A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT - AC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srª^s e Srs. Senadores, farei um breve registro. O pesquisador João Bosco Bonfim realizou um trabalho muito significativo no que concerne às ações e denúncias referentes à exclusão social e à pobreza.

No dia 28, às 19 horas e 30 minutos, no Centro Cultural de Brasília, ele lançará o livro A Fome que não Sai no Jornal, título até muito parecido com a música de Chico Buarque que diz: “a nossa dor não sai no jornal”.

A ação dos Parlamentares se pauta, em muitos momentos, por aquelas informações que saem na mídia. Temos a obrigação de acompanhá-la para estarmos sempre atualizados e sabemos que em muitos momentos importantes da vida do País os meios de comunicação têm abordado assuntos relevantes para a sociedade.

Eu própria tive a experiência, no período em que trabalhamos na Comissão Mista Especial de Combate à Pobreza, de verificar a importância dada pela grande imprensa às várias propostas que surgiram naquela Comissão, inclusive a que já havia sido apresentada a respeito do Fundo de Combate à Pobreza, de autoria do Senador Antonio Carlos Magalhães.

O pesquisador alerta para o fato de que, embora exista essa grande quantidade de informações, nem sempre elas se traduzem em ações concretas de combate à fome e de soluções para que as pessoas possam melhorar sua condição de vida.

Evidentemente, esse não é o papel da imprensa, mas precisamos estar sempre atentos para o fato de que não podemos nos conformar com essa situação nem tratar como normais as várias e terríveis notícias que recebemos a todo momento acerca de casos de extrema pobreza e de miséria no mundo inteiro. No Brasil, há 53 milhões de pessoas pobres e, no Planeta, existem dois bilhões de seres humanos vivendo abaixo da linha da pobreza.

Então, na verdade, faz-se esse alerta de que devemos estar sempre voltados para as ações que, tendo em vista a praxis do nosso cotidiano - quer na política, quer no Executivo - possam levar a cabo ações que possam diminuir o sofrimento humano naquilo que é radicalmente legítimo, que é a sua necessidade de sobrevivência. Então, quero apenas dar relevo aqui para o lançamento do livro A Fome que não Sai no Jornal, dizendo que se trata de um documento, até mesmo, de pesquisa de todas as informações, pela forma como essas informações são tratadas e, que muitas vezes, já não conseguem sequer mais se traduzir em indignação ou em ação concreta por parte daqueles que assistem o tempo todo a tais fatos.

Então, num momento em que se está discutindo uma proposta ousada de combate à fome, que é o Programa Fome Zero, do Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o lançamento de um livro como esse vem nos ajudar, da mesma forma como nos ajudou o livro apresentado pelo ex-Governador Cristovam Buarque, A Segunda Abolição. Considero ambos trabalhos relevantes e, portanto, deveremos estar muito atentos para o fato de que, neste momento, a sociedade brasileira se mobiliza, as instituições públicas estarão se mobilizando, as instituições de pesquisa, como a Fundação Getulio Vargas, o Ipea, as entidades que lidam com a questão da fome, da pobreza, todas estarão se mobilizando. E o mais importante é que possamos estar fazendo esse esforço de combate à fome, essa busca de fazer com que em nosso País a fome seja zero, considerando todo esse acúmulo dos que já estão fazendo e dos que iniciaram essa jornada de forma muito exitosa, como foi o caso do nosso saudoso Betinho e daqueles que se dispõem, pelo trabalho acadêmico, a nos oferecer contribuições, como a que será lançada, no dia 28, às 19 horas e 30 minutos, no Centro Cultural de Brasília.

Eu gostaria apenas de fazer este registro, porque considero muito importante que num momento como este todos possam se sentir parte do problema e parte da solução. Parte das equações são colocadas no sentido do combate à fome e da falta de oportunidade de vida digna para as pessoas, mas também precisamos dar as respostas.

E é nesse sentido que quero aqui encaixar o trabalho feito pelo pesquisador que lança o livro, ao qual acabo de fazer a referência.

Muito obrigada, Sr. Presidente!