Discurso durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

IMPORTANCIA DA ATUAÇÃO DO MUSEU DE VALORES DO BANCO CENTRAL DO BRASIL, LOCALIZADO NO EDIFICIO-SEDE DO BANCO CENTRAL, PARA PRESERVAÇÃO DA HISTORIA DO DINHEIRO NO BRASIL.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • IMPORTANCIA DA ATUAÇÃO DO MUSEU DE VALORES DO BANCO CENTRAL DO BRASIL, LOCALIZADO NO EDIFICIO-SEDE DO BANCO CENTRAL, PARA PRESERVAÇÃO DA HISTORIA DO DINHEIRO NO BRASIL.
Publicação
Publicação no DSF de 28/11/2002 - Página 22929
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, MUSEU, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), RESGATE, DIVULGAÇÃO, HISTORIA, DINHEIRO, PAIS.
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, MUSEU, PROGRAMA, DESENVOLVIMENTO, ORGANIZAÇÃO, PESQUISA, REGISTRO, EVOLUÇÃO, MEIOS DE PAGAMENTO, MOEDA, CIRCULAÇÃO, COLONIZAÇÃO, ATUALIDADE, PAIS, PROGRAMA CULTURAL, AUXILIO, ALUNO, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO MEDIO.

O SR .ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente,Srªs e Srs. Senadores, vou iniciar meu pronunciamento fazendo uma provocação bem-humorada e descontraída aos Parlamentares aqui presentes - e a todos os que me ouvem a distância -, uma provocação em forma de perguntas de almanaque. As perguntas giram em torno da história do dinheiro no Brasil. Então, vamos lá. Saberiam dizer em que período de nossa história surgiram as primeiras moedas cunhadas no País, nas quais aparece a palavra Brasil? A expressão popular “cara ou coroa” está ligada ao surgimento de que série de moedas? A pataca e o dobrão circularam em que época? Qual a moeda mais valiosa da coleção brasileira?

Esse início provocativo, Sr. Presidente, foi só para chamar a atenção para o Museu de Valores do Banco Central do Brasil, situado no 1º subsolo do Edifício-Sede do Banco Central, aqui em Brasília. Quem o visita, Sr. Presidente, faz uma verdadeira incursão retrospectiva no tempo, desde o início da colonização até as últimas emissões do Real. Percorrendo suas salas, o visitante entra em contato com cédulas, moedas e valores que circularam no País nos 500 anos de nossa história. Há fatos curiosos, como o carimbo que Dom João IV, rei de Portugal, mandou aplicar sobre moedas portuguesas e espanholas que estavam em circulação. Esses carimbos aumentavam o valor das moedas e muitas chegaram a exibir vários carimbos.

Retiro de publicação do Banco Central algumas informações sobre o Museu de Valores. A idéia da criação de um museu voltado para a história do dinheiro, para a numismática e a evolução dos meios de pagamento surgiu com a própria criação do Banco Central. Providencialmente, o Banco estabeleceu como princípio reunir, conservar e divulgar um patrimônio cultural que poderia, de outro modo, permanecer inacessível ao conhecimento da maioria dos brasileiros.

Em 31 de agosto de 1972, o Museu de Valores foi inaugurado no Rio de Janeiro. Com a transferência do Banco para a nova Capital, para cá foi transferido o acervo do Museu. Ele se compõe de mais de 128 mil peças, brasileiras e estrangeiras, nas quais se destacam barras e pepitas de ouro, matrizes de cédulas, cunhos, discos monetários, uma máquina de cunhar moedas.

As atividades desenvolvidas pelo Museu de Valores são diversas. Há exposições de longa duração, temporárias e itinerantes. O Museu mantém biblioteca especializada; desenvolve pesquisa e organiza coleções de moedas, cédulas, documentos e objetos representativos da história dos meios de pagamento. Desenvolve programa educativo direcionado ao alunado das escolas de ensino fundamental e médio. O Projeto Museu-Escola transmite, de forma dinâmica e criativa, informações sobre o dinheiro e a história do meio circulante brasileiro, bem como o papel do Banco Central no contexto da sociedade brasileira.

Com um espaço aberto ao público de 1.300 metros quadrados, o Museu abriga várias salas. A Sala Brasil exibe desde as moedas-mercadoria que aqui circularam no início da colonização até as mais recentes emissões do Real. A Sala Mundo traz exemplares do dinheiro em circulação em mais de 50 países, como parte do intercâmbio mundial existente entre os Bancos Centrais. A Sala Ouro é a que encanta, de imediato, a maioria dos visitantes. São oito vitrines mostrando o ouro em suas diversas formas e os instrumentais relacionados à extração, fundição e refino. Entre as várias pepitas em exposição, encontra-se a maior em exposição no mundo: ela pesa cerca de 60 quilos. Foi encontrada em Serra Pelada, Pará, em 1983. A Sala Emissões mostra todas as cédulas e moedas emitidas desde a criação do Banco Central: são oito padrões monetários, do Cruzeiro de 1942 ao Real, instituído em 1994.

Há ainda a Sala Curiosidades Monetárias. Ali estão cédulas de altíssimo valor nominal, que circularam em períodos de grande inflação; diferentes processos de impressão e falsificação de cédulas; as mais antigas moedas do mundo, que circularam a partir do século VI antes de Cristo.

Sr. Presidente, fiz um relato breve para destacar o nosso Museu de Valores. Conquanto o falar tenha sido breve, a importância do Museu extrapola em muito a dimensão encurtada de meu pronunciamento. A intenção primeira foi dar notícia, para tantos brasileiros que nos ouvem pela Rádio e pela TV Senado, da existência do Museu. A segunda, chamar a atenção para as atividades que ele desenvolve em seu âmbito de atuação e, inclusive, para sua dimensão cultural e educativa. Em terceiro lugar, suscitar o desejo de conhecê-lo, visitá-lo, estabelecer contato - inclusive, Sr. Presidente, convém divulgar o sítio do Banco Central, na Internet, www.bcb.gov.br e o e-mail do Museu, que é museudevalores@bcb.gov.br. É possível agendar visitas guiadas, estando o Museu aberto de terça a sábado.

Antes de concluir, Sr. Presidente, gostaria de não deixar meus interlocutores e ouvintes sem a resposta das questões que lhes enderecei, a pretexto de despertar-lhes o interesse para o nosso Museu de Valores. Não é surpreendente que tenha sido durante o domínio holandês que as primeiras moedas cunhadas no País trouxessem o nome impresso Brasil numa das faces? A expressão “cara ou coroa” surgiu com as moedas que traziam a figura do rei numa das faces e com as armas da Coroa Portuguesa na outra. Essas moedas começaram a ser cunhadas em 1727. As famosas patacas foram as moedas que circularam por mais tempo no Brasil: 139 anos, de 1695 a 1834. Era uma série de moedas de prata de diferentes valores e a de 320 réis - pataca - deu o nome à série. A série dos dobrões surgiu no auge do ciclo do ouro. O dobrão de 20.000 réis, com 53,78 gramas, foi uma das moedas de maior peso em ouro que circulou no mundo.

Última resposta: a moeda mais valiosa da coleção brasileira chama-se “Peça da Coroação”. Foi mandada cunhar para comemorar a coroação de D. Pedro I como Imperador do Brasil. Mas, como não agradou ao Imperador, a produção foi suspensa. Em virtude disso, foram feitos apenas 64 exemplares. Sabe-se que, no mundo da numismática, quanto menos numerosa a produção de uma peça, mais valiosa ela se torna. Assim, por terem sido poucas as moedas produzidas, ela ganhou o status de a mais valiosa. Fica, assim, portanto, satisfeita a curiosidade por mim suscitada nos ouvintes com as perguntas que lhes dirigi no início desta minha fala.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/11/2002 - Página 22929