O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srª^s e Srs. Senadores, há pouco, ouvimos o pronunciamento da nossa companheira e amiga, Senadora Ideli Salvatti, do PT. S. Exª disse que houve histerismo por parte das lideranças políticas e comunitárias de Santa Catarina, em face do não cumprimento de um dever público do Ministro Anderson Adauto.

Ontem, usei esta tribuna para dizer que o Ministro havia estipulado um prazo, até o dia 1º de abril, quando daria uma resposta positiva - era o que esperávamos - em relação ao início das obras de duplicação da BR-101 na Região Sul.

Quero deixar registradas nesta Casa as manifestações do povo catarinense e dos líderes políticos em defesa da vida, em defesa daqueles que há muito tempo estão pleiteando, lutando para que os seus direitos sejam atendidos.

Porém, o que me traz mesmo a esta tribuna é o fato de alguém dizer que Fernando Henrique Cardoso não fez nada. Ora, a própria Senadora que o fez, logo após, diz que foi vítima de um acidente na parte duplicada. Se houve uma parte duplicada, algo foi feito. Se temos problemas, estes deverão ser sanados. De São Paulo ao Paraná, no Governo de Fernando Henrique Cardoso, foram duplicados em torno de 300 km. De Curitiba a Palhoça, dentro de Santa Catarina, mais 300 km foram duplicados, restando apenas algo em torno de 250 km na região sul de Santa Catarina. Se cerca de 600 km que foram duplicados, faltando apenas 250 km. Esta palavra “nada” não serve a Fernando Henrique Cardoso.

É engraçado dizer-se que em oito anos não se fez nada, pois é como se iniciasse o primeiro dia de Governo e já tivesse de se duplicar a rodovia. Ou seja, usam-se os oito anos contra Fernando Henrique Cardoso, mas não se usam os três meses contra o Presidente Lula.

Não desejo mencionar a questão pessoal ou política, mas defender o meu Partido, o PSDB. Quando Lula em campanha dizia que iria dobrar o salário mínimo, esperávamos que fosse dobrar agora; mas, como somos coerentes, entendemos os problemas do Governo Federal, dos Estados, dos Municípios, não cobraremos o salário dobrado agora. Mas esperamos que durante seus quatro anos seja dobrado o salário mínimo. Isto não quer dizer que tem que ser no primeiro dia de Governo.

Quando se fala nesta tribuna, usam-se sempre os oitos anos do Governo Fernando Henrique Cardoso como se tudo pudesse ser feito no primeiro dia. Aliás, falando em salário mínimo, cujo aumento real concedido pelo Governo foi de 1,8%, serão necessários mais ou menos cinqüenta anos de Governo para dobrá-lo considerando tal percentual.

            Quero ainda deixar assinalado aos amigos companheiros Senadores que a BR-101, na Região Sul, foi licitada por Fernando Henrique Cardoso, que garantiu recursos vindos do BID, de um banco japonês e recursos do orçamento. Se as cartas tivessem sido abertas na concorrência pública em dezembro, essa obra já estaria sendo tocada. Mas por um ato de lealdade ou de companheirismo, até de cortesia ao Presidente Lula, a pedido da Comissão de Transição, deixaram para abrir as cartas este ano. E agora o Ministro Anderson Adauto está dizendo que trancaram os recursos de um banco japonês. Pois é, quanto mais o tempo passa, quanto mais ficam nos enrolando, mais perdemos os recursos.

Estou usando esta tribuna não para entrar na questão individual, para polemizar este assunto, mas para defender quem fez, para defender quem cumpriu grande parte dos seus compromissos com o Estado de Santa Catarina. Eu era Deputado Federal pelo PDT, e nós fizemos campanhas e abaixo-assinados, reivindicamos com o Presidente, fechamos as BRs, e o Governo nos atendeu. Temos que nos curvar àquilo que é feito. Mas conseguimos grandes avanços. O fato é que ser Oposição aos oito anos que se passaram era até mais fácil. O Governo tem que compreender algumas críticas. Mas somos Senadores, Parlamentares eleitos para cobrar o bem dos nossos municípios, do nosso Estado e do nosso Brasil. Não queremos saber se alguém fez ou não, mas queremos que cumpram agora com os seus compromissos. Estamos perdendo a duplicação da BR-101, talvez, por falta de vontade política.