Discurso durante a 33ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela Campanha da Fraternidade 2003, cujo tema é "Fraternidade e Pessoas Idosas: Vida, dignidade e esperança".

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA. POLITICA SOCIAL.:
  • Homenagem à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela Campanha da Fraternidade 2003, cujo tema é "Fraternidade e Pessoas Idosas: Vida, dignidade e esperança".
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2003 - Página 6276
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), CAMPANHA DA FRATERNIDADE, DEBATE, SITUAÇÃO, IDOSO.
  • IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, IDOSO, INCENTIVO, INTEGRAÇÃO, EDUCAÇÃO, CRIANÇA.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, autoridades que compõem a Mesa e demais participantes desta sessão, em primeiro lugar, quero fazer uma saudação especial à CNBB, pelo tema da Campanha da Fraternidade deste ano, campanha esta a que atribuo a maior relevância.

Batalhei muito no meu Estado de Mato Grosso, onde fui Deputada por três mandatos, e costumo dizer que sempre estive bastante envolvida com todo o trabalho, todas as campanhas, todos os movimentos da terceira idade, desde projetos de lei de minha autoria - vários deles no meu Estado - até participação em momentos de dificuldades de alguns grupos da terceira idade.

Dizia sempre - e continuo dizendo - que as nossas crianças precisam ser muito bem cuidadas. Todavia, não costumo dizer a frase que alguns consideram célebre - não a digo porque não gosto dela: “As crianças são o futuro do Brasil”. Digo que não, que as crianças são o presente. E vai depender desse presente o nosso futuro e o futuro delas também. Se, no presente, elas forem muito bem cuidadas - estou falando das crianças para chegar a falar da terceira idade -, o futuro nosso, delas e de todas as pessoas estará assegurado, com certeza.

Cuidar bem das nossas crianças significa dar condições de vida para elas, em especial de educação, de trabalho para seus pais, de dignidade para suas famílias, porque, atrás de uma criança abandonada, de uma criança que já está no mundo da irregularidade, há um adulto abandonado, um adulto na irregularidade. Portanto, precisamos cuidar de nossas crianças.

“E o que tem isso a ver com as pessoas da terceira idade?” - perguntarão algumas pessoas. E respondo que tudo tem a ver. Quando falo em educação para nossas crianças, precisamos trazer as pessoas da terceira idade para fazerem parte do processo de educação da nossa sociedade.

Trabalhei, por 26 anos, na área de educação na Universidade Federal de Mato Grosso. Lá, participei de alguns projetos da terceira idade. Havia também uma iniciativa - da qual não cheguei a participar, mas que continua sendo trabalhada - para que idosos pudessem contribuir com a educação de nossas crianças. Como passar a experiência de vida deles para as nossas crianças, para os nossos jovens? Como fazer com que valorizem a experiência de vida da terceira idade? Como fazer com que sintam a importância das pessoas da terceira idade próximas a elas?

Se as crianças começarem a valorizar os idosos e a se conscientizar da importância deles e de sua história de vida, elas começarão até a ouvir as pessoas da terceira idade próximas a elas. E isso é muito necessário para os nossos jovens e para as nossas crianças, porque elas não se aproximam de seus parentes com mais idade, pois, para eles, o mais importante são as pessoas de sua turma, que muitas vezes têm algum desvio no mundo, às vezes da irregularidade, para ser sintética. Essa convivência deve ser estimulada, não só pelas famílias, como também pelas escolas. É mister levar as organizações da terceira idade para dentro das escolas, para discutirem com as crianças, para contarem a elas suas histórias e estórias, para fazer com que os nossos jovens confiem nos idosos, conheçam suas histórias, suas virtudes e até os desvios que porventura tiveram, para que os mais novos saibam pelos mais velhos o que eles sofreram com isso e como conseguiram superar tais dificuldades. É sempre bom ouvir exemplos de dificuldades já vividas, para evitar passar por elas ou para superá-las, caso já se esteja em qualquer desvio.

Então, considero este momento de extrema importância. Que se divulgue, realmente, que se mostre ao Brasil, como um todo, a importância de se valorizar as pessoas da terceira idade, em especial dentro de nossas escolas, na educação. É preciso estimular os nossos jovens a, se tiverem um problema, procurar seus avós, as pessoas de mais idade, para com eles se aconselharem. É preciso fazer uma campanha de aproximação das pessoas da terceira idade. É o que não está existindo hoje. As pessoas estão isoladas, deixadas de lado, abandonadas, desvalorizadas, relegadas, como se não mais tivessem um serviço a prestar. Já foram tantos serviços prestados, já contribuíram tanto. Agora é o momento de a terceira idade continuar prestando serviços, passando valores e experiências à juventude.

Por isso, saúdo mais uma vez a Campanha da Fraternidade deste ano.

Tenho alguns dados, mas receio que já tenham sido mencionados. Não serei repetitiva. No entanto, alguns são extremamente importantes. Por exemplo, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em sua publicação “Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil”, editada em 2002, o número de idosos no Brasil passou de 10.7 milhões de pessoas, em 1991, para 14.5 milhões, em 2000. Em um lapso de 9 anos, houve um crescimento de 35.6% na categoria de idosos. É um dado muito importante e muito bem-vindo, uma alegria para o nosso País, pois significa que nossos idosos então tendo uma qualidade de vida “melhorada”. Mas precisamos buscar muito mais.

Nossa saudação especial à CNBB por essa campanha. Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2003 - Página 6276