Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

RETROSPECTIVA DA ATUAÇÃO DO BRASIL NO MUNDO GLOBALIZADO. APOIO DO PMDB AO NOVO GOVERNO.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA NACIONAL. ELEIÇÕES.:
  • RETROSPECTIVA DA ATUAÇÃO DO BRASIL NO MUNDO GLOBALIZADO. APOIO DO PMDB AO NOVO GOVERNO.
Publicação
Publicação no DSF de 20/12/2002 - Página 27087
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA NACIONAL. ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANALISE, ALTERAÇÃO, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, EVOLUÇÃO, POLITICA INTERNACIONAL, POLITICA NACIONAL, ECONOMIA, COMENTARIO, PROCESSO, GLOBALIZAÇÃO, CRISE, AMERICA LATINA, ESPECIFICAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, PARTICIPAÇÃO, BRASIL, MUNDO.
  • COMENTARIO, FALTA, ESTABILIDADE, MERCADO FINANCEIRO, PREJUIZO, FUGA, CAPITAL NACIONAL, ESPECULAÇÃO, REGISTRO, NECESSIDADE, REFORMA JUDICIARIA, DEFESA, AUMENTO, ABERTURA, COMERCIO EXTERIOR, BRASIL, MELHORIA, QUALIDADE, PRODUTO NACIONAL, TRANSPORTE, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO.
  • ELOGIO, POPULAÇÃO, BRASIL, PARTICIPAÇÃO, ELEIÇÕES, REFORÇO, DEMOCRACIA, CRIAÇÃO, LEGISLAÇÃO, RESPONSABILIDADE, FINANÇAS PUBLICAS, MANIFESTAÇÃO, APOIO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao final da legislatura dos meus dois mandatos, tenho feito um balanço da minha gestão, mas sempre do meu jeitão, sucinto. Não gosto de muita conversa.

Realmente, por muitas razões, este ano foi extraordinário para o nosso País. Demos um exemplo ao mundo ao trazer à Presidência da República um brasileiro cuja vida é uma saga, um verdadeiro milagre da determinação, do crescimento, da modificação e do aprendizado.

Não é fácil. Nós, que somos nordestinos, sabemos o quanto é difícil vencer os preconceitos. Fala-se muito dos preconceitos com os negros, com os índios, mas, para nós, nordestinos, o preconceito também tem sido muito grande, principalmente no Sul.

Estamos vendo na Presidência da República um trabalhador sem curso superior; um homem que começou como líder sindical e que foi modificando o seu modo de pensar, abrindo o seu pensamento até conseguir fazer um grande projeto de conciliação, que o levou à vitória.

Isso foi tão bem visto mundo afora que, hoje, lemos nos jornais que o Brasil passou a fazer parte do seleto grupo de 80 nações - o mundo tem quase 200 - em que realmente a democracia tem vigorado em plenitude. Considero a notícia até um exagero do jornal, porque há menos de 80 nações nessa situação, mas a verdade é que, neste País, embora ainda tenhamos muito o que fazer, a democracia está vigorando, e uma prova disso é a eleição do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva.

Verificamos que o crescimento do Presidente eleito não foi um fato isolado. A sociedade brasileira também amadureceu. Estamos mais críticos, chegamos a fazer o impeachment de um Presidente da República, temos feito modificações incríveis e precisamos fazer muito mais. Nesse sentido, tenho assomado a esta tribuna, tenho me manifestado por meio da Internet, tenho falado sobre legislação bancária e sobre as atitudes que temos que tomar rápida e urgentemente.

As dificuldades do País no mundo globalizado são gigantescas. Estamos vivendo, no mundo como um todo, muitos momentos de tensão, principalmente com essa configuração geopolítica internacional, ocorrida depois do dia 11 de setembro de 2001. Isso mudou inclusive a estratégia de guerra.

Na Primeira e na Segunda Guerra, a estratégia era matar soldados. Depois, verificamos, com os ensinamentos do exército de Israel, principalmente com esses últimos combates, que a melhor estratégia não é matar, mas ferir, porque são mobilizados quatro soldados, além do ferido. Entretanto, a partir de 11 de setembro, vimos isso tudo modificado. Vimos que pequenos grupos podem causar danos gigantescos a nações poderosas. Isso muda toda a estratégia e toda a geopolítica, que passam, realmente, a ser mais complicadas. Surge um novo fator, agora com muita intensidade e preocupação, que é o terrorismo, que se espalha por países do primeiro, do segundo e do terceiro mundo.

Estamos vivendo, no nosso continente, problemas sérios: na Venezuela, o acirramento de uma crise de que, se Deus quiser, sairá o mais rapidamente possível, porque são irmãos nossos e nós queremos que todos estejam em paz; no sul, a crise da Argentina, que, graças a Deus, apresentou, também neste mês, alguns indícios de crescimento econômico. Já não está na curva descendente, que começa a sofrer uma inversão.

Verificamos preocupados, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as modificações de um mercado financeiro que antes era estático e seguro, porque era lento e dava tempo para pensar. Hoje, no mundo da Internet e do computador, a volatilidade dos capitais é preocupante até para países como a Inglaterra, que, de repente, passam a sofrer ataques especulativos contra a sua moeda.

No caso do Brasil, temos visto a manipulação do dólar - assunto que, neste ano, trouxe-me a esta tribuna várias vezes -, em muitas ocasiões artificialmente criada apenas para dar lucro a grandes grupos financeiros; a inflação querendo voltar a brotar numa velocidade grande, o que obrigou o Copom, ontem, a chegar a uma taxa de 25% de juros, preocupante para o mundo moderno e para um País que, hoje, ocupa o 12º lugar na economia mundial.

Nós, do Congresso, fizemos o possível e o impossível.

O povo sempre vai nos cobrar muito, e tenho falado de alguns atavismos existentes no Brasil - o atavismo de voltar para Petrópolis, de que o que é público é do rei -, mas temos, na nossa nacionalidade, também uma qualidade ruim, lamentavelmente, dentre tantas outras qualidades boas: a mania excessiva da crítica, principalmente daqueles que têm sucesso.

            Na Inglaterra, nos Estados Unidos ou no Canadá, alguém que tem sucesso é endeusado, mas vejo, com tristeza, que, no Brasil, isso é sempre olhado pelo lado pejorativo, ruim, porque parece que quem tem um dom ou uma inteligência que lhe permitiu sucesso é considerado um pouco criminoso, como se tivesse usurpado algo. Isso não é uma das coisas boas neste País, lamentavelmente, mas nós, Parlamentares, temos feito o possível.

Hoje, assistindo à televisão, ouvi as críticas enormes que estão sendo feitas porque foi aprovado ontem, no Congresso, o aumento de salário para os Parlamentares. Mas o engraçado é que foram feitas por um repórter que sei que ganha R$200 mil mensais, fixos, sem contarmos o merchandising. Não estou fazendo a defesa desse aumento, pois acho que o momento não é apropriado, mas, de qualquer jeito, vejo que há uma certa hipocrisia nas críticas a um Congresso que tentou fazer tudo o que pôde.

Fizemos um balizamento das modificações que a sociedade brasileira quis, quer, deseja, a que aspira, mas há muita coisa a ser feita.

Um rombo de R$70 bilhões na Previdência Social de um país é inadmissível. O Presidente Lula tem que aproveitar os primeiros momentos de popularidade, de força total, para fazer essa modificação.

Temos que resolver o problema agrário: vamos estar a favor da lei, contra as invasões, ou vamos permitir as invasões e estaremos contra a lei? Esse é um outro dilema que vamos viver durante este ano.

Com certeza, teremos que aumentar a exportação, e isso não será feito como um milagre, feito com uma “varinha de condão”. Teremos que treinar gestores para fazer a venda da maior quantidade possível de produtos brasileiros. O dólar alto nos ajudou, mas precisamos melhorar a qualidade de nossos produtos, a tecnologia, o design e, inclusive, a técnica de venda. Temos sido muito acomodados, tanto que o PIB da Coréia, um país pequeno, com todo o respeito, com população também pequena, sem recursos, que vive seis meses de inverno rígido, que praticamente paralisa o país, ultrapassou o PIB do Brasil.

Com certeza, temos outras preocupações: as políticas industrial e agrícola não estão definidas. Ficamos felizes por alcançar uma produção de 90 bilhões de toneladas, quando ela poderia ser o dobro ou triplo.

Fizemos uma pálida e tênue minirreforma fiscal. E a reforma fiscal tem que ser feita em curtíssimo prazo.

É inadmissível que o País não tenha uma melhor definição da sua estrutura política, a ser obtida com a reforma política.

Precisamos realizar a reforma judiciária, para dar igualdade a todos, pois vejo os meus amigos da Justiça Federal, Estadual e até mesmo da Procuradoria sofrendo por falta de recursos e porque vivemos num sistema processualista, em que o processo tem a primazia e entope as varas do Judiciário.

Conquistamos muitas coisas: fomos exemplo não somente na democracia como também na Lei de Responsabilidade Fiscal, que começa a ser copiada por muitos países; creio que nenhum país em desenvolvimento teve as conquistas sociais do Brasil, tanto que o Presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu um prêmio da ONU exatamente por esse avanço. Foi tudo o que queríamos? Não. Queremos muito mais. Queremos que esse fosso que existe entre os mais pobres e os mais ricos seja, senão extinto, pelo menos diminuído. Nunca vamos conseguir a igualdade total, isso é utopia - olhem os dedos da mão: se quisermos igualdade, vamos ter que cortar quatro dedos -, mas não é possível, nem humano e justo, que haja tanta disparidade.

Precisamos fazer reformas urgentes e lutamos, neste ano, pelo possível, mas ainda há muito, como digo, a se fazer, não em remendos, porque temos feitos alguns remendos. Como eu disse, noutro dia, é como consertar só o buraco na sola do sapato, quando deveríamos fazer a sola completa, senão a reforma completa do sapato, para o conforto do pé, que, no caso, é o cidadão, o contribuinte.

Tivemos e temos, neste País, uma tradição, que penso que vem desde os portugueses, da Batalha de Alcácer-Quibir, quando D. Sebastião sumiu, não apareceu. Ficamos esperando que voltasse um dia, como redentor, e isso ficou no subconsciente do povo, da massa: estamos sempre esperando um salvador, o retorno, a chegada de alguém que resolva. Já vimos isso acontecer, no País, com Collor e estamos vendo acontecer com Lula, graças a Deus, de modo diferenciado. Foi uma enorme catarse nacional essa avalanche de votos que teve o Presidente Lula.

A demonstração de vontade de todos é de que haja a construção de um País que enfrente a concorrência das demais nações, para que possamos, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, voltar a ocupar uma posição entre os grandes países. Éramos a oitava economia, caímos para a nona e, depois, para a décima; agora, em termos de economia, ocupamos a décima segunda posição - perdemos para a Coréia.

Sr. Presidente, não é só na área econômica que queremos nos posicionar. Queremos ocupar também posições de respeito. Quem sabe não só o futebol ou as festas de Carnaval possam ser orgulho nacional! Precisamos mostrar que somos criativos, que somos empresários, que somos ousados, para que ocupemos o espaço que um país continente como o nosso pode ocupar.

Precisamos fazer esse up-grade do Brasil no cenário mundial! E tenho a certeza de que, se todos nós estivermos unidos, se todos nós estivermos com esse espírito, se todos nós aproveitarmos essa marola gigantesca que impulsionou o nosso Presidente, que teve uma saga e uma história incrível, todos nós vamos viver um pouco dessa saga também. O nosso Presidente nos mostrou que, mesmo tendo nascido numa cidade do interior, tendo passado fome, tendo viajado de pau-de-arara, tendo sofrido como operário, tendo passado por todas as dificuldades, conseguiu vencer. Por que não pode o Brasil alcançar o mesmo? Temos condições de fazê-lo!

Quero desejar ao Presidente Lula muito boa sorte!

Com certeza, o meu Partido o estará apoiando. Hoje, às 15 horas, provavelmente, deveremos encerrar essas negociações, para que, amanhã, possa ser anunciada a nossa participação no apoiamento ao Governo Lula.

E queremos, com a sinceridade de quem chega à tribuna, dizer que não votamos em Lula para Presidente, mas que queremos o seu sucesso, porque isso representará o sucesso do Brasil.

O Partido, por inteiro, estará aqui lutando para que tenhamos no Governo Lula todos os ganhos que tentamos obter, durante todo esse tempo, no Governo Fernando Henrique Cardoso. Conseguimos muito, mas não conseguimos tudo. Vamos avançar!

Fiquei feliz ao ver o Presidente eleito dizer que quer que cada embaixador brasileiro seja um mascate.

Sr. Presidente, quando estive na Presidência da Comissão de Assuntos Econômicos, tomei conhecimento da negociação e do balanço de pagamento do Brasil em relação a cada país. Não me conformo que, embora estejamos bem em relação à União Européia - exportamos quase 32% para eles -, individualmente, a nossa maior exportação seja para os Estados Unidos, para países que têm cotas, para países que são de difícil ganho para aumentar essas cotas, e que tenhamos nos descuidado do mundo árabe. Não me conformo com isso! Para a Líbia, por exemplo, exportávamos US$2 bilhões, Senador Antonio Carlos Júnior, e, hoje, esse montante caiu para US$50 milhões. Não me conformo quando vejo que perdemos muito espaço em alguns países como o Irã - os países árabes em geral -, até porque os nossos empresários não têm a tradição de ir lá para vender.

Sr. Presidente, já fui três vezes à Líbia na tentativa de abrir as portas. Agora, estamos travando a mesma luta em relação à Grécia. E o estamos fazendo não por que a Grécia seja um mercado importante - isoladamente, ela não o é -, mas porque aquele país é a sede de toda a região central da Europa e das novas repúblicas russas. É lá que está o Banco de Desenvolvimento e os órgãos de desenvolvimento. Portanto, a Grécia é uma grande parceira para nossa entrada naquela região.

Lutamos pela Ucrânia, País com cerca de 80 milhões de habitantes, que conta com alta tecnologia em várias áreas e que pode ser muito boa parceira nossa no que diz respeito à construção de foguetes, emprestando-nos uma tecnologia que não detemos. Trata-se de um país emergente e novo, como o nosso, cujo povo é muito próximo de nós.

Fomos a Taiwan. Embora a China seja a nossa parceira preferencial - temos essa correta visão -, Taiwan pode ser um parceiro comercial nosso muito mais importante. São 22 milhões de taiwanenses que já exportaram mais de US$900 bilhões. No momento, eles estão com US$110 bilhões em caixa para investir. Cada taiwanês que vem negociar conosco recebe somente um laissez-passer, com direito a uma entrada. Quando ele sai, a Polícia Federal recolhe, e, para ele voltar, demora quase um mês para conseguir um novo laissez-passer. Temos de ser mais abertos, mais práticos, mais pragmáticos.

Então, temos a alegria de ouvir o Presidente Lula pedir a cada embaixador que seja um mascate.

Mais uma vez, digo que deveríamos estar levando nossos produtos para a África, o Caribe, a Ásia e a Europa, para que suas populações os conhecessem, mas a um custo mais barato do que aquele alcançado quando se fazem as feiras, que são temporárias. Já que não conseguimos fazê-lo por meio do Porta-Aviões Minas Gerais - essa era a minha idéia, e todos a aplaudiram, mas não conseguimos operacionalizá-la -, no momento, estamos dialogando com representantes da Grécia - porque eles têm uma enorme frota, com grandes petroleiros parados -, na busca de uma parceria para montarmos um shopping flutuante. Estamos avançando nessa negociação.

Ainda nesta semana, almocei com o Embaixador da Grécia, exatamente com o intuito de encontrarmos um armador que faça essa parceria com a indústria paulista e dos demais Estados, para que possamos montar esse shopping, que faria a linha do Caribe, a da costa oeste da América do Sul, a da África e assim por diante.

De maneira nenhuma, não podemos nos deixar vencer pelas dificuldades. Estamos lutando!

Sr. Presidente, o custo Brasil tem que ser diminuído! E, para que isso aconteça, temos que vencer grandes problemas, tais como o das dificuldades das estradas, o dos portos, o da legislação, o da qualidade dos produtos, o da incerteza econômica, além do da Previdência, das reformas política e tributária.

Com toda a certeza, veremos algumas transformações nesta Casa! Já estamos presenciando mudanças. A Oposição - e, ainda ontem, vimos isso acontecer - queria que votássemos o nome para Presidente do Banco Central, um homem probo, capaz, mas não se conteve ao fazer um discurso, ainda de oposição, contra o Governo atual, quando estávamos votando a favor. Foi preciso uma conversa entre os Líderes dizendo: “Gente, vocês agora vão ser governo. Menos discurso e mais voto!. A maioria vota, não discute”.

Com certeza, esse aprendizado ainda vai levar alguns dias. O público e a Nação brasileira ainda vão ficar estupefatos, porque foram oito anos de oposição. Eles ainda estão imbuídos do espírito oposicionista; ainda não se convenceram de que são governo e que a campanha já passou. Não pode mais haver ataques. Não há mais vencidos, nem vencedores. O que há são brasileiros unidos, aproveitando uma grande onda de solidariedade ao Presidente Lula, na busca do crescimento do nosso País.

Sr. Presidente, era essa a análise que eu queria fazer.

Encerro, dizendo que, com toda a certeza, nós, do PMDB, nós, deste Senado, nós, da Câmara dos Deputados, estaremos juntos nessa corrente de otimismo, de solidariedade, de trabalho e de esperança, no sentido de que o novo Governo obtenha sucesso, porque isso significará o sucesso do nosso País, do nosso povo!

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/12/2002 - Página 27087