Discurso durante a 35ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de prevenção e educação dos jovens para evitar os acidentes que acarretam sequelas neurológicas graves.

Autor
Leonel Pavan (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Leonel Arcangelo Pavan
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Necessidade de prevenção e educação dos jovens para evitar os acidentes que acarretam sequelas neurológicas graves.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2003 - Página 7064
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, AUMENTO, NUMERO, ACIDENTES, PROVOCAÇÃO, DEFICIENCIA FISICA, RESULTADO, IMPRUDENCIA, MERGULHADOR, LAZER, LOCAL, PERIGO.
  • REGISTRO, EMPENHO, ORADOR, PREVENÇÃO, ACIDENTES, PROVOCAÇÃO, DEFICIENCIA FISICA, DEFESA, UTILIZAÇÃO, PLACA, AVISO, PERIGO, MERGULHADOR, AUMENTO, NUMERO, PESSOAS, ESPECIALISTA, SALVAMENTO, LOCAL, PROMOÇÃO, CAMPANHA, DESTINAÇÃO, JUVENTUDE, ATENÇÃO, CARACTERISTICA, RIO, LAZER.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os acidentes e violências passaram a ser, desde o início da década de 1990, os detentores do segundo lugar entre os causadores de óbitos no Brasil, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. Dentre os acidentes mais graves, destacam-se os traumatismos da coluna vertebral. São cerca de oito mil novos casos a cada ano, e, mais da metade desse número, refere-se a lesões que podem acarretar, ao paciente, seqüelas neurológicas graves, como a paraplegia e a tetraplegia. A cada cinco acidentes desse tipo, um revela-se letal.

            Na Rede Sarah, que reúne hospitais mundialmente reconhecidos por sua excelência no tratamento desse tipo de lesão, os acidentes de trânsito e os ferimentos por arma de fogo respondem, juntos, por mais de 65% dos casos de lesão medular.

            O mergulho em águas rasas, por sua vez, é a quarta causa de lesão medular traumática em nosso País. Nos meses de verão, porém, os acidentes de mergulho elevam-se ao segundo lugar desse ranking. Como aproximadamente 10% dos casos de lesão medular decorrem de mergulhos em águas rasas, podemos estimar em 800 os casos anuais desse tipo de acidente, numa média de mais de 2 acidentes diários, que geram, segundo a Faculdade de Medicina do Estado de São Paulo, dez novos casos de tetraplegia por semana no Brasil. Em outras palavras: 65% dos casos de fratura na coluna cervical por mergulho resultam em tetraplegia irreversível.

            Eu próprio quase passei a fazer parte dessas estatísticas no verão passado, quando tive a infelicidade de sofrer, no litoral do meu Estado, um acidente sério, em decorrência do qual quebrei a sétima vértebra. Senti e ainda sinto na pele a experiência de encarar um trauma dessa natureza. Presenciei a aflição de minha família e de meus amigos com minha situação, que, caso se agravasse, traria efeitos permanentes às nossas vidas. Convivi brevemente com pacientes menos afortunados que eu, garotos na mais tenra idade, que dependerão, até o fim de suas vidas, do auxílio de outras pessoas, para realizarem as mais simples tarefas. Tive oportunidade, enfim, de refletir sobre as tantas famílias que, efetivamente, tiveram seus cotidianos alterados para sempre por um acontecimento que, certamente, poderia ter sido evitado.

            Essa experiência me modificou profundamente, de modo que decidi lançar-me com entusiasmo à tarefa de reduzir os casos de traumatismos por mergulho em nosso País. Descobri que são várias as formas possíveis de prevenir os acidentes em questão. Uma delas seria exigir que placas nos locais mais perigosos, como piscinas, lagos, praias e cachoeiras, advertissem as pessoas sobre a profundidade das águas. Outra forma de prevenção seria a obrigatoriedade da presença, nos pontos mais freqüentados, de salva-vidas e socorristas treinados e equipados para lidar com tais situações, pois sabemos que um socorro mal prestado pode comprometer em definitivo a saúde neurológica de um acidentado. É preciso, ainda, estimular a criação de unidades especializadas em todo o Brasil, numa tentativa de encurtar o tempo decorrente entre o acidente e o atendimento adequado.

            Porém, estou convicto de que o ponto central de toda essa questão da prevenção é a educação dos jovens. Dados estatísticos revelam que mais de 90% dos acidentados por mergulho são homens, com a faixa etária variando entre 15 e 30 anos. É preciso implementar campanhas maciças destinadas e esse público-alvo, principalmente nos meses de verão, quando a ocorrência desses eventos cresce assustadoramente. Quero salientar que a educação das crianças e dos jovens nas escolas quanto às técnicas mais seguras de mergulho e aos perigos do mergulho de cabeça tiveram resultados positivos em países como Austrália e Canadá. Por isso, iniciativas como a campanha “Cuidado ao Mergulhar”, desenvolvida em São Paulo, devem ser reproduzidas em todas as áreas do País em que se concentram os acidentes de mergulho.

            O trabalho que se apresenta não será fácil. No entanto, sei que conto com o apoio dos nobres Senadores para as propostas que apresentarei para extirpar, ao menos em parte, esse mal de nossas vidas.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2003 - Página 7064