Discurso durante a 139ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apoio à aprovação de projeto de lei, de autoria de S.Exa., que assegura a distribuição de leite em pó para os filhos de mães portadoras do vírus HIV.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. POLITICA SOCIAL.:
  • Apoio à aprovação de projeto de lei, de autoria de S.Exa., que assegura a distribuição de leite em pó para os filhos de mães portadoras do vírus HIV.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2002 - Página 23283
Assunto
Outros > SAUDE. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, DEMONSTRAÇÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, AUMENTO, INCIDENCIA, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), POPULAÇÃO, PAIS.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, relatório elaborado pela Organização das Nações Unidas para o Combate à Aids expõe a face mais cruel de um drama para as mulheres nesse início de novo milênio: das 42 milhões de pessoas infectadas pelo vírus HIV em todo o mundo, simplesmente a metade, ou seja, 21 milhões são mulheres na faixa etária de 23 a 34 anos. Com a estimativa de que 600 mil pessoas sejam portadoras da doença, o Brasil apresenta comparativo semelhante, fazendo com que o índice de proporção de contaminação homem/mulher atinja hoje o patamar de um por um.

São números estarrecedores, difíceis de engolir se levarmos em consideração o crescimento do poder de informação das pessoas em um mundo globalizado. Mas a ignorância e a falta de respeito ao ser humano estão fazendo dessa luta, uma luta desigual. Somente isso explica o fato de a Aids ter deixado de ser uma enfermidade meramente de homossexuais, como era conhecida na década de 80, para passar a atingir, em sua maioria, as mulheres casadas, pobres, monogâmicas e com apenas o primeiro grau completo. De certa forma, elas se transformaram em reféns, verdadeiras cobaias de uma mentalidade em que o poder do homem é ilimitado.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os números, as estatísticas estão por todo lado para quem quiser ver e refletir. E não basta refletir apenas no primeiro dia do mês de dezembro, o Dia Mundial de Luta contra a Aids! Como exemplo, posso citar a divulgação de recente pesquisa em que ficou constatado que Goiânia é a capital brasileira onde os jovens menos fazem o uso do preservativo em suas relações sexuais. Exatamente 74,3% dos jovens que residem na querida capital do meu Estado ignoram, isso mesmo, ignoram a forma segura de se relacionar com o seu parceiro. Nos dias que sucederam a divulgação da pesquisa houve estardalhaço, ampla discussão das autoridades responsáveis. Hoje, já pode-se dizer que o impacto foi absorvido e a poeira assentou diante do sensacionalismo de novos fatos.

A meu ver, um dos maiores problemas na luta contra a Aids é fazer com que as pessoas entendam que o trabalho precisa ser estratégico e ininterrupto. Combater a proliferação do vírus HIV necessita ser prioridade número um de qualquer Governo e da sociedade, dividindo as atenções em pé de igualdade com a luta contra a fome. Entendo que as campanhas educativas e as ações das autoridades responsáveis devam ser cada vez mais contundentes, com o objetivo de chocar aqueles que se julgam distantes de uma realidade tão dura e cruel. Chega de meias palavras, de questões subjetivas! A Aids já não bate à nossa porta. Ela, pelo contrário, já tomou assento em nosso sofá e ameaça tomar de assalto os demais cômodos do lar.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, só nos resta duas opções: manter acesa a chama da indignação diante do alarmante crescimento do número de casos de Aids no Brasi,l e de resto em todo o mundo; e criar mecanismos que pelo menos diminuam o sofrimento de quem já foi contaminado e traz no sangue o vírus HIV.

Nesse contexto, chamo a atenção dos Pares desta Casa para projeto de minha autoria que assegura a distribuição de leite em pó para os filhos de mães portadoras do vírus HIV. Por recomendação médica, elas jamais poderiam amamentar os bebês, sob risco de também infectá-los, mas muitas vezes a falta de informação e de recursos não lhes apresenta outra saída.

Conclamo dos nobres Senadores o apoio ao projeto que se encontra na Comissão de Assuntos Sociais. Acredito que a mulher já vem sendo extremamente punida por todo esse drama que atende pelo nome de Aids, uma enfermidade sorrateira e oportunista que até o momento não tem um adversário à sua altura. Se ainda deixamos a desejar no combate à Aids, devemos, pelo menos, minimizar os seus efeitos nos filhos daquelas que são as suas principais vítimas.

Era isso o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2002 - Página 23283