Discurso durante a 35ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio da bancada do Rio Grande do Sul à candidatura do escritor gaúcho Moacyr Scliar à Academia Brasileira de Letras.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. HOMENAGEM.:
  • Apoio da bancada do Rio Grande do Sul à candidatura do escritor gaúcho Moacyr Scliar à Academia Brasileira de Letras.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2003 - Página 7057
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • LEITURA, DOCUMENTO, SUBSCRIÇÃO, BANCADA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), CONGRESSO NACIONAL, APOIO, CANDIDATO, MOACYR SCLIAR, ESCRITOR, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL).
  • HOMENAGEM, MOACYR SCLIAR, ESCRITOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ELOGIO, OBRA LITERARIA, VIDA PUBLICA.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na semana passada, por unanimidade, os representantes gaúchos no Congresso Nacional - os três senadores e os 31 deputados federais - assinaram uma moção de apoio à candidatura do escritor gaúcho Moacyr Scliar à Academia Brasileira de Letras.

Moacyr Scliar está sendo indicado para concorrer à cadeira que vagou por ocasião da morte do romancista mineiro Geraldo França de Lima.

            Pelas informações de que dispomos, o nome de Scliar é o mais cotado entre os acadêmicos, especialmente pelo fato de ser um grande romancista, como o dono anterior da cadeira a ser disputada.

            Diz a moção:

A região Sul, mais uma vez, tem a possibilidade de oferecer um nome representativo de sua cultura para integrar a centenária Academia Brasileira de Letras, instituição fundada em 1897 - pelo maior escritor brasileiro, Machado de Assis - para reunir os expoentes da literatura nacional.

Gaúcho, nascido em 1937 em Porto Alegre, o escritor Moacy Scliar, um dos grandes nomes da literatura nacional, está sendo considerado para ocupar a vaga do escritor mineiro Geraldo França de Lima. Outro nome mencionado, Luís Fernando Veríssimo, que igualmente orgulha a cultura rio-grandense e nacional, decidiu não concorrer agora e manifestou apoio a Scliar.

Conhecido no Brasil e no exterior, Moacyr Scliar tem mais de 50 livros publicados. Conquistou diversos prêmios nacionais e internacionais e teve seus textos adaptados para cinema, televisão, teatro e rádio, além de exercer intensa atividade como colunista de jornais.

Conforme registro da Biblioteca Nacional, Scliar é um mestre do conto contemporâneo e um profissional da palavra elegante. Escritor que apalpa a vida com as palavras para que elas possam sondar a própria realidade em sua crueza. Mas a realidade, como se sabe, é movediça e não se deixa agarrar tão facilmente. Por isso, o humor, o paradoxo, a concisão e o absurdo marcam a obra de Scliar e nos arrebatam.

São esses os elementos que, entrecruzados, dão unidade à vasta obra de Moacyr Scliar, escritor que não pára de criar excelentes parábolas do mundo contemporâneo. Os temas dominantes de sua obra são a realidade social da classe média urbana no Brasil e o judaísmo. As descrições da classe média feitas por Scliar são, freqüentemente, inventadas a partir de um ângulo supra-real.

Alguns de seus livros foram traduzidos e publicados em muitos países, como Estados Unidos, França, Alemanha, Israel, Espanha e Holanda. Sua obra obteve prêmios importantes, como o Prêmio Academia Brasileira de Letras, 1968; Prêmio Érico Veríssimo de romance, 1976; Prêmio Guimarães Rosa, 1977; Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte, 1980; Prêmio Jabuti, 1988 e 1993; Prêmio Casa de las Américas, 1989; Prêmio Pen Club do Brasil, 1990 e Prêmio Açorianos, de Porto Alegre, em 1996.

Suas principais obras são: Carnaval dos Animais (1968); O Exército de um Homem Só (1973); Os Deuses de Raquel (1975); Os Mistérios de Porto Alegre (1976); A Balada do Falso Messias (1976); O Centauro no Jardim (1980); A Estranha Nação de Rafael Mendes (1983); Cenas da Vida Minúscula (1991); Histórias Fantásticas (1996); O Amante da Madona & Outras Histórias (1997); Os Leopardos de Kafka (2000); A Mulher que Escreveu a Bíblia (2000) e Ataque do Comando P. Q. (2001).

Moacyr Scliar desfruta de reconhecimento popular, o que pode ser aferido pela aceitação universal de sua obra. Nada mais justo que, agora, passe a integrar o panteão dos grandes imortais da cultura nacional, com a indicação de seu nome para a Academia Brasileira de Letras.

É o que manifesta a bancada federal do Rio Grande do Sul, representada no Congresso Nacional.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de acrescentar umas poucas palavras a essa moção da bancada gaúcha no Congresso Nacional.

Moacyr Scliar é autor de 62 livros em vários gêneros: ficção, ensaio, crônica, literatura juvenil. Foi professor visitante na Brown University (Department of Portuguese and Brazilian Studies), e na Universidade do Texas (Austin) nos Estados Unidos. Freqüentemente é convidado para conferências e encontros de literatura no país e no exterior.

É colunista dos jornais Zero Hora (Porto Alegre) e Folha de S.Paulo; colabora com vários órgãos da imprensa no país e no exterior. Tem textos adaptados para o cinema, teatro, tevê e rádio, inclusive no exterior. É médico, especialista em Saúde Pública e Doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública.

Duas influências são importantes na obra de Scliar. Uma é a sua condição de filho de imigrantes, que aparece em obras como A Guerra no Bom Fim, O Exército de um Homem Só, O Centauro no Jardim e A Estranha Nação de Rafel Mendes.

            A outra influência é a sua formação de médico de saúde pública, que lhe proporcionou uma vivência com a doença, o sofrimento e a morte, bem como um conhecimento da realidade brasileira. O que é perceptível em obras ficcionais, como A Majestade do Xingu e não-ficcionais, como A Paixão Transformada: História da Medicina na Literatura.

            Era isso, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2003 - Página 7057