de turistas, que contribuem para o equilíbrio da economia local.

O terrorismo é condenável e deve ser combatido implacavelmente, mas esse noticiário alarmista e infundado, que envolve Foz do Iguaçu e a tríplice fronteira, não deixa de ser também uma espécie de terrorismo, pelos reflexos negativos na economia de uma região que tem, na indústria sem chaminé, o turismo, a sua principal fonte de renda. Em boa hora as autoridades brasileiras vieram a público e, de forma categórica, desmentiram o noticiário sensacionalista da rede de tevê americana. É assim que devem agir autoridades responsáveis, como as da República do Brasil, tratando de corrigir as distorções de um noticiário inconseqüente. Mas podem fazer muito mais por Foz do Iguaçu e região.

Por isso, daqui desta tribuna, lanço meu apelo ao Ministro dos Esportes e do Turismo, ao Presidente da Embratur, no sentido de que, como compensação ao malefício de um noticiário alarmista e mentiroso, promovam uma ampla campanha pelos meios de comunicação em favor do soerguimento do turismo na região. Seria uma justa compensação pelos estragos causados à imagem de um povo trabalhador e ordeiro.

Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não poderia terminar meu pronunciamento sem fazer a referência à ação meritória do Ministério Público do Paraná que, na pessoa do seu representante, em Foz do Iguaçu, Promotor de Justiça Luiz Francisco Marchioratto, despachou ofícios para os escritórios brasileiros da rede de tevê americana, CNN, interpelando aquela organização de mídia sobre a existência de provas quanto às informações divulgadas pela empresa. Marchioratto, nos ofícios, lamenta que a CNN, que cita como fonte de sua informação autoridades do setor de inteligência da Argentina, não tenha tido o cuidado de ouvir as autoridades de Foz do Iguaçu.

Segundo o representante ministerial, os jornalistas americanos deveriam fazer reportagem em Foz, consultando brasileiros, paraguaios e argentinos, indicando, com clareza, onde estão os tais campos de treinamento terroristas a que alude em sua reportagem. Marchioratto disse também que o problema maior é a falta de especificidade na acusação, que, em sua análise, atinge toda a região da tríplice fronteira, mas em especial a cidade de Foz de Iguaçu. A Rede de tevê norte-americana precisa ser mais específica e dizer qual a cidade ou país que abriga terroristas e quais são os indícios concretos dessa desconfiança.

O Promotor de Justiça quer o envolvimento direto da diplomacia brasileira na defesa firme da cidade e da região. Esse é também, Sr. Presidente, o meu ponto de vista. O Itamaraty deve atuar com pulso firme para que noticiário alarmista da imprensa estrangeira não continue a prejudicar uma das mais importantes regiões do meu Estado.

Sr. Presidente, era a manifestação que queria trazer a este Plenário e, sobretudo, era a solicitação que pretendíamos fazer às autoridades para que compensassem Foz do Iguaçu por esse trauma que vive em razão de noticiário alarmista internacional.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/11/2002 - Página 22469