Discurso durante a 148ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do sertanista Orlando Villas Boas. Votos de restabelecimento ao jurista Evandro Lins e Silva, vítima de acidente ocorrido no Rio de Janeiro.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pesar pelo falecimento do sertanista Orlando Villas Boas. Votos de restabelecimento ao jurista Evandro Lins e Silva, vítima de acidente ocorrido no Rio de Janeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 14/12/2002 - Página 26079
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ORLANDO VILLAS BOAS, AUTORIDADE, POLITICA INDIGENISTA, ELOGIO, ATUAÇÃO.
  • VOTO, RECUPERAÇÃO, SAUDE, EVANDRO LINS E SILVA, JURISTA.

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dois acontecimentos dolorosos ocorreram no dia de ontem e causaram profundo pesar à população brasileira.

            O primeiro deles foi o falecimento do sertanista Orlando Villas Boas, ocorrido na cidade de São Paulo, depois de uma longa enfermidade que o acometeu. Seu sepultamento, conforme a imprensa noticiou na manhã de hoje, vai acontecer às 14 horas, na capital paulista.

Não poderia deixar de fazer o registro desse infausto acontecimento por se tratar de uma figura de grande destaque na vida nacional, nos últimos trinta anos, sobretudo quando se sabe que Orlando Villas Bôas dedicou-se integralmente à causa do indígena brasileiro. Discípulo de Marechal Rondon, com ele trabalhou durante muitos anos para a constituição do Parque Nacional do Xingu, o qual abriga várias tribos indígenas que foram pacificadas e são assistidas pela Funai e pelos órgãos do Governo Federal que tratam dessa questão.

Orlando Villas Bôas viveu quase toda a sua vida em contato com os índios. Tornou-se um homem mundialmente conhecido pela sua dedicação a essa causa. Aprendeu vários idiomas e dialetos indígenas, e foi vítima de várias doenças tropicais existentes na região. Somente pela malária, ele foi acometido mais de duzentas vezes.

Um homem como esse, que tinha curso superior, várias atividades culturais, que conheceu o mundo inteiro fazendo palestras sobre os índios do Brasil, que poderia viver confortavelmente com sua família nos grandes centros urbanos do País, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte ou Brasília, optou por viver no seio da mata, ao lado dos índios. Talvez em decorrência disso tenha morrido prematuramente. Poderia ter vivido mais tempo, mas adquiriu tantas doenças no convívio com os índios, nas reservas, que terminou adoecendo e ontem, infelizmente, veio a falecer na capital paulista.

Por essa razão, Sr. Presidente, quero consignar o falecimento do sertanista Orlando Villas Bôas, desejando sentidos pêsames à sua família, amigos e a toda a Nação brasileira, que perdeu um homem que transformou a sua profissão num verdadeiro sacerdócio. Ele merece, portanto, o nosso respeito, a nossa admiração e o registro desse infausto acontecimento nos Anais do Senado Federal.

O segundo acontecimento doloroso que quero registrar é o acidente sofrido pelo Ministro e jurista Evandro Lins e Silva, ontem, no Rio de Janeiro, ao desembarcar do avião que o conduzia de Brasília para aquela cidade, depois de ter sido homenageado pelo Presidente da República com uma condecoração pelos seus relevantes serviços prestados à causa dos direitos humanos.

Evandro Lins e Silva nasceu no Piauí, muito moço transferiu-se para o Rio de Janeiro e ali formou-se em Direito e dedicou-se a advocacia. Tornou-se um dos maiores causídicos das letras jurídicas em nosso País. Professor universitário, Ministro do Supremo Tribunal Federal, punido pelo Movimento Revolucionário Militar em 1964, depois de ter sido também Ministro das Relações Exteriores, do Governo de João Goulart.

Evandro Lins e Silva tornou-se uma verdadeira legenda das letras jurídicas neste País. Torno-se um homem respeitado por todo o povo brasileiro, sobretudo depois da sua atuação no episódio que culminou com a decretação do impeachment do ex-Presidente Fernando Collor de Melo, no dia 29 de dezembro de 1992, quando esteve no plenário desta Casa, defendendo a adoção da medida de que o povo brasileiro já tinha se manifestado à favor nas ruas.

Formulo votos de que o Ministro Evandro Lins e Silva se recupere do grave acidente de que foi vítima no dia de ontem. A Nação brasileira não pode perdê-lo de maneira tão trágica. Esperamos que ele possa ainda prestar grandes e assinalados serviços à causa da justiça, da paz e dos direitos sociais em nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/12/2002 - Página 26079