Discurso durante a 28ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Premiação pelo Programa Gestão Pública e Cidadania, edição 2002, do Projeto Anike 2002, implantado no Estado Roraima, que visa o fortalecimento da auto-estima e a autonomia dos povos indígenas por meio da capacitação de professores e produção de material didático diferenciado.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Premiação pelo Programa Gestão Pública e Cidadania, edição 2002, do Projeto Anike 2002, implantado no Estado Roraima, que visa o fortalecimento da auto-estima e a autonomia dos povos indígenas por meio da capacitação de professores e produção de material didático diferenciado.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2003 - Página 5236
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, PREMIO, PROJETO, EDUCAÇÃO, COMUNIDADE INDIGENA, ESTADO DE RORAIMA (RR), OBJETIVO, MELHORIA, IDENTIDADE, AUTONOMIA, INDIO, CRIAÇÃO, MATERIAL ESCOLAR, HABITAÇÃO, PROFESSOR, ESPECIFICAÇÃO, VALORIZAÇÃO, HISTORIA, GRUPO INDIGENA.
  • ESCLARECIMENTOS, IMPORTANCIA, PROJETO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), RECONHECIMENTO, DIVERSIDADE, CULTURA, COMUNIDADE INDIGENA, ESTADO DE RORAIMA (RR), REGISTRO, COLABORAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), FORMAÇÃO, PROFESSOR, INDIO.

O SR. ROMERO JUCÁ (PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, com grande alegria, subo a esta Tribuna para registrar a premiação, pelo Programa Gestão Pública e Cidadania, edição 2002, do Projeto Anike 2002, implantado no Estado de Roraima, que tenho a honra de representar nesta Casa.

Trata-se de iniciativa que visa a fortalecer a auto-estima e a autonomia dos povos indígenas de Roraima, através da capacitação de professores indígenas e da produção de material didático diferenciado, a partir da própria história oral desses povos.

Aquela unidade da Federação, situada no extremo norte do nosso País, com área mais ou menos equivalente à da do estado de São Paulo, é habitado por 14 povos indígenas, ocupantes de 40% de seu território.

Na visão anterior ao Projeto Anike, a escola ensinava os índios a migrar para as cidades, a abandonar suas tradições e a absorver os conhecimentos baseados na realidade urbana. Assim, os aprendizes não raramente se entregavam às drogas e aos vícios, desvirtuando-se de suas origens antropológicas e culturais.

A realidade cruel começou a mudar na década de 90, quando o MEC obrigou as escolas a reconhecer a diversidade sociocultural e lingüística do país.

Com o surgimento da Organização dos Professores Indígenas de Roraima, iniciou-se uma profunda mudança daquela realidade, pois a OPIR, além de ensinar a captação de recursos financeiros para as comunidades, passou a promover oficinas de elaboração de projetos. Esse foi o embrião do projeto Anike.

Esta proposta, baseada em crenças e mitos dos Makuxi, se desenvolveu a partir do ano 2000, quando o MEC propiciou curso de capacitação para 40 professores indígenas, enfatizando a história oral, por meio de entrevistas em aldeias de etnias diferentes, procurando ouvir os mais velhos ou os que soubessem relatar lendas e histórias de seu povo.

O material foi classificado em diversas categorias, partindo-se, daí, para a redação de textos históricos e ilustrações.

Dessas oficinas nasceu, na sua plenitude, o Projeto Anike, que ampliou a participação da comunidade na vida escolar, incluiu as atividades comunitárias no processo de aprendizagem, integrou crianças e adultos, valorizou a biodiversidade do local onde moram e resgatou conhecimentos tradicionais.

Enfim, Sr. Presidente, há uma revolução no sistema de educação indígena, que sai das salas de aula tradicionais e ganha dimensões muito mais amplas, com a participação de todos.

Por oportuno , convém registrar alguns dados do projeto:

Atualmente, já beneficia cerca de cento e trinta professores indígenas daquele Estado, pretendendo-se que alcance todos os onze mil alunos indígenas de Roraima.

Além disso, já foram editados dois livros de História, escritos na língua makuxi, destinados às 1ªs e 2ªs séries do Ensino Fundamental. Será lançado, ainda, um livro de História e Geografia, nas línguas makuxi, wapichana e português, para os alunos da 5ª a 8ª séries.

E mais: o projeto contará, em breve, com um curso universitário para a formação de professores indígenas, em parceria com a Universidade Federal de Roraima.

O projeto Anike, Senhoras e Senhores Senadores, é iniciativa que orgulha a todos os roraimenses e, por isso, mereceu a premiação que aqui registro, com alegria, esperando que seus frutos se espalhem por todos os povos indígenas do nosso país.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2003 - Página 5236