O SR. LUIZ PASTORE (PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna para, primeiramente, manifestar a sorte que tive de ter iniciado a minha vida de negócios e trabalho no Estado do Espírito Santo e de ter recebido de meu pai um grande legado: a dignidade, a lealdade e a disposição para o trabalho; princípios esses que são inerentes e obrigatórios em qualquer homem de bem.

Tive o prazer de enveredar pela vida pública por intermédio de um homem detentor desses princípios, ao ser indicado como suplente do Senador Camata que, após o exercício parlamentar no Senado Federal, por 16 anos, licenciou-se para cuidar de sua saúde, concedendo-me o privilégio de exercer esses dias de mandato nesta Casa, dos quais hoje me despeço.

Como empresário e pouco afeito ao mundo político, entrei neste Parlamento com uma visão crítica e com um conceito diferente sobre a verdade desta Casa. Graças ao que aqui vi, tive uma agradável e gratificante constatação. Nesses cinqüenta e dois dias de mandato, como titular das Comissões de Assuntos Econômicos, de Constituição, Justiça e Cidadania e de Educação, pude conferir o extenuante, árduo, profícuo, intenso, dedicado, sério e responsável trabalho que os Senadores aqui desenvolvem.

Nas comissões, os assuntos de toda natureza são debatidos exaustivamente, com competência, sabedoria e profundidade, para que, então, os projetos possam ser encaminhados para a deliberação. Particularmente, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, aprendi muito, especialmente com a serenidade e a competência do Senador Bernardo Cabral e com a coerência e clareza do Senador Jefferson Peres, que é um símbolo de clareza - foi um prazer estar junto a S. Exª na Comissão. Tive também o privilégio de conviver e aprender com a capacidade e a dedicação de Senadores como Eduardo Suplicy e José Fogaça, entre tantos outros. E, na Comissão de Educação, impressionou-me bastante o conhecimento e a intensa atuação dos Senadores Ricardo Santos, Emilia Fernandes e Benício Sampaio, entre tantos outros; nas lideranças, onde o exercício da tolerância e respeito é praticado diurnamente; no plenário, onde se delibera de forma democrática e extremamente cordial.

Quero aqui registrar a dedicação responsável de nossa Mesa Diretora, comandada com sabedoria salomônica pelo ilustre Presidente Ramez Tebet; da Secretaria-Geral, que de forma sacerdotal, orienta-nos quanto ao Regimento Interno e às proposições; e da Consultoria Legislativa, que, por meio de seus consultores, norteia-nos para que a boa técnica legislativa seja respeitada.

Nosso Senado Federal conta com uma estrutura de comunicação digna de Primeiro Mundo. A imparcialidade da TV Senado, da Rádio Senado e do Jornal do Senado nos orgulha.

Peço, porém, permissão para fazer uma sugestão. Há a necessidade de uma divulgação mais ativa sobre a atuação dos Parlamentares, pois poucos brasileiros sabem que, nesta Casa, trabalha-se 12, 14, 15, 16 horas por dia. Infelizmente, os brasileiros não têm consciência disso. Poucos sabem que o trabalho feito pelos Srs. Senadores dignifica o País.

Falo como empresário e como uma pessoa que pode dar um testemunho do povo - não interessa se de camada mais rica ou mais pobre. O importante é que sou uma pessoa de fora desta Casa. Nesses dias em que convivi nesta Casa, assisti ao trabalho exercido por V. Exªs. Não tenho muitas palavras para falar tamanho meu orgulho de ter pertencido a esta Casa. Muitos dos trabalhos de V. Exªs deveriam ser divulgados. As pessoas não sabem o trabalho que V. Exªs realizam nem têm idéia da responsabilidade aqui existente porque não há divulgação. Pensa-se que o Senado é um clube, como, muitas vezes, ouvi falar.

Saio desta Casa com orgulho de ter pertencido a ela, porque aqui há trabalho e responsabilidade. Não vou insistir, mas esta é uma verdade inequívoca para quem passa, como eu, por esta Casa. Tenho a visão de fora, porque não sou político, sou empresário. Tenho a visão de quem conhece, de quem trabalha. Trabalhar, para nós empresários, é a nossa vida o tempo inteiro.

Parabenizo todos os Senadores que aqui conheci, nas Comissões. É um privilégio ver o trabalho que o Senador Eduardo Suplicy mantém em São Paulo. S. Exª é um orgulho nesta Casa e para todas as pessoas que o conhecem.

Mas, continuando:

Nesse curto, porém, produtivo período, convivi com as mais variadas virtudes. Tive o prazer de aprender com cristalina coerência dos Senadores Jefferson Peres e Pedro Simon; com a liderança exercida pelo Senador Renan Calheiros; com a perseverança - pena que S. Exª não esteja aqui presente - da Senadora Heloísa Helena; com a amizade dos Senadores Juvêncio da Fonseca, Benício Sampaio, Antonio Carlos Júnior e tantos outros, como Chico Sartori e Luiz Otávio; enfim, Senadores, que, indistintamente, me brindaram com uma amizade, um carinho e um calor que poucas vezes tive em minha vida. Prefiro não continuar citando nomes, sob pena de cometer injustiça e esquecer alguém dentre tantas outras ilustres criaturas.

Não poderia deixar de destacar dois projetos de minha autoria, que aqui tramitam, ambos relacionados com a cultura, entendendo que darão grande contribuição para essa classe um pouco esquecida.

Um deles, já aprovado perante a Comissão de Assuntos Econômicos, onde o apresentei, visa a pulverizar e popularizar recursos oriundos da Lei Rouanet e destiná-los aos projetos culturais. Por intermédio dessa alteração de proposta, todas as regiões do País, principalmente as menos favorecidas, poderão ter acesso aos recursos de fomento à cultura, propiciando a divulgação da cultura regional.

O outro projeto, que tem como principal enfoque a criança, tem o intuito de estimular a participação de artistas plásticos locais nas atividades desenvolvidas junto a alunos do ensino básico, nas escolas sem fins lucrativos. Estimulando a participação dos artistas plásticos em atividades escolares por meio da utilização dos incentivos contemplados, também na Lei Rouanet, a cultura local será fortalecida, pois possibilitará a divulgação e desenvolvimento das atividades artísticas locais, inerentes à cultura daquela comunidade, propiciando, ainda, o surgimento de novos e grandes artistas. Nota-se, a propósito, que é na educação básica que há a formação do caráter da criança. Uma infância saudável afasta os jovens da droga e da marginalidade. Assim, com a possibilidade de desenvolver uma atividade voltada às artes plásticas, os jovens desenvolverão disciplina, senso de criatividade, iniciativa e criatividade.

O objetivo desse projeto é o de trazer os jovens para as atividades artísticas, mantendo-os ligados às atividades fora do horário escolar, tirando-os das ruas e estimulando sua criatividade. Além disso, os jovens das comunidades carentes terão contato com o mundo das artes plásticas, desenvolverão seus talentos e poderão, no futuro, explorar economicamente suas atividades artísticas.

Srªs e Srs. Senadores, é com tristeza que deixo esta Casa, pois aqui pude compreender a grandeza do trabalho de V Exªs, que abdicam do convívio da família para dedicarem-se às causas da sociedade, muitas vezes injustiçados pelos resultados das urnas. Porém, tenho certeza de que aqueles que por esta tribuna passaram, registrando sua despedida, deixaram marcas que orgulham e envaidecem não só aos seus eleitores, mas principalmente, aos seus familiares.

Muito obrigado e até breve.