A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fiquei aqui ouvindo atentamente o pronunciamento do Líder do PFL. A minha inscrição não era para abordar esse assunto, mas não posso deixar de falar, por causa dos adjetivos usados por S. Exª, como “cem dias de paralisia, de retrocesso, de imprudência, de inoperância do Governo Lula”.

Pergunto-me qual seria o tamanho do dicionário que eu deveria trazer à tribuna para buscar os adjetivos que qualificassem os cem anos, mais ou menos, que determinadas personalidades e famílias estão no poder. É uma herança que passou do avô para o pai, do pai para o filho, do filho para o neto. E só não há pai e filho aqui juntos porque a urna não permitiu. Imaginem o tamanho do dicionário de adjetivos que eu teria que trazer para esta tribuna!

Não adianta querer responder, porque a pesquisa foi muita clara. O Senador Sibá Machado e a Senadora Ana Júlia já responderam. E o Senador Eduardo Suplicy tentou fazê-lo, mas o Líder do PFL terminou seu discurso antes do tempo para não lhe conceder o aparte. E não permaneceu no plenário. Afinal, quem sempre esteve no poder não tem prática de oposição, não tem treino. Então, precisará aprender a ficar no plenário para ouvir e debater, como este Plenário merece, não é Senador Arthur Virgílio? Nós merecemos debater.

Talvez possamos registrar nas obras os cem dias de Governo Lula que também são cem dias sem PFL no Governo, o que é uma grande conquista.

Mas o que me traz à tribuna é a intenção de registrar que, hoje, dia 9 de abril, está se realizando em todo o mundo uma aula magna como forma de luta pelo direito à educação pública no planeta. Essa campanha, que faz parte da Ação Global pelo Direito à Educação, está sendo realizada em 59 países. Em todo o Brasil, um número significativo de escolas promoveu esse debate, essa aula pública, que aconteceu às 11 horas, horário de Brasília. Nesse mesmo momento, no Espaço Cultural da Câmara, a Senadora Fátima Cleide e eu participávamos desse evento de fundamental importância.

A educação é um dos direitos fundamentais da pessoa humana. A educação, principalmente no continente sul-americano, é um dos direitos que mais têm sido desrespeitados. No Brasil, indiscutivelmente, os índices de escolaridade estão abaixo da crítica. A remuneração dos nossos profissionais de Educação é inqualificável de tão irrisória e desestimulante que é.

O objetivo de toda essa campanha insere-se nesta semana, de 7 a 13 de abril, com eventos cotidianos. O dia de hoje foi o dia da aula mundial, da aula magna, em 59 países.

É importante fazer esse registro, até porque quem tem pouca prática de oposição, mas esteve no governo - já foi, inclusive, Ministro da Educação - é co-responsável pela situação existente hoje. Só para se ter uma idéia, no Brasil, hoje, o custo do aluno, a qualidade na educação, é cinco a seis vezes menor do que o da Coréia. A Coréia tem destinado para cada aluno de cinco a seis vezes mais do que o Brasil destina hoje pelo Fundef. E, em termos de salários, a Europa paga, por baixo, dez vezes mais do que a quantia paga aos profissionais brasileiros.

Esses são dados significativos que demonstram a motivação do Brasil de participar dessa Ação Global pelo Direito à Escola Pública. Inúmeras entidades participam desse evento, inclusive a Câmara dos Deputados, por iniciativa da Comissão de Educação, e a Unesco, que participa dessas atividades e da mobilização internacional pelo direito à Educação.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.