Pronunciamento de Romero Jucá em 16/12/2002
Discurso durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
CONSIDERAÇÕES SOBRE O RELATORIO ANUAL DO SISTEMA SENAI DE 2001.
- Autor
- Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
- Nome completo: Romero Jucá Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA INDUSTRIAL.:
- CONSIDERAÇÕES SOBRE O RELATORIO ANUAL DO SISTEMA SENAI DE 2001.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/12/2002 - Página 26402
- Assunto
- Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
- Indexação
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- ANALISE, RELATORIO, ATIVIDADE, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), DEMONSTRAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, ENTIDADE, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, TRABALHADOR, INDUSTRIA, REGISTRO, APERFEIÇOAMENTO, EDUCAÇÃO, REFORÇO, TECNOLOGIA, CONSCIENTIZAÇÃO, IMPACTO AMBIENTAL, ELOGIO, ATIVIDADE SOCIAL, ORGANIZAÇÃO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL.
O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como sabemos, a industrialização brasileira foi tardia, em certa medida devido ao reacionarismo dos poderosos setores fundiários, que, equivocadamente, viam na prevalência das atividades agrícolas a melhor vertente para o desenvolvimento nacional, o que garantiria, ainda, a manutenção de seu próprio status quo. Desse modo, o modelo industrial que enfim adotamos, calcado na substituição das importações, somente começou a fincar as bases necessárias para a modernização econômica do País quando já estávamos prestes a ingressar na segunda metade do século passado, no trânsito dos anos 40 para os 50. Então, a República Velha já era efetivamente passado e, vencido o traumático fim do Governo Vargas, preparávamo-nos para inaugurar a fase desenvolvimentista dos anos JK.
Contudo, desde os primeiros momentos desse longo, mas inevitável processo de passagem da economia centrada no setor primário, cuja ênfase está na agropecuária, para a etapa seguinte, a secundária, que tem como base a indústria voltada para a montagem, extração e transformação de matéria-prima, o Brasil teve a vantagem de contar com o decisivo apoio do Senai - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. O Senai, que, no corrente ano, celebra o seu sexagésimo aniversário, tem um porta-fólio de serviços da mais alta relevância para o País. Para que se tenha uma rápida idéia do significado da educação industrial no Brasil, registro que, em seis décadas de atuação, o Senai contabilizou quase 33 milhões de matrículas. É um número verdadeiramente excepcional e demonstra a importância e os resultados concretos de um trabalho consistente do empresariado brasileiro.
Há algumas semanas, o presidente da Confederação Nacional da Indústria e do Conselho Nacional do Senai, Dr. Fernando Bezerra, teve a gentileza de fazer chegar ao meu Gabinete o Relatório Anual do Sistema Senai de 2001. Trata-se de um documento muito bem elaborado, que encerra em suas quase setenta páginas, de alto padrão gráfico e editorial, o conjunto de ações desenvolvidas ao longo do ano passado.
Em uma visão panorâmica do documento, pode-se dizer que, além, é claro, de contabilizar os números, os resultados anuais e suas implicações, dentro do que se convencionou nominar nos dias atuais de balanço social, o Relatório do Senai apresenta uma série de bem articulados textos que nos conduzem a uma produtiva reflexão. São contempladas, por exemplo, análises retrospectivas, e mesmo prospectivas, do contexto industrial nacional contemporâneo e de seus inúmeros desafios. Ali estão, igualmente, abordagens da educação para o trabalho, com o conceito de organizações inteligentes, isto é, produtoras de conhecimento; a lógica da inclusão social pela educação; bem como a ação do Senai com seus parceiros nacionais e internacionais. Por fim, mas não menos importante, são apresentados os novos projetos e os processos em andamento.
Naturalmente, em um discurso desta natureza, não será possível - e sequer cogito - reproduzir a totalidade das ações desenvolvidas pelo Senai no último exercício. Mas quero fixar-me em algumas atividades de maior impacto social e que, devido ao seu caráter, são representativas de todo o conjunto de iniciativas do Senai.
Foi no ano de 2001 que começou a tornar-se realidade o conceito de aperfeiçoamento contínuo, um projeto que incorpora metodologias flexíveis de ensino e de certificação com base em competências, e que já garantiu a capacitação de centenas de profissionais. Foram também lançadas duas universidades corporativas - instituições nascidas na América do Norte há meio século - e que, nos últimos anos, vêm experimentando uma saudável expansão no Brasil. Nessa linha, Santa Catarina ganhou a Universidade do Sistema Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina) e o Ceará, a Universidade Corporativa dos Alimentos. Ainda no campo da educação superior, o Acre viu nascer o primeiro MBA do Estado, e o Senai/Goiás estreou seu primeiro curso de mestrado em Gestão da Qualidade Total, em parceria com a Unicamp.
Na educação a distância também se verificou uma evolução significativa em 2001: no período, foram atendidos mais de 7.500 formadores. Resultado significativo também foi conseguido após a implantação da Rede Nacional de Agentes de Comércio Exterior, com a capacitação de 150 novos Agentes de Comércio Exterior, 90 formadores e 1.470 empresários de empresas de pequeno porte.
Um evento de grande importância e visibilidade, realizado pela primeira vez no ano passado, foi a Olimpíada do Conhecimento, que para o Senai significa “o coroamento da longa trajetória de conquistas dos Torneios de Formação Profissional, assumindo o papel de referência para a qualidade do ensino oferecido”. Os resultados da competição puderam ser vistos de perto por um público de mais de 43 mil pessoas, entre autoridades brasileiras, delegados internacionais, empresários, cientistas e cidadãos.
O relatório registra também o fortalecimento da base tecnológica como uma outra vertente que mereceu destaque especial no último exercício. E isso, a partir da criação de incubadoras tecnológicas e de laboratórios, bem como da continuidade do processo de atualização regular dos centros de tecnologias do Senai, que transferem benefícios para empresas de todos os portes.
Consciente de que o meio ambiente e sua proteção podem ser aliados da produtividade e da competitividade industrial, o Senai, em todas as suas ações, procura levar em conta a conservação ambiental e os impactos da atividade industrial. O Programa Senai de Qualidade Ambiental, realizado junto com duas agências estrangeiras e as Nações Unidas, fornece às indústrias brasileiras orientação para que suas tecnologias se tornem mais limpas e seguras.
Já o Programa de Ações Móveis (PAM), também denominado de “a escola portátil”, consiste em uma das mais avançadas tecnologias sociais adotadas pelo Senai, na medida em que dá mobilidade às ações de educação profissional e de assistência técnica e tecnológica. O Programa alcançou, em 2001, centenas de comunidades desassistidas e atendeu a mais de 21 mil brasileiros, em 22 Estados da federação.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago à atenção de V. Exªs um outro dado da ação do Senai, durante o ano de 2001. Trata-se de uma iniciativa desenvolvida em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego. Dentro do Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (Planfor), utilizando recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o Senai atuou na capacitação de mais de 100 mil pessoas.
Finalmente, registro que em meu Estado, Roraima, foram qualificados e requalificados perto de dois mil trabalhadores. Além disso, cerca de 270 jovens em situação de risco social tornaram-se alvo de ações específicas e um total de 60 alunos foram certificados dentro do projeto Serviço Social Voluntário.
O grande desafio que a indústria brasileira enfrenta neste complexo e altamente competitivo mundo contemporâneo é precisamente a sua própria reestruturação. Como resposta a esse desafio, o Senai tem demonstrado agilidade e competência, o que revela uma perfeita sintonia com as necessidades do setor, aliada a uma visão estratégica arrojada.
Hoje, mais do que ontem, o processo produtivo tem uma dependência direta da disseminação da informação e do compartilhamento do conhecimento. Exatamente por isso, o trabalho desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial assume significado e importância social. Sem dúvida, um País dotado de uma instituição como o Senai deve prestigiá-la e fortalecê-la, pois, assim agindo, garante qualidade ao capital mais importante de uma nação: o capital humano.
Promover a formação continuada de profissionais significa dar conseqüência prática aos ideais de mobilidade social e qualidade de vida. Somente assim é possível proporcionar ao Brasil e aos brasileiros um futuro mais próspero, equilibrado e justo. Nesse sentido, a ação do Senai tem sido modelar.
Muito obrigado.