Fala da Presidência durante a 33ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Associa-se às homenagens à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela Campanha da Fraternidade 2003, cujo tema é "Fraternidade e Pessoas Idosas: Vida, dignidade e esperança".

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA. HOMENAGEM.:
  • Associa-se às homenagens à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela Campanha da Fraternidade 2003, cujo tema é "Fraternidade e Pessoas Idosas: Vida, dignidade e esperança".
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2003 - Página 6280
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA. HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), CAMPANHA DA FRATERNIDADE, DEBATE, SITUAÇÃO, IDOSO.
  • HOMENAGEM, HELDER CAMARA, BISPO, CRIAÇÃO, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), ATUAÇÃO, POLITICA SOCIAL.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Cumprida a finalidade desta primeira parte da nossa sessão, desejo agradecer a honrosa presença de Dom Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico, Raymundo Damasceno Assis, Secretário-Geral da CNBB e Dom João Bosco, Bispo de Patos de Minas, e de todos que aqui se encontram para conosco homenagear a CNBB e tratar dos problemas da Campanha da Fraternidade. Especialmente quero agradecer e expressar a honra de termos aqui na nossa Mesa Dom José Freire Falcão, que tem marcado a sua vida de dedicação total à Igreja, num sacerdócio humano e sábio.

O embrião da CNBB, sem dúvida, surgiu em 1930, quando Dom Sebastião Leme assumiu o arcebispado do Rio de Janeiro. Um homem que teve grande liderança na Igreja Católica no Brasil. Pensava em aglutinar as dioceses esparsas no Brasil e o laicato brasileiro numa associação que pudesse aproximar a Igreja do Estado e da sociedade. Dom Sebastião faleceu em 1942 e não pode realizar aquilo que pensava. Substituiu-o Dom Jaime Câmara. Dom Jaime, embora fosse um grande dignitário da Igreja, não tinha a liderança de Dom Sebastião, mas tinha ao seu lado um jovem bispo auxiliar, Dom Hélder Câmara, que idealizou e concretizou tudo aquilo que pensava Dom Sebastião.

Conheci o jovem bispo do Rio de Janeiro, Dom Hélder Câmara, quando eu era Deputado, e ele se dedicava às campanhas da providência. Podemos dizer que Dom Hélder fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil para coordenar, subsidiar as atividades de orientação religiosa, de beneficência, de filantropia e de assistência social.

Recordo-me com extrema saudade de Dom Hélder Câmara. Homenageamos a sua memória quando homenageamos a CNBB. Lembro-me de que, quando Presidente da República, fui a Roma encontrar-me com o Papa João Paulo II e chamei o velho Arcebispo de Olinda, já com o peso dos anos, Dom Hélder, para que me aconselhasse o que eu deveria dizer ao Chefe Mundial da Igreja.

Estamos aqui hoje para homenagear a CNBB, que se dedicou a ser uma presença ativa no campo social no Brasil. Creio que esta homenagem é de todos os católicos do Brasil, mas particularmente hoje é do Senado brasileiro, por iniciativa do Senador Paulo Paim, homem dedicado às causas sociais.

Agregada à homenagem à CNBB, fazemos uma associação nossa a esse chamamento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sobre os problemas das pessoas idosas, com seu lema da Campanha da Fraternidade: Vida, Dignidade e Esperança.

A velhice é uma das maiores provas de amor de Deus para com os homens. Deus, quando quis dar as suas revelações, entregou-as aos velhos. Velho era Moisés; velho era Abraão; velhos são os profetas. Dar a um ser humano vencer os primeiros anos, a infância, a juventude, a maturidade e envelhecer, podendo desfrutar a graça da vida até o fim, é sem dúvida uma escolha de Deus para cada um de nós que consegue atravessar essa longa caminhada. São João dizia, em seu Evangelho, que Cristo amou os homens até o fim. E Ele deve ter amado mais os homens aos quais assegurou ir até o fim de todo o ciclo da vida.

A Campanha da Fraternidade homenageia este ano a velhice que, como disse, é uma graça de Deus. E o homem não pode transformar essa graça em sofrimento. Daí a necessidade da solidariedade total que devemos ter para com nossos velhos. Devemos cercá-los de carinho, de solidariedade - como diz o lema da campanha - e de esperança. Solidariedade de todos nós, dignidade de vida para eles e esperança de que suas descendências tenham vida melhor e muitas felicidades sob a proteção de Deus.

Com essas palavras, encerro esta parte da sessão agradecendo, mais uma vez, a oportunidade que tivemos de nos associar à CNBB e à campanha que promove em favor dos idosos. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2003 - Página 6280